Ler faz mal à saúde!
Porque nos faz parar.
E nos “obriga” a sentir. E a imaginar.
Porque nos co-move. E movimenta.
E nos destranca. E agiganta.
E isso assusta! Porque (em vez de nos tornar conformados ou livres, em segredo) nos desabotoa o pensamento. E nos torna – “só”! – voáveis.
Ler faz mal à saúde!
Porque nos põe perguntas. E leva a que os livros nos conduzam, pela mão, do silêncio ao assombro.
E ao desejo. E levem, ainda, a reparar que até os estranhos têm histórias. Vizinhas das nossas.Antes de se tornarem – como somos todos, quando lemos – numa casa. Uns para os outros.
Ler faz mal à saúde!
Porque nos remexe; por dentro. E nos encaminha, de supetão, do silêncio das coisas à surpresa e ao encanto. E nos faz perceber que, da cada vez que lemos um livro, nos damos a ler. Mas isso expõe-nos à transparência. Por tanto, é mau… Porque nos torna, subitamente, mais simples. Mais acolhedores. E mais bonitos.
Ler faz mal à saúde!
Porque nos ajuda a entender que temos – todos! – sonhos e lágrimas. Sombras e luz. Paixão, intimidade e solidões. E isso é mau! Porque, todos juntos – quando nos compartilhamos por entre os livros que somos e por aqueles que lemos – ficamos mais fáceis de ler.
E, de espanto em espanto, vindas do fundo de nós, mais palavras se soltam. À espera das mãos de quem as “apanhe”, as costure e desenhe.
Por tudo isto, não devorem os livros.
Leiam-nos. Sem pressa.Leiam como quem resiste ao furor da estupidez humana e, teimoso, não desiste de pensar.
Saboreiem os livros. Degustem-nos! (E desgostem quem vos assuste com eles.) Leiam-se enquanto lêem. Percam-se nas histórias. Leiam! Mas guardem-se nos livros.
Se bem que ler nos faça… mal! Sobretudo quando descobrimos que, dentro de cada um de nós, há uma imensidão de livros que aguardam (pacientemente!) por ser escritos.
Tudo isto, porque os livros não são livros. São pontes. E avenidas largas. E são barcos. E janelas. Pináculos. E planaltos.Os livros são auroras.E elefantes que voam. Árvores que, em vez de frutos, dão palavras. E, até, asas. Que se desencontram do seu voar.
Ainda assim, leiam. Leiam. Leiam devagar! Lentamente é a forma mais rápida de tornar mais perto o sítio mais longe onde se quer chegar.
Eduardo Sá, via Mala d’estórias.
Estradas se bifurcavam num amarelado bosque,
E me ressenti não poder ambas percorrer
Sendo um só viajante, por muito me detive
E observei uma até quão longe pude
Até onde na vegetação ela se encurvava.
Então segui pela outra, tão boa quanto,
E talvez por ter melhor reclame,
Por ser gramada e ansiar uso;
Mesmo que os que por ela passaram
Desgastaram-na do mesmo modo.
E, naquela manhã, em ambas igualmente jaziam
Folhas que passo algum pisara.
Ó, deixei a primeira para outro dia!
Mesmo sabendo que caminho leva a caminho,
Duvidei se um dia conseguiria voltar.
Com um suspiro isto direi
Em algum ponto, há muito tempo distante
Duas estradas num bosque se bifurcavam, e eu
A menos percorrida trilhei,
E isto fez toda a diferença.
Robert Lee Frost (1874-1963), poema publicado em 1916. Tradução de Henry Alfred Bugalho.
A coisa que parece mais banal pode acabar sendo aquela que leva você à vitória…
…
Você precisa entender uma coisa se quiser ganhar uma partida de xadrez algum dia… E o que você precisa entender é o seguinte: o jogo só acaba quando termina. Não acaba se ainda há um único peão no tabuleiro. Se um dos lados tem apenas um peão e um rei, e o outro todas as peças, o jogo continua. E, mesmo que você seja um peão, e talvez todos sejamos, então deve se lembrar de que o peão é a mais mágica das peças. Pode parecer pequeno e banal, mas não é. Porque um peão nunca é só um peão. Um peão é uma rainha em potencial. Tudo o que você precisa fazer é encontrar um jeito de avançar. Uma casa por vez. E você pode chegar ao outro lado e desbloquear todos os tipos de poder.
