Aprendizado ao longo da vida: uma necessidade humana
por Luciana Lima A. da Veiga
A aprendizagem ao longo da vida tem sido amplamente discutida, principalmente nos países da União Europeia (UE). Muitos fóruns na Europa têm sido realizados a fim de propor e implantar soluções no sentido de promover por meio da educação formal, uma alternativa eficiente para esse processo constante e necessário para o desenvolvimento humano.
Mas pensar no adulto como aprendiz ao longo de sua vida nem sempre foi uma realidade. Geralmente se privilegiou o ensino para as crianças, e muitas pesquisas foram direcionadas para o desenvolvimento infantil, corroborando com a visão tradicional de inteligência, a qual é entendida como uma capacidade única, inata e geral, portanto, que possuem as mesmas características para todos os indivíduos em diferentes níveis. Desta forma, o mundo de descobertas produzidos na infância para o desenvolvimento de diversas habilidades, ao longo dos anos de vida das pessoas vão sendo esquecidos, e parece não ser mais necessário aprender, como se chegássemos a um status de expert, no qual já tivéssemos desenvolvido tudo que poderíamos, e que a fase adulta é para descansar em relação as experiências de aprendizado.
Mas engana-se quem pensa assim! Ser um aprendiz durante toda a vida é uma característica dos seres humanos, e por isto não se justifica essa visão centrada apenas para o desenvolvimento das habilidades cognitivas das crianças. O educador Guy Claxton, ex-diretor do Programa de Pesquisa sobre Cultura e Aprendizagem da Universidade de Bristol (Inglaterra) em seu livro “O desafio de aprender ao longo da vida”, diz que estar vivo é estar aprendendo e a aprendizagem não é algo que se faz de vez em quando, em momentos ou locais especiais, ou mesmo deliberadamente, quando se tem vontade. Aprender faz parte da natureza humana, é uma característica antiquíssima que nos acompanha enquanto espécie. Claxton defende a ideia de que há diferentes maneiras de adquirir conhecimento e de que a sociedade atual, por meio do reforço e da institucionalização de uma forma particular de aprendizagem, pode estar prejudicando mais do que ajudando as pessoas a aprender (e os professores a ensinar).
Portanto, temos que nos considerar um eterno aprendiz, principalmente nos dias atuais, onde a palavra-chave é inovação. Prova disso é quando vemos avós e avôs manipulando um smartphone, por exemplo, não nos surpreendemos, passou a ser algo natural, mas que até pouco tempo atrás, tratava-se de uma tecnologia exclusiva de pessoas mais jovens, mas que na atual conjetura se faz como uma necessidade.
De acordo com Brian Tracy em seu site (BRIAN TRACY INTERNATIONAL), ele relata que o segredo para aprender uma nova habilidade e criar aprendizagem ao longo da vida é acreditar em você mesmo, na sua potencialidade e principalmente na sua capacidade de conseguir ir além do estágio em que você se encontra atualmente.
Outro ponto importante é ter em mente que ninguém aprende igual a ninguém. Cada um possui suas particularidades, e é por isso que é importante que você se auto conheça e entenda qual o seu sentido dominante de aprendizagem. Desta forma você será capaz de aumentar o seu potencial de aprendizagem e absorver mais informações para aprender as habilidades que deseja.
Brian Tracy relata que existem três tipos diferentes de educação que podemos adquirir, de forma deliberada e aleatória: 1. O aprendizado de manutenção; 2. O aprendizado do crescimento; 3. A aprendizagem de choque.
No aprendizado de manutenção a pessoa apenas se mantêm atualizado naquilo que ela já sabe. Ao contrário do que se imagina, ao ler um livro, um blog ou boletim sobre um assunto de sua especialidade, não indica que você está aumentando sua educação, é um aprendizado absolutamente essencial, mas apenas significa que você está se mantendo atualizado. É semelhante ao exercício físico leve que o mantém em um determinado nível de aptidão física. Não aumentará o seu nível de aptidão ou melhorará o seu condicionamento de qualquer forma, mas irá mantê-lo em forma.
