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Para Refletir

Toda semana um novo texto.
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Uma fábula budista para tempos de isolamento

31 jul 2020
Maria Teresa Guimarães

– Mestre, como posso enfrentar o isolamento?

– Limpe sua casa. Muito bem. Em todos os cantos. Mesmo aqueles que você nunca teve vontade, coragem e paciência de tocar. Torne sua casa brilhante e cuidada. Remova a poeira, as teias, as impurezas. Até as mais escondidas.

Sua casa representa você mesmo: se você cuida dela, você também cuida de si.

– Mestre, como a pandemia irá se prolongar por mais tempo, como posso viver o isolamento depois de cuidar de mim através da minha casa?

– Conserte o que você pode consertar e elimine o que você não precisa mais. Dedique-se ao remendo, borda os arranques das suas calças, costura bem as bordas desfiadas dos seus vestidos, restaure um móvel, conserte tudo o que vale a pena reparar.

O restante joga fora, com gratidão e com consciência de que seu ciclo terminou.

Arrumar e eliminar fora de você, permite consertar ou eliminar o que está dentro de você.

– Mestre e depois fazer o quê? O que posso fazer se estou sozinho?

– Semeie. Uma semente em um vaso. Cuide de uma planta, regue-a todos os dias, fale com ela, dê um nome, tire as folhas secas e as ervas daninhas que podem sufocá-la e roubar energia vital preciosa.

É uma maneira de cuidar das suas sementes interiores, dos seus desejos, das suas intenções, dos seus ideais.

– Mestre e se o vazio vier me visitar?… Se o medo da doença e da morte chegar?

– Fale com eles. Prepare a mesa para que o vazio, o medo e a doença sentem-se com você. Prepare um “jantar” para eles. E pergunte-lhes: Por que eles chegaram de tão longe até sua casa? Que mensagem querem trazer? O que eles querem te comunicar?

– Mestre, acho que não consigo fazer isso…

– Não é o isolamento o seu problema, mas sim o medo de enfrentá-lo, rodeado por suas sombras e dragões internos. Mas é justamente aqueles que você sempre quis afastar de você que agora te fazem companhia. E, você não pode mais fugir. Então, olhe nos olhos deles, ouça-os e descobrirá que está sendo posto contra a parede.

Como as sementes, que só podem brotar se estiverem sozinhas, você também precisa isolar-se para desabrochar.

Via Cecilia Rangel.

 

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Mãe, posso dormir na casa da vó hoje?

24 jul 2020
Maria Teresa Guimarães

Escutei dentro do ônibus hoje de manhã.

Quando consegui me virar para ver a criança que me fez voltar ao passado apenas com uma frase, ela já não estava mais ao alcance dos meus olhos. Viajei longe.

Quando foi que o tempo passou e nos fez adultos cheio de prioridades chatas?

Lutamos todos os dias por alguma coisa que não sabemos se é o que realmente queremos, quando na verdade, casa de vó é o que todo mundo precisaria pra ser feliz.

Casa de vó é onde os ponteiros do relógio tiram férias junto com a gente e passam os minutos sem pressa de chegada.

Casa de vó é onde uma simples macarronada e um pão caseiro ganham sabores diferentes, deliciosos.

Casa de vó é onde uma inocente tarde pode durar uma eternidade de brincadeiras e fantasias.

Casa de vó é onde os armários escondem roupas antigas e ferramentas misteriosas.

Casa de vó é onde as caixas fechadas se tornam baús de tesouros secretos, prontos para serem desvendados.

Casa de vó é onde os brinquedos raramente surgem prontos, são todos inventados na hora.

Casa de vó tudo é misteriosamente possível de acontecer. Mágico. Sem preocupações.

Casa de vó é onde a gente encontra os restos da infância dos nossos pais e o início de nossas vidas.

Casa de vó, só mesmo lá dentro, no endereço do nosso afeto mais profundo, tudo é permitido.