…
A coisa que parece mais banal pode acabar sendo aquela que leva você à vitória…
Matt Haig, A Biblioteca da Meia-Noite.
Ao escolher saber mais sobre mim e me aprimorar no caminho da evolução, vivencio a solidão nesse trajeto. É comigo que fico, observo, sinto, penso, faço e sigo. Sou eu! Não é você, o outro e, muito menos, por causa de você. Não se zangue! O processo é só meu.
A Psicoterapia nos encaminha em direção ao dentro, ao que nos pertence e ao resgate da vida que somos! Precisamos aceitar e respeitar esse estado solitário. E é muito importante que você que está aqui ou ali, longe ou perto, mas que está junto, seja elegante e gentil nessa difícil tarefa de nos deixar ser!
Maria Teresa Guimarães.
A aventura humana tem início com o assombro do nascimento e finda com o ritual de passagem da morte, um amanhecer, de acordo com a feliz expressão de Kubler-Ross, que representam as duas faces do milagre da existência. Como afirma a tradição mística basca, todos chegamos pelo portal de prata do nascimento e partiremos pelo portal de ouro da passagem – já que a morte não existe -, após a travessia de muitos outros portais, que caracterizam o processo evolutivo de nossa jornada. Lembro-me de certa ocasião em que estava sendo entrevistado, e a jornalista indagou-me se eu tinha contato com “pacientes terminais”. Respondi, para a sua surpresa, que eu só tenho contato com terminais! Afinal, quem não é terminal? Todos caminhamos para o fim e este deveria ser um tema fundamental de estudo e consideração.
… a reflexão sobre a finitude não é apenas desconsiderada como também banida e reprimida… Este disfuncional tabu com relação à morte e ao morrer impede a atitude saudável e a conquista de qualidade e dignidade no que deveria ser uma arte de viver o ritual de passagem, com lucidez, aconchego e consciência…
Roberto Crema, Metanóia e Meia-idade, Trevas e Luz – Dulcinéa da Mata Ribeiro Monteiro (org.).
Temos de erradicar da alma todo medo e terror que o futuro possa trazer ao homem.
Temos de adquirir serenidade em todos os sentimentos e sensações a respeito do futuro.
Temos de olhar para a frente com absoluta equanimidade para com tudo o que possa vir.
E temos que pensar somente que tudo o que vier, nos será dado por uma direção mundial plena de sabedoria.
Isto é parte do que temos que aprender nesta era, a saber viver com pura confiança, sem qualquer segurança na existência, confiança na ajuda sempre presente do mundo espiritual.
Em verdade nada terá valor se a coragem nos faltar.
Disciplinemos nossa vontade, e busquemos o despertar interior, todas as manhãs e todas as noites.
Rudolf Steiner.
É assim.
É desse jeito.
É do nosso jeito!
Será?
Ou de quem é o jeito?
Meu, seu, de um outro alguém?
De quem?
Aprendemos com o jeito de quem convive conosco. Aprendemos com o jeito de mãe, de pai, de amigo, de parentes e com jeito de outras pessoas que são como são ou como não são ou, ainda, como gostariam de ser mas não são.
Somos muitos, somos muitas, somos tudo e todos. Somos misturas do que gostamos e do que não apreciamos. Somos mais ou menos do que queremos ser. Somos tão verdadeiros nos nossos disfarces que até nos covencemos de que assim somos. Mas também somos tão disfarçados nas nossas verdades que até delas duvidamos.
Uau! Somos!
Porém, acima de tudo, somos essência de todos os tempos de ontem, de muito mais que ontem, de hoje e de um tempo que chegará daqui a pouco. O que é nosso vive em nós desde sempre e não se perdeu. Talvez tenhamos perdido a conexão com o nosso Eu mais profundo e verdadeiro. No entanto ele permanece naquele lugarzinho mais íntimo do nosso ser. E, para quem está disposto, a busca desse ser incrível está ao alcance de nossas mãos. E, melhor ainda, está ao alcance do nosso coração e da nossa Psique.
Busque-se!
Resgate-se!
