Para aprender CHAME ATENÇÃO!
Continuamos hoje com série de posts contendo extratos do artigo “Improving Students’ Learning With Effective Learning Techniques: Promising Directions From Cognitive and Educational Psychology” escrito por Dunlosky e colaboradores.
Na semana passada trabalhamos a estratégia “Resumir”. Hoje apresentamos duas que são quase idênticas; “Enfatizar” e “Sublinhar”. Na primeira o estudante cobre a palavra ou o texto que considera importantescom alguma cor, no sublinhar e ele faz o mesmo com estas partes do texto só que como é óbvio, sublinhado.
4 Sublinhar e Enfatizar
Tratamos essas técnicas como equivalentes, uma vez que, conceitualmente, eles devem trabalhar da mesma forma (e pelo menos um estudo não encontrou diferenças entre elas; Fowler & Barker, 1974)
Estas técnicas normalmente são sedutoras para os estudantes porque são simples de usar, não implicam em treinamento prévio, e não exigem que os alunos invistam muito tempo além daquele já exigido para a leitura do material.
A pergunta que fazemos aqui é: Será que esta técnica tão fácil de usar, na verdade, ajuda os alunos a aprender?
4.1 Descrição geral de Enfatizar e sublinhar e por que eles deveriam funcionar.
Em um estudo exemplar, os alunos foram divididos em três grupos: um grupo controle, em que apenas leu os artigos, um grupo que enfatizou ativamente ( escolha autônoma dos trechos que foram enfatizados), e outro grupo cuja ênfase era passiva (ler textos que foram enfatizados préviamente pelos participantes do grupo ênfase ativa).
Em geral, os grupos de ênfase não superaram o grupo controle no teste final, um resultado que foi, infelizmente, ecoado em grande parte da literatura (por exemplo, Hoon, 1974; Idstein & Jenkins, 1972; Stordahl & Christensen, 1956).
Entretanto análise mais detalhada do desempenho dos dois grupos que enfatizaram permitiu perceber os efeitos desta técnica no processamento cognitivo. Em primeiro lugar, dentro do grupo ênfase ativa, o desempenho foi melhor em itens de teste para que o texto em causa tinham sido enfatizados (ver Blanchard & Mikkelson, 1987; LL Johnson, 1988 para resultados semelhantes). Em segundo lugar, este benefício para a informação enfatizada foi maior para os que enfatizaram ativamente (que selecionaram o que enfatizar) do que para os passivos (que viram a mesma informação porém enfatizada, mas não a selecionaram). Em terceiro lugar, esta vantagem para informações enfatizadas foi acompanhada por um pequeno custo em perguntas do teste de sondagem a informação que não tinha sido destacada.
Para explicar tais achados, os pesquisadores muitas vezes apontam para um fenômeno cognitivo básico conhecido como o efeito de isolamento, em que um item semântica ou fonologicamente único em uma lista é muito mais lembrado do que suas contrapartes menos distintas.
A analogia para o Enfatizar é que a ênfase, o sublinhado ou frase em letras maiúsculas vai fazer “saltar” do texto algumas partes em comparação com as outras que não tiveram este destaque. Consistente com esta expectativa, certo número de estudos demonstrou que a leitura de texto marcado promove posterior memorização para o material marcado. Os alunos são mais susceptíveis de se lembrar de coisas que o experimentador enfatizou ou sublinhou no texto.
Selecionar ativamente informações deve beneficiar mais a memória do que a simples leitura do texto marcado (dado que aquela seria potencializada especificamente pela criação de conteúdo ao “extrair” do texto suas partes mais relevantes – SLAME?KA & Graf, 1978, de modo mais geral decorrente do processamento ativo necessário para tal, Faw & Waller, 1976). O texto marcado chama a atenção do leitor, mas processamento adicional é exigido se o leitor tem que decidir qual material é mais importante. Tais decisões requerem do leitor pensar sobre o significado do texto e como suas peças diferentes se relacionam entre si (ou seja, o processamento organizacional; Hunt & Worthen, 2006). No experimento de Fowler e Barker (1974), este benefício se refletiu em maior vantagem para o grupo da ênfase ativa sobre os receptores passivos do mesmo texto destacado. No entanto, esta vantagem nem sempre se apresenta quando o material enfatizado o foi não por outros alunos, mas pelos pesquisadores.Para aprender, oO material enfatizado pelos alunos nem sempre é melhor do que aquele que já foi destacado por um experimentador (por exemplo, Nist & Hogrebe, 1987), provavelmente porque os experimentadores geralmente são mais competentes do que alunos em enfatizar as partes mais importantes de um texto.
A qualidade da ênfase é provavelmente crucial para sua eficiência no aprendizado (por exemplo, Wollen, Cone, Britcher, & Mindemann, 1985), mas, infelizmente, muitos estudos não continham qualquer medida da quantidade ou a pertinência ênfase dos alunos.