Esse luxo não pode me pertencer mais – infelizmente – viverá comigo apenas nas mais bonitas recordações.

Mesmo assim se eu pudesse fazer um pedido agora, qualquer pedido, de todos os pedidos do mundo eu iria pedir a mesma coisa.

Posso dormir na casa da vó hoje?

Saulo Subirá.

 

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Parábola da paz perfeita: o rei sábio e a pintura da paz

17 jul 2020
Maria Teresa Guimarães

Era uma vez um rei, e o rei ofereceu um grande prêmio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita.

Foram muitos os artistas que tentaram. O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou e decidiu que iria escolher entre ambas. A primeira era um lago muito tranquilo. Este lago era um espelho perfeito onde se refletiam umas plácidas montanhas que o rodeavam.

Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com tênues nuvens brancas.

Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela refletia a paz perfeita.

A segunda pintura também tinha montanhas.

Mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação.

Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões. Montanha abaixo parecia retumbar uma espumosa torrente de água. Tudo isto se revelava nada pacífico.

Mas, quando o rei observou mais atentamente, reparou que atrás da cascata havia um arbusto crescendo de uma fenda na rocha. Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho.

Paz perfeita!

O rei escolheu a segunda e explicou:

“Paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permanecemos calmos no nosso coração”.

Este é o verdadeiro significado da paz.

Lúcia Helena Galvão.

 

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Nós, mulheres

10 jul 2020
Maria Teresa Guimarães

Nós, mulheres, poderosas e sagradas, declaramos nesta noite santificada que nossos corpos divinos pertencem a nós mesmas. Escolheremos a quem amar e em quem confiar. Caminharemos nesta Terra com graça e respeito. Sempre teremos orgulho do nosso grande intelecto. Honraremos nossas emoções para que nossos espíritos triunfem. E se algum homem nos desmerecer, mostraremos onde fica a porta. Indestrutível é a nossa força. E livre é a nossa imaginação.

Anne, personagem do seriado “Anne with an E”.

 

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Salve!

03 jul 2020
Maria Teresa Guimarães

Hoje, vinte e nove de junho, São Pedro fecha o mês dos nossos Santos Juninos.

Sem os festejos que tanto nos alegram e que, de alguma forma, nos unem, temos como meta seguir neste ano, tão diferente e tão desafiador, perseverando na manutenção das energias de amor, de fartura, fertilidade e abundância, deixadas por estes que tão bem nos encaminham na vida.

São Pedro nos oferece a chave que pode nos levar em direção à porta que, se soubermos abrir, nos conduzirá ao encontro de uma consciência maior do nosso propósito na vida.
Viemos à serviço do quê? Viemos para”ser”, “fazer”, “ter”, o quê?

Viemos e chegamos até aqui para quê?

Salve São Pedro! Salve Santo Antônio! Salve São João!

E que, com vontade e boa vontade para atitudes mais amorosas, generosas e respeitosas, nos deixemos ser salvos e protegidos!

Maria Teresa Guimarães. 

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A magia da literatura

26 jun 2020
Maria Teresa Guimarães

Lemos uma história e algo acontece. Não sabemos o quê, ou porquê, nem qual frase foi responsável por isso, mas, mesmo assim, o mundo muda e nunca mais é o mesmo. Às vezes, só percebemos anos depois que um livro abriu um rasgo em nossa realidade, através da qual nós, inocentes, escapamos da mesquinharia e do desânimo.

Nina George, O Livro dos Sonhos.

 

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Conselho de uma sábia

19 jun 2020
Maria Teresa Guimarães

Cura-te minha filha com a luz do sol e os raios da lua.
Com o som do rio e da cachoeira.
Com o ir e vir do mar e com o flutuar dos pássaros.

Cura-te minha filha, com folhas de hortelã, com óleo de nim e eucalipto.

Adoça-te com lavanda, alecrim e camomila.
Abraça-te com o grão de cacau e um toque de canela.
Coloca amor no chá em vez de açúcar e tomá-lo olhando as estrelas.

