O que é Psicologia Diferencial?
A psicologia diferencial investiga o papel das diferenças individuais tais como inteligência, estilos cognitivos, e personalidade no comportamento humano ( Jonassem & Grabowisky: Handbook of Individual Diffferences,Learning and Instruction, 1993)
Em nosso trabalho na Officina da Mente esta definição faz parte do dia a dia, porque lidamos com pessoas que precisam tornar mais eficientes os seus processos de aprendizagem. são alunos de escolas, faculdades e cursos de concurso. Vemos que a maior parte delas não consegue aprender com a eficiência necessária, principalmente porque não sabe estudar. Frequentemente na escola os professores ensinam conteúdos, mas dão muito pouca atenção ao modo de aprendê-los. E coimo conseqüência, as pessoastentam aprender como podem e como vêem os outros fazer. Em alguns casos, copiar os comportamentos de sucesso dá certo, mas em outros não.
E é exatamente a psicologia diferencial que nos explica porque isto nem sempre dá certo. Olhe à sua volta e observe as pessoas em suas atividades diárias. Você perceberá como são diferentes entre si. Uns altos, outros magros; uns comunicativos outros mais fechados. Os gostos variam, a forma de vestir também. Mesmo quando faazem as mesmas tarefas, cada um tem um jeito particular de completá-las. Uns gostam de fazer logo tudo, e só param quando terminam completamente a tarefa. Outros preferem completá-la aos poucos.
Por quê então com o estudo deveria ser diferente?
A Psicologia Diferencial estuda as diferenças individuais no processo de aprendizagem. Isto é, as pessoas são diferentes entre sí em vários aspectos inclusive na hora de aprender. Vamos à alguns exemplos:
-
João estuda muito pouco em casa, mas sempre tira notas boas. Se você observar atentamente, talvez perceba que em sala de aula ele presta MUITA atenção. Se perguntar com cuidado, talvez descubra que depois da aula êle costuma repassar a aula mentalmente.
-
José quase nunca presta atenção em aula, mas também tira boas notas. Observando-o atentamente, você talvez perceba que embora a maior parte do tempo ele fique desatento há momentos na aula em que para e faz pequenas anotações no caderno para logo após voltar a conversar. Para usar uma expressão popular – “Um olho no padre, outro na missa”. Se perguntar com cuidado, talvez descubra que ao chegar em casa êle se tranca no quarto por algumas horas e senta para estudar.
-
Roberto não faz nada disto, mas como os outros tira boas notas. Está sempre conversando, inclusve com os professores. Novamente uma obsevação atenta, talvez revele que ele pergunta muito, e suas em conversas pergunta muito. Nos intervalos das aulas, parece que está apenas batendo papo com os professores ou alguns amigos, mas se você escutar ele (pelo menos algumas vêzes) está perguntando e discutindo assuntos de estudo.
Nestes casos, você pôde perceber três formas diferentes de aprender. João é auditivo, aprende “de ouvido”; repete em sua mente o que ouvu em aula. José é mais lógico, identifica os pontos relevantes da aula e os anota. Em casa desenvolve-os individualmente. Roberto é mais interpessoal, aprende no contato com as pessoas.
Este é o campo da Psicologia Diferencial. A metáfora geográfica nos ajuda a perceber os seus objetivos. Psicólogos diferenciais desejam “mapear” a mente humana, no que se refere aos processos cognitivos. Este “mapa” permitiria descrever a “paisagem” cognitiva de uma pessoa, discriminando-a de todas as outras.
A idéia é descrever o aprendizado humano em termos de traços, habilidades e intensidade. Traço refere-se à uma característica abragente do indivíduo. Algo que se expressa ao longo de várias atividades, mantendo-se relativamente constante. Já a habilidade é mais específica. É algo que o indivíduo expressa na ação, é uma maneira de fazer algo. A pessoa faz determinadas coisas com muita facilidade e outras nem tanto. Neste sentido, a habilidade está relacinanada ao traço. Isto é, na metáfora geográfica a habilidade refere-se à maior ou menor facilidade com que um dado indivíduo executa uma ação, esta modulada pelo traço. O traço, ao contrário está igualmente presente em todas as atividades, em maior ou menor intensidade conforme o grau de habilidade do indivíduo naquela ação em particular . Finalmente, traços e habilidades se expressam com diferentes intensidades em cada um. Assim é que o conjunto de traços e habilidade em suas difrentes intensidades, combinados de forma específica torna os idndivíduos diferentes entre si.