Psicoterapia é pra isso!
Maria Teresa Guimarães, Psicóloga Psicoterapeuta
Atendimento presencial e online.
Contato: 21 98869-9542
Se você tem um pão e eu tenho um euro, e eu uso meu euro para comprar seu pão, no final da troca eu terei o pão e você o euro. Parece um equilíbrio perfeito, não? A tem um euro, B tem um pão; depois, A tem o pão e B o euro. É uma transação justa, mas meramente material.
Agora, imagine que você tem um soneto de Verlaine ou conhece o teorema de Pitágoras, e eu não tenho nada. Se você me ensinar, no final dessa troca, eu terei aprendido o soneto e o teorema, mas você ainda os terá também. Nesse caso, não há apenas equilíbrio, mas crescimento.
No primeiro, trocamos mercadorias. No segundo, compartilhamos conhecimento. E enquanto a mercadoria se consome, a cultura se expande infinitamente.
Michel Serres, via Livros, Ideias & Cia.
Será?
Nem sempre dá!
No entanto, sabendo o quê, onde, como plantar e sabendo cuidar, vai dar!
Porém há que saber colher!
Até lá, há que se observar, sentir, acompanhar pacientemente o tempo de semear, enraizar, nascer, crescer, apreciando cada centímetro desse crescimento. Há que saber enxergar os momentos de dar uma forcinha, um incentivo que seja, respeitosamente, na medida certa!
No mais é confiar na capacidade dessa natureza tão sábia e sentar-se diante dela, humildemente, aprendendo com ela a grande arte da espera!
Maria Teresa Guimarães.
No meio da fuligem, vamos ter que aprender como enxergar espíritos do mundo invisível e falar com eles
Uma colega que vive no Reino Unido me fez sentir a boa inveja hoje de manhã, e olha que nem sabia desse sentimento com tanta intensidade, no peito e na pele.
A causa de tanta boa inveja foi saber da chuva que cai no seu pequeno jardim em Londres. Ah, chuva, chuva, chuva que cai do céu e nem me importa se muito fria ou gelada na ilha dos Beatles! Inveja da chuva alheia deve ser assim, como achar mais verde a grama do quintal do vizinho. Aqui, entre nós, às portas da primavera tropical, o céu de fumo e fuligem joga sobre nossas cabeças a tinta preta do carvão florestal.
Luxo de exibicionistas, pois queimamos jacarandá, peroba rosa, cedro, angico, peroba do campo, amarelinho, pau-ferro, canela de velho e ipê. Tocamos fogo na mata para ver a bicharada, onças-pintadas e amarelas, viados do campo, preguiças, tamanduás-bandeiras e tamanduás-mirins, cobras de todos os tipos, tatus, araras-vermelhas, amarelas e azuis, jacarés de barriga amarela, saguis, rãs e lagartos fugirem entre labaredas no planalto e nas campinas, no cerrado e na caatinga, biomas que lá no frio da Inglaterra chegam também a dar inveja.
Temos tanta floresta, mata atlântica, mata seca, mata de beira de rio, mata ciliar. Temos tanta floresta para queimar por toda a eternidade. Será?
Meus vizinhos maxakalis, aqui do Vale do Mucuri, são meus grandes professores na invocação da fauna e da flora. São capazes de listar e convocar todo um gradiente de vida de um lugar onde o pasto e a degradação já expulsaram quase todos os insetos, répteis, pássaros, animais peçonhentos, plantas e fungos que havia ali.
Esse povo, que foi expropriado de tanto, ainda consegue recriar, em meio ao deserto em que foi convertido o seu território, com seus cantos, suas rezas e suas histórias, um mundo para ser habitado.
Enquanto isso, bravos brigadistas combatem as chamas aqui e nos quintais vizinhos, afinal, floresta não tem fronteiras. Nem vento, nem fogo, nem água reconhecem essa invenção do bicho-humano. Brigadistas brasileiros pularam para o lado boliviano em um árduo corpo a corpo na contenção do fogo.
Uma linha de chamas segue aumentando de ambos os lados e ameaça chegar às terras dos indígenas guatós, a uma comunidade ribeirinha e à Serra do Amolar, área protegida no Pantanal sul-mato-grossense formada por 80 quilômetros de extensão de morros e que combina áreas com características de mata atlântica, do Pantanal e da amazônia, fazendo dela um verdadeiro santuário da biodiversidade.