Cura-te minha filha, com os beijos que te dá o vento e os abraços da chuva.
Torna-te forte com os pés descalços na terra e com tudo o que nasce nela.

Torna-te mais inteligente todos os dias ouvindo a tua intuição, olhando o mundo com o olho da fronte.
Salta, dança, canta para viver mais feliz.

Cura-te minha filha com a beleza do amor e lembra-te sempre…
tu és o teu remédio…

Enza Patrian.

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Namorados e namoradas

12 jun 2020
Maria Teresa Guimarães

Deliciem-se desse estado de graça, de leveza e de paixão. Namorar é estar nas nuvens, é brincadeira que faz ficar bobo, boba. Namorar é voltar no tempo e resgatar a doçura, o olhar que brilha e faz brilhar. Namorar é querer o bem, é oferecer o coração, é surpreender com gentilezas, sedução e beijo roubado. Namorar é cumplicidade, troca e jovialidade. Namorar é viver a intimidade com um “q” de cerimônia. Namorar é apaixonar, amar, respeitar, saber oferecer e receber com generosidade.

Namorados, namoradas, de agora, de outrora e de amanhã. Maridos, esposas, companheiros, companheiras, de longe ou de perto, lembrem-se: namorar é, além de tudo, um estado de encantamento, de prazer, de enamoramento na vida. Namorar é para sempre!

Feliz dia a dia dos namorados!

Maria Teresa Guimarães.

 

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Nossas mãos criam, constroem, transformam e curam

05 jun 2020
Maria Teresa Guimarães

–  Avó, como se enfrenta a dor?
– Com as mãos, querida. Se você fizer isso com a mente a dor em vez de se amaciar, endurece ainda mais.
– Com as mãos, vovó?
– Sim. Nossas mãos são as antenas da nossa alma. Se você as mexer, cozinhando, pintando, tocando ou afundando-as na terra envia sinais de cura para a parte mais profunda de você. E sua alma se conforta porque você está dando atenção. Então ele não precisa mais te enviar dor para se destacar.
– As mãos realmente são tão importantes, vó?
– Sim, minha menina. Pense nos bebês: eles começam a conhecer o mundo graças ao toque de suas mãozinhas. Se você olhar para as mãos dos velhos falam sobre suas vidas mais do que qualquer outra parte do corpo. Tudo o que é feito à mão diz que é feito com o coração. Porque é realmente assim: mãos e coração estão conectados. Os massagistas sabem disso: quando tocam no corpo de outra pessoa com suas mãos criam uma conexão profunda. É dessa ligação que vem a cura. Pense nos apaixonados: quando suas mãos se tocam fazem amor da forma mais sublime.
-Minhas mãos vovó… há quanto tempo não as uso assim.
-Mova-as, minha querida, comece a criar com elas e tudo dentro de você se moverá. A dor não vai passar. Mas vai transformar-se na melhor obra-prima. E não vai doer mais. Por que você conseguiu bordar a sua essência.

Elena Bernabé

 

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Costurando se tece o enredo da vida