Se você olhar o mapa acima, você verá uma representação tridimensional desta idéia. Perceba que ele é formado por “picos” e “vales”. Um “pico” representa a presença de um dado traço e o “vale” a sua ausência. Isto quer dizer que os traços são entendidos como uma grandeza unipolar. Isto é, ou você tem ou você não tem, e entre estes dois extremos podem haver vários valores intermediários do traço (muito, pouco, mais ou menos, etc.). A habilidade é maior ou menor ao colocar em ação aquele traço. Finalmente a intensidade mostra o quão “altos” ou “baixos” são os “picos” e “vales”, procurando dimensionar a importância de um traço específico em relação a todos os outros presentes em um dado indivíduo.
Neste momento não dá para aprofundar mais o conceito de traço e habilidade, o que faremos em posts futuros, demandaria mais espaço que o cabível aqui. No entanto dá ilustrar.
Habilidade é o mais fácil . Você conhece pessoas que são muito hábeis em algumas coisas. Um é bom pintor, outra conserta coisas com facilidade, outro tem sempre uma piada, ou ainda é capaz de resolver rápidamente problemas diversos. Hábil é quem faz bem algo. Mas note que talvez o bom pintor seja uma negação para contar piadas, ou o piadista jamais consiga consertar algo. Assim é que a habilidade é específica. Você desenha bem, mas não consegue fritar um ôvo.
Traço tem mais a ver com o “jeitão” da pessoa. Um indivíduo é agitado, outro alegre, alguns são muito educados, outros ainda circunspectos. Note que a agitação, a alegria e outras características do tipo não são específicas à um contexto particular. Elas se expressam em todas as situações da vida da pessoa. É claro que o ambiente modula um pouco estas características. O indivíduo agitado pula e berra em um jogo de futebol, mas fica mais contido em um velório. Mas note que embora mais “parado” , é ainda agitado se comparado com outros no mesmo velório que não tem aquela característica.
Uma observção: estes dois últimos parágrafos visaram apenas ilustrar os conceitos de habilidade e traço. Do ponto de vista da Psicologia Diferencial, agitação e alegria não são exemplos de traço, assim como a capacidade pintar não é uma habilidade. Aqui fora apresentadados com o único objetivo de facilitar a sua compreensão. Como já disse, isto é tema para outros posts.
Até lá!
Você tem algo a dizer ? Quer ampliar o debate ? Comentários são bem vindos.
Você tem alguma dúvida ou pergunta? Deixe sua questão no campo de comentários !!
Até o momento, a série sobre as inteligências múltiplas assim se apresenta:
Leia também:
O que é Estilo de aprendizagem?
Professores ensinam melhor se respeitam o estilo de aprendizagem dos alunos
Qual é a diferença entre Estratégias e Estilos de Aprendizagem?
Habilidades individuais são a mesma coisa que estilos de aprendizagem?
Pingback: A Inteligência Lógico-Matemática na prática « Blog da Officina (3)
Pingback: Gardner e a Inteligência Lógico-Matemática « Blog da Officina (3)
Pingback: Gardner e a Inteligência Corporal – O que é ? « Blog da Officina da Mente
Pingback: Inteligência e cérebro segundo Gardner « Blog da Officina da Mente
Pingback: Os oito critérios de uma Inteligência para Howard Gardner (Parte 2) « Blog da Officina da Mente
Pingback: O que é inteligência? – O problema da definição. « Blog da Officina da Mente
Pingback: Ciência Cognitiva e a Idéia das Inteligências Múltiplas « Blog da Officina da Mente
Pingback: Introdução à Idéia das Inteligências Múltiplas « Blog da Officina da Mente
Pingback: Inteligência, Teorias e Reificação « Blog da Officina da Mente
Parabéns pelo blog e pela excelência dos artigos aqi postados.
Vou virar visitante e leitor assíduo.
Gostaria de saber como orientar os alunos para detectarem o seu “pico de aprendizagem” ou seja levá-los a perceber o momnto em que a suas mentes estão mais receptivas de modo a favorecer a concentração e a assimilação.
Origado.
Abrçs,
Alaor Carlos