A Serra do Amolar foi, inclusive, declarada patrimônio natural da humanidade. Da humanidade? Que ironia. Pois entre os ameaçados pelo fogo estão cerca de 3.500 espécies de plantas, 325 espécies de peixes, 53 espécies de anfíbios, 98 espécies de répteis, 656 espécies de aves e 159 tipos de mamíferos.
No meio da fuligem, com sonhos de chuva, penso que vamos ter que aprender com os maxakalis como enxergar os espíritos do mundo invisível e falar com eles.
Ailton Krenak, Folha de São Paulo, Setembro de 2024.
A pedra resistente, a Esmeralda, que traz força para seguir lá e cá, nos altos e baixos naturais da vida, nas avalanches e na calmaria. Com sol, com chuva, com o balançar das emoções e com o encontro dos nossos corações! É nesse encontro que fortalecemos o nosso amor e ultrapassamos as adversidades!
Há quarenta e quatro anos nos olhamos pela primeira vez. Foi admiração à primeira vista! Aprendemos a nos amar e gostamos disso! Construimos o afeto, o carinho, o respeito com o amor crescendo junto! Sempre atentos ao poder de sedução em nós, para nós e na vida! Compartilhamos surpresas, elogios, críticas, implicâncias, chatices, descobertas, novidades, trabalho, alegria e brincadeiras! O humor, seja bom ou seja mau, está sempre presente. E que bom! Vamos assim transformando para que o encontro sempre aconteça.
Há quarenta anos decidimos dividir para somar, multiplicar, sempre cuidando para não subtrair. Às vezes perdemos um pouco a mão, porém atentos à mão que recebe e à mão que oferece para não deixarmos a peteca cair. E quando cai, muitas vezes entre caras feias e risadas, fazemos com que ela retorne às nossas mãos com mais confiança e certeza da escolha feita.
Sim, nos escolhemos!
O Sim dado há quarenta anos permanece!
Sim, nos amamos!
Parabéns para nós!
Maria Teresa Guimarães.
Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça,
que canta na tua garganta,
que canta onde lhe apeteça.
Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
(mesmo as que julgas que não).
Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo de boca fechada.
E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão
e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.
Manuel António Pina, O pássaro da cabeça.
… deveríamos examinar as nossas próprias ideias de União com o Divino. Quando abordamos a nossa vida com confiança, deixando de lado o ceticismo, abrimos espaço para que nossas mentes se tornem um terreno fértil de nossa evolução… Cada criatura que vive na Terra é Mágica. Cada um de nós representa uma criação única, que surgiu do Grande Mistério. A partir do momento em que assumimos esta Magia, passamos a encontrar o nosso Poder de Cura pessoal, que se manifesta através do uso correto de nossos próprios dons, talentos e habilidades.
Podemos encontrar a fertilidade em nossa vida através de uma busca sincera, permitindo que a nossa magia pessoal se expresse de forma criativa e deixando-a fluir através de nosso Ser, ao invés de bloqueá-la… A magia é, simplesmente, uma mudança pessoal em nosso nível de consciência. Se quisermos plantar sementes que caiam em terreno fértil, devemos transformar nossa visão de mundo, permitindo que os nossos talentos se expressem de forma mais construtiva.
Jamie Sams, As Cartas do Caminho Sagrado – Kokopelli, página 143.
Para mim, a religiosidade é a constante lembrança da alma!
G. Mistral
A alma é a nossa companheira espiritual eterna. Se não conseguimos localizá-la em nós não há qualquer possibilidade para a espiritualidade. A conexão com o mundo etéreo e subjetivo é essa tal presença, cuja matéria é a mesma do infinito e do que é transcendente. Fique sempre checando o nível de alma em sua existência porque é ela o nosso sistema operacional mais básico. Estar desalmado significa que o que você sente e o que você faz não reverbera e não impacta. Como um sistema imunológico que precisa de sol e vitamina D, sua alma precisa ficar exposta a poesia e ao lúdico. Cuide da sua alma ela é seu patrimônio e identidade imaterial.
Nilton Bonder
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