29 maio 2020
Maria Teresa Guimarães

” Avó, o que posso fazer quando estou desesperada?”
” Costura, minha menina. À mão, devagar. Aproveitando cada onda criada com seus próprios dedos.”
” Costurar afasta o desespero?”
” Não. Costurando, bordando você o decora. Olha para a cara dele. Enfrenta-o. Da-lhe forma. Atravessa-o . E vai além.”
” Realmente é tão poderoso costurar à mão?”
” Claro, querida. As pessoas já não costuram e por isso estão desesperadas. As costureiras sabem que com agulha e linha você pode enfrentar qualquer situação escura conseguindo criar obras-primas maravilhosas. Enquanto você move suas mãos é como se você movesse sua alma de forma criativa. Se você se deixar transportar pelo ritmo repetitivo do remendo e do bordado, você entra em um verdadeiro estado meditativo. Você consegue chegar a outros mundos. E o emaranhado de fios emocionais dentro de você se suaviza. Sem fazer mais nada.”
” O que você aprende bordando?”
” A enfrentar cada ponto. Só isso. Sem pensar no próximo ponto. A gente se foca no ponto presente, em cada costura. É esse ponto que nos escapa na vida diária. Estamos desesperados porque sempre pensamos no futuro. E se pensamos assim o bordado se torna desarmônico, confuso, pouco curado.”
” Sim, mas vó… as preocupações e medos como vencer com a costura?”
” Minha menina. Você não precisa vencer. Precisa acolher os medos, as preocupações. E compreendê-los. Costurando se tece o enredo da vida com suas mãos, é você que cria o vestido adequado para si mesma. Bordando você se conecta àquele fio fino que pertence a toda a humanidade e aos seus mistérios. Costurando você se transforma em uma aranha que tece sua teia contando silenciosamente ao mundo todos os segredos da vida. Entrelaçando os fios, entrelace seus pensamentos, suas emoções. E você se conectará ao divino que está em você e que segura o início do fio.”

Elena Bernabé

 

 

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Cançãozinha para Tagore

22 maio 2020
Maria Teresa Guimarães

Àquele lado do tempo
onde abre a rosa da aurora,
chegaremos de mãos dadas,
cantando canções de roda
com palavras encantadas.

Para além de hoje e de outrora,
veremos os Reis ocultos
senhores da Vida toda,
em cuja etérea Cidade
fomos lágrima e saudade
por seus nomes e seus vultos.

Àquele lado do tempo
onde abre a rosa da aurora,
e onde mais do que a ventura
e dor é perfeita e pura,
chegaremos de mãos dadas.

Chegaremos de mãos dadas,
Tagore, ao divino mundo
em que o amor eterno mora
e onde a alma é o sonho profundo
da rosa dentro da aurora.

Chegaremos de mãos dadas
cantando canções de roda.
e então nossa vida toda
será das coisas amadas.

Cecília Meireles, Antologia poética, 3ª edição, Ed.do autor, 1963.

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Nossos pretos, nossas pretas, velhos, velhas. Salve!

15 maio 2020
Maria Teresa Guimarães

A liberdade do preto velho está na sabedoria.

Com sua calma e paciência, com o olhar que faz pausar a fala, o olhar de quem pensa, volta no tempo, revê sua história e, agora sim, inicia a sua oratória.

Simples, compassada, com espaços para a sua reflexão, sua fala nos deixa atentos, olhar estático, aguardando o que mais está por vir.

O preto velho, a preta velha, os anciãos,  nossos antepassados, o velho sábio,  a nossa mãe preta… dê o nome que se dê, a verdade é uma só: estamos sempre à espera de seus saberes, de suas experiências de vida, de seus contos que nos contam histórias, que ora arrepiam,  outras vezes nos fazem rir e até mesmo chorar. Essas histórias que nos oferecem confiança, aconchego e abraço.

Nossos velhos sábios, nossas velhas sábias, aos quais autorizamos que nos aconselhem, damos a eles(as), o direito de calar, de nos enxergar, olhar, penetrar o nosso coração, bronquear, zangar e nos desvendar.

Com respeito acatamos as suas falas, nos damos a chance de ouvir e sermos ouvidos. Permitimos, diante de nossos mentores, que nos virem pelo avesso e que consigam acessar a nossa alma, pois sabemos que em seu olhar existe a presença do verdadeiro sentimento de amor e de profundo respeito.

Salve nossos pretos, nossas pretas, sabedores de vida!

Grata!

Sua aprendiz…

Maria Teresa Guimarães

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Mãe é mãe. Pai é pai

08 maio 2020
Maria Teresa Guimarães

Mãe é mãe. Pai é pai.

Porém muita coisa mudou. Vivemos hoje uma visão mais ampla e diversificada dessa realidade.

