Construtivismo: Metacognição – Conceitos iniciais
Se você vem acompanhando este blog, percebeu que nos últimos meses estivemos percorrendo diferentes autores das variadas escolas de pensamento em educação. Sempre enfatizando os aspectos da aprendizagem, hoje atingimos os metacognitivistas. Porque a metacognição tem aplicações particularmente importantes na prática da Officina da Mente, dedicarei um espaço um pouco maior que o utilizado para as outras escolas.
Aproveitem!
Prof. Mauricio Peixoto
Por requerer que o indivíduo reflita sobre os seus processos mentais, o interesse pelo estudo do papel das estratégias no aprendizado ganhou um importante reforço com uma nova área de investigação psicológica denominada metacognição. Este termo foi introduzido por Flavell, em 1970, para definir o conhecimento sobre os próprios processos e produtos cognitivos. Abrange ainda qualquer forma de monitorização do sistema cognitivo e emocional. O autor distingue dois domínios; o primeiro é o do conhecimento metacognitivo. Isto é, todo o conhecimento que o indivíduo adquiriu sobre si mesmo e sobre variáveis (das pessoas, da tarefa e da estratégia), que podem influenciar os caminhos e resultados de suas ações; fruto das interações que consiga articular. Nas variáveis pessoais agrupam-se todos os conhecimentos ou crenças sobre os seres humanos enquanto organismos cognitivos. Nas variáveis de tarefa situam-se as informações disponíveis para realização e objetivos da tarefa. Finalmente as de estratégia, referem-se aos dados (meios, processos ou ações) que permitirão ao indivíduo realizar uma dada tarefa cognitiva com maior eficácia. Por exemplo: para uma dada tarefa que envolva o estudo de textos, o estudante, que tem conhecimento prévio dos objetivos destes, conhece e usa estratégias de aprendizagem mais eficazes, tem na tarefa melhor desempenho que os demais.
O segundo domínio é o das experiências metacognitivas. Isto é; experiências conscientes cognitivas ou afetivas relacionadas com qualquer um dos aspectos da tarefa. , Tais experiências podem ocorrer em qualquer momento da atividade e estar relacionadas com qualquer das variáveis citadas acima. Temos como exemplo o caso de um estudante que não tendo compreendido o que foi lido, decide reler parte do texto para facilitar sua compreensão, já que em eventos anteriores os resultados foram positivos.
Uma das primeiras definições de metacognição é o conhecimento de nossas cognições, mas atualmente a ênfase é sobre a função auto-reguladora (e não só a cognitiva) da metacognição. Diz-se então que é conhecimento e auto-regulação (Flavell,1993).
Cognição significa qualquer operação mental: percepção, atenção, memorização, leitura, escrita, compreensão, comunicação etc., e portanto, metacognição é o conhecimento de todas estas operações mentais: o que são, como se realizam, quando se usa uma ou outra, que fatores ajudam ou interferem na sua operabilidade. Para referir-se especificamente a cada um destes aspectos fala-se de metamemoria, meta-atenção, metaleitura, metaescrita etc.. A todo este conjunto denomina-se metacognição.
O conhecimento metacognitivo, o monitoramento e a auto-regulação interagem entre si e influenciam nossas atividades cognitivas. Na literatura metacognitiva fala-se de “saber o que” (knowing what) se quer conseguir (objetivos) e “saber como” (knowing how) se consegue (auto-regulação ou estratégias). Esta distinção (o que e como) ressaltam duas dimensões da metacognição: a metacognição como conhecimento das operações mentais e a metacognição como auto regulação. Por esta razão uma função deriva da outra (Ferreira, 1998b).
Bjorklund (1995) considera a metacognição como um aspecto significante para entender as diferenças individuais na inteligência. Os indivíduos mais brilhantes de qualquer idade são os que possuem a função executiva para monitorar seu desempenho na tarefa e a aplicar as técnicas que possuem para resolver um problema. Cita seus próprios estudos e de seus colegas sugerindo que as diferenças na metacognição são a maior causa de diferenças nas estratégias usadas e no treinamento efetivo entre crianças com retardo e sem retardo (Borkowski, Reid, & Kurtz, 1984, citado em Bjorklund), e entre superdotados e não superdotados (Borkowski & Peck,1986, citado em Bjorklund) e entre crianças com inteligência média (Carr, Borkowski, & Maxwell, 1991 e Borkowski & Turner, 1988 citados em Bjorklund) (Ferreira, 1998b).
Na semana que vem continuamos o tema, então discutindo
um pouco das relações entre metacognição e aprendizagem.
Até lá !
Você tem algo a dizer ? Quer ampliar o debate ?
Comentários são bem vindos.
Olá professor…
Gostaria de saber mais sobre John Flavell…
vc tem dicas de onde poderia procurar?
Olá!
Em português você pode começar por “http://www.infopedia.pt/$john-hurley-flavell” . Em inglês ofereço duas url´s “http://en.wikipedia.org/wiki/John_H._Flavell” e “http://www.lifecircles-inc.com/Learningtheories/constructivism/flavell.html”. São todas referências mais simples e se vc não sabe inglês, use o tradutor da Google que “se não é aquela Brastemp” pleo menos ajuda bem.
Abs,
Prof. Mauricio Peixoto