A aprendizagem do crescimento é aquela que adiciona conhecimento e habilidades ao repertório que você não tinha antes. Este tipo de aprendizagem ajuda você a expandir sua mente, pois permite adquirir informações que não possuía antes, e que você possa fazer coisas que não poderia fazer anteriormente. Atualmente temos muitos pensadores no mundo produzindo alguns dos melhores materiais e idéias que você pode usar para uma educação contínua e que pode servir para ajudá-lo a expandir sua mente.
Já na aprendizagem de choque o aprendizado ocorre quando há uma situação ou algo que que contradiz ou reverte um conhecimento ou compreensão que você já possuía. Este tipo de aprendizado pode ser extremamente valioso se você souber se aproveitar disto. Muitas ideias e inovações surgem desse tipo de aprendizado. Algumas empresas têm obtido sucesso com situações ou falhas inesperadas. Estes “cases” que contrariam as expectativas previamente estabelecidas, servem de exemplos para alavancar resultados positivos. Nesse sentido, o “choque” promovido pela situação pode dar-lhe informações que permitam que você aproveite uma grande mudança para melhorar o seu conhecimento. Infelizmente, a maioria das pessoas são escravas do hábito. Quando acontece algo que é completamente inesperado, elas optam por ignorá-lo, e não aproveitar o conhecimento que pode ser alavancado por esta situação, ficando com a informação antiga, na famosa zona de conforto.
Portanto, não tenha medo da mudança. Sempre mude e se adapte, isso lhe fará diferente, mas quase sempre para melhor. Escolher aprender ao longo da vida é uma das poucas boas escolhas que pode fazer uma grande diferença em nossas vidas, dando-nos uma enorme vantagem quando praticada durante um longo período de tempo.
Então podemos dizer que aprender se aprende! Nesse sentido muitos especialistas no assunto têm alertado a importância de professores promover em suas aulas atividades que façam com que o aluno pense sobre seu próprio processos de aprendizagem e exercite a sua capacidade de aprender. Afinal, os alunos devem entender que precisam estar sempre aprendendo, e que mesmo após a fase escolar, eles devem continuar a serem aprendizes, como a música do nosso querido Gonzaguinha: “Viver e não ter a vergonha de ser feliz Cantar… (E cantar e cantar…) A beleza de ser um eterno aprendiz”.
“São três as maneiras para aprender a sabedoria: Primeira, por reflexão, que é a mais nobre; segunda: pela imitação, que é a mais fácil; e a terceira pela experiência, que é a mais amarga.” CONFUCIO
Se quiser saber um pouco mais sobre o assunto consulte os links abaixo:
BRIAN TRACY INTERNATIONAL: The Secret To Learning A New Skill And Creating Lifelong Learning. Disponível em: https://www.briantracy.com/
BRIAN TRACY INTERNATIONAL: Discover The Importance Of Lifelong Learning.Disponível em: https://www.briantracy.com/
CIÊNCIA HOJE: Outras vias do aprendizado. Disponível em: http://www.cienciahoje.
ERYDICE: Adults in Formal Education: Policies and Practice in Europe. Brussels: Education, Audiovisual and Culture Executive Agency, 2011. Disponível em: http://eacea.ec.europa.eu/
FARNAN STREET: Lifelong Learning. Disponível em: https://www.farnamstreetblog.
Luciana Lima de Albuquerque da Veiga
Doutoranda em Educação em Ciências e Saúde
Núcleo de Tecnologia para a Saúde (NUTES)
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Prof. Mauricio A. P. Peixoto
Doutor em Medicina, FM – UFRJ
Professor Associado do Laboratório de Currículo e Ensino
Núcleo de Tecnologia para a Saúde (NUTES)
Universidade Federal do Rio de Janeiro