Como entender uma frase usando a Metacognição (Passo 2)
Quantas vezes já nos deparamos com a situação de que ao estudar algo nos deparamos com um texto que é como se fosse grego para nós? Ficamos até sem saber por onde começar. Na semana passada começamos a mostrar, de uma maneira bem prática e passo a passo, como entender um frase usando a metacognição. Naquele post enfatisamos a relação entre compreensão e linguagem. Se você não entende as palavras, não pode entender a frase! Hoje vamos trabalhar com outro aspecto – a lógica da frase. Isto é; como ela se organiza e que perguntas você deve fazer quando ficar difícil entender. E isto é usar sua metacognição agora dirigindo-a para a lógica da frase. Apenas para lembrar o que já foi dito na semana passada – Usar a metacognição é então perguntar-se sobre:
- O que você sabe sobre o assunto,
- o que naõ sabe e precisa saber e,
- o que fazer para saber o que você decidiu que precisa!
Segundo passo: A lógica.
Considere a frase da semana passada: “Na Idade Moderna, a partir do séc XIII, na Europa, há uma volta às influências greco-romanas.” Já vimos que não entender as palavras te impede de entender a frase. Mas isto não é suficiente. Entenda que uma frase não é um mero conjunto de palavras, mas uma maneira de comunicar idéias. Por isto entender a frase significa em primeiro lugar identificar as idéias nela contidas. E isto é função da lógica.
A lógica da frase:
? Qual a intenção da frase ?
Para analisar a frase comece perguntando sobre o que faz a frase. Ela solicita uma ação sua (Leia este livro!)? Ou expressa uma dúvida (Você leu o livro?)? No caso da frase acima você pode perceber que ela faz uma afirmativa. Diz que “Na Idade Moderna,…romanas.”. E por que isto é importante? Importa porque saber o que solicita a frase te permite tomar uma posição. Se pede uma ação, você pode decidir se age ou não. Se pergunta você escolhe responder ou não. E no caso da nossa frase, cabe a você decidir se a aceita como verdadeira ou não ou ainda, passada esta etapa, se vale a pena memorizar a afirmativa, como no caso de você estar estudando aquele tema.
? O que diz a frase ?
Descobrir a intenção da frase é perebê-la no sentido amplo. Cabe agora realizar sua análise, isto é, separá-la nas suas partes componentes. Já sabemos que ela afirma que “Na Idade Moderna, a partir do séc XIII, na Europa, há uma volta às influências greco-romanas.” Perceba que nesta frase há uma idéia principal, que se apresenta junto com outras que tem por função apenas colaborar na sua contextualização . E assim qual é a ideia principal? Na frase existe apenas uma afirmativa central: “há uma volta às influências greco-romanas.” Note que se eu retirar esta parte da frase, ela perde completamente o sentido: “Na Idade Moderna, a partir do séc XIII, na Europa…”. Você percebe que ao ler este pedaço de frase não dá para saber nada? Ao contrário, se leio apenas “há uma volta às influências greco-romanas.”, posso até sentir falta de algo mais. No entanto alguma idéia eu tenho do que está sendo dito.
? Os complementos da idéia: Quando e onde?
Ao falar da volta da influências greco-romanas, a frase me informa deste retorno. Até aí tudo bem, mas de imediato me vem a mente perguntas para complementar o entendimento do que é dito. Posso me perguntar – Quando ocorreu esta volta? e então outra parte da frase vem em resposta: “Na Idade Moderna, a partir do séc XIII…“. Isto é, a frase determinou precisamente a época da ocorrência, e agora parte da dúvida se esclareceu, aumentado assim minha compreensão sobre o que é dito. Prosseguindo, a pergunta seguinte poderia ser – Onde ocorreu esta volta? E aí é só atentar para o restante da frase: “…na Europa…”
? Concluindo:
Ao final deste post agora já podemos dizer algo sobre a frase:
- É uma frase afirmativa: Portanto me cabe decidir se a aceito ou nõ; se a memorizo ou não.
- Afirma que: Há uma volta às influências greco-romanas.
- Diz quando ocorreu: Na Idade Moderna, a partir do séc XIII.
- Diz onde ocorreu: Na Europa.
Pode ser que agora você esteja se perguntando, se vale a pena ter tanto trabalho para uma frase tão simples como esta. E neste caso, eu diria que não. Mas aqui usei esta frase exatamente por causa da simplicidade, já que assim ela se tornou muito didática, facilitando minha explicação. Em circunstâncias normais, a maioria das pessoas passaria por ela sem maiores preocupações. No entanto, quando estamos estudando sériamente um assunto, tendemos a nos deparar com trechos de maior dificuldade. É nestes momentos que a técnica que propomos pode ser de grande valia. Generalizando então, vimos hoje que para analisar um frase do ponto de vista de sua lógica, é necessário usar sua metacognição para:
- Explicitar a intenção da frase, tomando as decisões pertinentes.
- Identificar a idéia principal da frase.
- Contextualizar esta idéia em função dos seus complementos.(*)
Terminada a observação mais externa (linguagem e lógica) da frase, podemos então dedicarmo-nos à parte que mais interessa: o seu conteúdo específico. Mas isto é assunto para a próxima semana.
Você tem algo a dizer ? Quer ampliar o debate ? Comentários são bem vindos.
Você tem alguma dúvida ou pergunta? Deixe sua questão no campo de comentários !
(*) Neste post os complementos à idéia central forma apenas “que?” e “quando?”. Mas outros advérbios podem ser chave heurística para a análise, por exemplo: como, por que e para que. Para saber mais sobre esta classe de palavras leia o texto de Sbrogio. Ou então para ler um poema sobre o tema acesso o blog do Aranha.
Leia também:
Como entender uma frase usando a Metacognição (Passo 1)
Como entender uma frase usando a Metacognição (Passo 3)
Como ler melhor c/ metacognição-concentração e memorização: Dicas para antes da leitura
Como ler melhor c/ metacognição-concentração e memorização: Dicas para aplicar durante a leitura
Estratégias para desenvolver a metacognição e a compreensão de textos teóricos na Universidade
No post “Construtivismo: Metacognição e Aprendizagem” discutimos com um enfoque mais teórico, vários aspectos aspectos da metacognição na perspectiva de como ela pode ajudar a aprendizagem. Também temos publicado seguidos posts sobre o tema metacognição.
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