Enfatizar em excesso provavelmente traz múltiplas consequências. Primeiro, reduz o grau em que o texto marcado se destaca do resto, e como foi dito, as pessoas têm menos probabilidade de se lembrar de texto marcado que não é distintiva (Lorch, Lorch, & Klusewitz, 1995). Em segundo lugar, provavelmente o processamento para marcar um monte de texto é menor que o de enfatizar apenas os detalhes mais importantes. Consistente com esta última ideia, os benefícios de enfatizar podem ser mais propensos a serem observados quando experimentadores impõem limites explícitos sobre a quantidade de texto que os alunos estão autorizados a marcar.
4.2 Como em geral são os efeitos de ênfase e sublinhado?
A maioria dos estudos não mostrou nenhum benefício de Enfatizar (pelo menos como esta técnica é normalmente usada) para além do benefício de simplesmente ler. E porque a pesquisa em ênfase não foi particularmente encorajadora, poucas investigações têm avaliado sistematicamente os fatores que podem moderar a eficácia da técnica. Por isto não incluímos neste tópico a seção 4.2a – Condições de Aprendizagem, dada a falta de evidências relevantes .
4.2b – Características dos alunos.
O conhecimento prévio é importante. A alunos com pouco conhecimento de um tópico tende a ter dificuldades em discriminar as partes de um texto eram mais importante das menos relevantes (e, portanto, se beneficiariam menos da ênfase ativa do que os alunos de maior conhecimento ).
Outra possibilidade interessante, vem de um estudo em que pesquisadores utilizaram premiação para estimular os participantes. Comparado com um grupo controle sem premiação, o primeiro teve um desempenho melhor. Parece, portanto que alguns alunos podem ter a capacidade de enfatizar de forma eficaz, mas nem sempre o fazem.
4.2c Materiais.
Enfatizar foi ineficaz, independentemente do comprimento do texto. Ao estudar o grau de dificuldade do texto, observou-se melhor desempenho no grupo de ênfase em relação ao controle, quando o texto era mais difícil do que quando era fácil.
4.2d – Critério da tarefa.
Talvez mais preocupante são os resultados de um estudo que sugeriu que sublinhado pode ser prejudicial para a capacidade mais tarde para fazer inferências. Estes resultados requer a replicação e extensão, mas uma possível explicação para isso é que o sublinhado padrão chama a atenção mais aos conceitos individuais (com suporte para memória para fatos) do que para conexões através conceitos (como exigido pelas questões de inferência).
Em consonância com essa idéia, em outro estudo, alunos que sublinharam supondo que o teste final seria em um formato de múltipla escolha pontuaram mais do que os que supunham que fosse em no formato de respostas abertas (Kulhavy, Dyer, & Silver, 1975). Isto se mostrou verdadeiro, independentemente do formato real das questões no teste definitivo. Em testes de múltipla escolha, os alunos tem mais segurança do tipo de informação que será solicitada. E neste caso a enfatizar uma dada informação se alinha mais naturalmente com este tipo de teste. Já com os de resposta aberta, alunos tendo mais dificuldade sobre a informação a ser solicitada terão portanto também mais dificuldade em identificar o que deve ser sublinhado.
4.3 Efeitos em contextos educativos representativas.
Estudos em sala de aula têm examinado se marcações fornecidas pelo instrutor afetam o desempenho em exames. Notas dos exames em itens relacionados com conceitos importantes foram maiores quando estas declarações foram sublinhadas em vermelho. Interessante ainda, é que os alunos que haviam recebido textos previamente sublinhados também obtiveram melhor desempenho no exame em questões que demandavam respostas baseadas em informação não sublinhada, mas que se localizava em frases adjacentes àquelas sublinhadas.
No entanto, não está claro se isto é transferível à situações em que os alunos estejam no comando de suas próprias ênfases, já que poderiam marcar mais que o necessário, e, portanto, mostrar menos discriminação entre informações importantes e triviais.
4.4 Questões para implementação.
Os alunos já estão familiarizados com e espontaneamente adotar a técnica de realce, o problema é que a maneira como a técnica é geralmente implementada não é eficaz. Uma possibilidade que deve ser explorada é se os alunos poderiam ser treinados para Enfatizar de forma mais eficaz.
Dado o entusiasmo dos alunos para Enfatizar e sublinhar (talvez entusiasmo excessivo, vez que eles nem sempre usam a técnica corretamente), descobrir maneiras à prova de falhas para assegurar que esta técnica seja utilizada de forma eficaz pode ser mais fácil do que convencer os estudantes a abandoná-la totalmente em favor de outras técnicas.
4.5 Enfatizar e sublinhar: avaliação geral.
Com base nas evidências disponíveis, avaliamos Enfatizar e sublinhar como tendo baixa utilidade.
Ela pode ajudar quando os estudantes têm o conhecimento necessário para Enfatizar de forma mais eficaz, ou quando os textos são difíceis, mas pode realmente prejudicar o desempenho em tarefas de nível superior que exigem realização de inferência. Pesquisas futuras devem ser destinadas a ensinar os alunos a Enfatizar
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