Aprenda mais rápido com a Técnica de Feynman
O vídeo abaixo mostra uma técnica de estudo que me parece bastante eficiente. Você verá ainda como a Metacognição tem um papel muito importante no processo.
A Metacognição, como já apresentada em outros posts é um discurso sobre a sua cognição. Desenvolvendo-a você pode gerenciar melhor sua aprendizagem.
Como todo o vídeo está em inglês, abaixo apresento um relato do que é dito. Note que não é uma tradução, mas uma explicação do seu conteúdo. E ao final faço algumas considerações pessoais sobre o conteúdo.
Richard Feynman
Richard P. Feynman (1918-1988), foi um cientista, professor, contador de histórias e músico. Em 1965 recebeu o Prêmio Nobel de Física.
Conta-se que costumava ir ao Departamento de Matemática e desafiar qualquer um que lá estivesse à explicar-lhe um assunto qualquer de sua especialidade. Ele afirmava que fosse qual fosse o assunto e por mais difícil que parecesse, ele entenderia desde que fosse explicado com palavras simples.
Você pode pensar que isto acontecia porque Feynman era um gênio. Isto é verdade, mas Scott Young, o autor deste vídeo afirma que qualquer um pode aprender qualquer coisa usando esta técnica. Bem vamos a ela, e veja se é útil para você.
A Técnica de Feyman
Para que serve?
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Para ajudar a entender idéias nas quais você tem dificuldade em compreender.
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Para aumentar a memorização de de idéias que você até compreende, mas tem dificuldade de memorizá-las para a prova.
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Para rever o asunto antes da prova.
Passo 1 – Escolha o conceito
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Pegue uma folha de papel em branco: Ela será a “lousa” onde você vai trabalhar. Ao final da técnica ele provavelmente estará completamente cheia de suas explicações e diagramas.
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Escolha o conceito com que você vai trabalhar.
Escreva este conceito no alto da folha como um título. -
Pronto! Terminou o passo 1: Parece simples, mas note que ao escolher e escrever, você focou precisamente naquilo que te interessava. Este foco é importante, na medida em que simultâneamente te dirige para o que você quer e te afasta ddaquilo que não te interessa (no momento). Mais que isto, te faz agir: Você precisa pensar, escolher, decidir e escrever. É grande o efeito disto na sua memória.
Passo 2 – Imagine-se como Professor
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Agora use a folha como uma lousa e explique para você mesmo o assunto.
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Mas faça isto como se estivesse explicando o assunto para alguém que não sabe nada.
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Note que a medida que vai explicando, você vai escrevendo e desenhando sobre a folha de papel.
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É muito importante que você explique tanto as idéias já compreendidas como também aquelas ainda confusas para você.
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Note que ao fazer isto você está não apenas clarificando as idéias, mas identificando precisamente aquilo que sabe e o que ainda precisa aprender.
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Se perceber que alguma coisa está confusa, tente simplificar a linguagem ao máximo. Use exemplos comuns, palavras de uso cotidiano.
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Uma alternativa sempre bem vinda é construir analogias. A ciência sempre usou isto. Por exemplo ao expicar a lei dos gases ela usa a mesa de sinuca. Aumentar a pressão é como botar muitas bolas na mesa. E com muitas bolas os choques são em maior quantidade, assim como as moléculas. É por isto que ao aumentar a pressão aumenta também a temperatura. Simples, não?
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Sempre que parar em algum ponto mais difícil, vá ao livro, professor ou colega. Reaprenda este conceito até que possa explicá-lo com clareza.
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Retorne ao seu papel e termine a explicação.
Como usar a técnica
Para compreender idéias
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No caso da Matemática, um pouco na Física e em outras matérias técnicas o importante é compreender o passo a passo dos procedimentos.
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Nas matérias de humanidades, importa compreender as relações e compilar grandes conjuntos de fatos em um único cenário.
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Por isto passe por todas as etapas da explicação lentamente, para perceber exata e precisamente aquilo que não entendeu de modo a buscar no livro ou professor um auxílio dirigido específicamente àquilo que é necessário.
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Para aumentar a memorização para as provas
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Aqui você também passa por todas as etapas da explicação.
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Mas a ênfase é nas melhores analogias e palavras simples que exprimem os conceitos. Óbvio que na prova você dará preferência aos termos técnicos. As palavras simples e analogias, são uma ferramenta para a sua compreensão, não para a redação das usa respostas na prova. Só as utilize com muito critério e em casos excepcionais.
Para a revisão antes das provas
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De nôvo também passar por todas as etapas da explicação.
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O detalhe é que esta passagem é feita SEM recorrer aos livros e professor.
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É uma boa técnica para sua auto-avaliação.
Minha avaliação
É uma boa técnica de estudo? Acho que sim. Deve ser usada? Com certeza. Mas como tudo na vida tem limites e benefícios.
Seus limites
Não serve para tudo. Sua competência está no estudo/compreensão de idéias. Não lida com resolução de problemas (frequente em Matemática, Física ou Direito). Não serve para interpretar fatos e/ou teorias, uma habilidade que vem sendo cada vez mais solicitada.
É uma técnica que pressupõe um conteúdo relativamente estático a ser aprendido, e que será cobrado na prova de uma maneira mais ou menos similar à que foi apresentada.
É claro que te ajuda a compreender idéias, e isto é bom. Mas nos casos em que a demanda é pelo pensamento crítico e avaliação de conceitos, a compreensão é apenas uma das etapas iniciais.
Este é um limite que o aluno deve ter em mente quando decidir-se por ela. A técnica tem indicações precisas, que quando respeitadas podem trazer bons resultados. Ou ao contrário, levar ao insucesso quando mal aplicada. E por isto o sucesso depende do discernimento do aluno ao escolhê-la.
Seus benefícios
Se usada apenas da forma explicada pelo vídeo, é interessante nos casos do ensino mais tradicional e em alguns concursos. Nestes casos o conteúdo é bem definido, e a cobrança privilegia sua reprodução.
Há ainda outra área que é benéfica; como procedimento de aplicação dos conceitos metacognitivos. Você pode usá-la atento ao seu processo de pensamento. Com isto simultâneamente o seu aprendizado se faz melhor e o nivel de conhecimento metacognitivo aumenta. E este aumento facilita o gerenciamento da sua aprendizagem, criando assim um circulo “beneficioso”, uma etapa ajudando a seguinte e esta a anterior.
Mas como usar para desenvolver a metacognição? Eu explico.
A metacognição é a consciênca dos seus processos cognitivos e o uso deste conhecimento para gerenciar sua aprendizagem. Assim note o que acontece na técnica.
No passo 1 você escolhe, seleciona e decide por um conceito. Neste caso preste atenção em como você faz isto. Em cada uma destas ações você estará aprendendo mais sobre você e atribuindo mais significado ao que aprende. Saber para que usará o conceito, te dará mais motivação para o estudo e aumentará sua memorização.
No passo 2 você explica. E para isto você precisa resgatar conhecimentos anteriores e, relacioná-los aos atuais. Precisa também traduzir estas idéias em palavras. Ao simplificar e ao inventar analogias vai à essência do conteúdo. Todas estas são operações mentais no domínio da metacognição. Dominá-las, de nôvo, aumenta sua motivação, compreensão e memorização. Mas também e novamente, aumenta sua competência em lidar com outros assuntos. Além do mais, ao exercitar tudo isto, você também está exercitando habilidades que serão úteis na prova.
Por isto sugiro que ao usá-la não se prenda apenas à técnica, mas amplie o seu significado. Como a ponta de um iceberg, o visível é apenas parte do todo. E lá como aqui a sua menor parte. Fui claro?
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