Mãe/Mãe, Pai/Pai, Mãe/Pai, Pai/Mãe, Mai, Pãe. Nem certo nem errado. E sim, desejado, sentido, realizado.

No entanto, em essência, no amor, na graça, no cuidar, na dedicação e na alma, Mãe é mãe, Pai é pai.

Como filhos e filhas, como mães e pais, carregamos no coração o ventre fértil, que gera, que nutre e que doa. Somos mães e pais na completude de nosso ser. Somos fontes de vida e de luz. Somos terra, sementes, raízes, geradores de frutos que se abrem como possibilidades de novas sementes, num contínuo ir e vir de vidas.

Com amor, desejo a todas as mães, a todas as formas de “ser mãe”, um dia assim, do jeito que puder ser, mas que estejam presentes a ternura, o sonho, as boas lembranças e a paz.

Feliz Dia das Mães!

Maria Teresa Guimarães  

 

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PAN – DEMIA – Ponto de Mutação?

01 maio 2020
Maria Teresa Guimarães

Na mitologia grega, o deus Pã era o deus dos campos, bosques, rebanhos…Tornou-se o símbolo do mundo por ser associado à natureza; era temido por todos que precisavam atravessar as florestas durante a noite. Significa presença divina em todas as coisas, quando ele se ausenta os seres ficam sem conexão, sem apoio, entregues a si mesmos. Pânico é justamente essa perda de conexão com o divino. Os valores dominantes em nosso mundo propiciaram uma dessacralização do mundo, advindo a destruição da natureza em sua busca desenfreada pela realidade material / econômica. Com o afastamento do divino/sagrado de nossa realidade, estamos à mercê… Recorro a Drummond quando pergunta- “E agora José?’’

Esta pandemia abalou o mundo, estamos todos no mesmo barco nos indagando e interrogando, nos inserindo na Epoché -isto é, suspensão de todos os julgamentos, certezas, diretrizes… Todos recolhidos em seus lares, voltando para casa. Percebo uma semelhança com o Programa de Preparação para a Aposentadoria (PPA). A palavra Aposentadoria significa justamente retirar-se para os aposentos da casa. Nosso trabalho nesse programa é ressignificar essa palavra. Retirar-se para os aposentos da casa (física) ou retirar-se para dentro de si mesmo na demanda e descoberta de novas visões, aptidões, oportunidades … Este foi o conteúdo do meu livro: Aposentadoria. Ponto de Mutação? Esta Pandemia nos insere, de fato, nos dois sentidos:

– Retirar-se para os aposentos de casa,

– Retirar-se para os aposentos de si mesmo.

 Todos nós nesta quarentena estamos no reduto de nossos lares, num voltar-se para dentro. “Se viver não é fácil, conviver é um desafio permanente”, afirma com saberia Jorge Amado. Seguindo nesta sabedoria poética, Drummond conclui “Ninguém é igual a ninguém. Todo ser humano é um estranho ímpar’’. Que oportunidade estamos tendo de polir as arestas, respeitar as diferenças, sair do egoísmo e nos disponibilizar para as tarefas do lar, cuidar dos filhos, dos amigos, atender às demandas que se apresentam… Também nos lembramos de Guimarães Rosa ao afirmar que “ Viver é um rasgar-se e remendar- se”. Assim vamos tecendo e buscando aprimorar os encontros e desencontros de nossa convivência.

Alguns pensadores afirmam que a criatividade muitas vezes nasce da crise, da angustia, assim como o dia nasce da noite. A palavra crise para os orientais é composta por dois ideogramas: PERIGO e OPORTUNIDADE. Perigo seria permanecermos nos mesmos moldes, padrões egocêntricos e materialistas… Oportunidade para um mergulho em nós mesmos, possibilitando novos insights capazes de ressignificar nossos valores. Saberemos aproveitar esta oportunidade?

Vivemos e somos um ecossistema que age e reage em rede. Assim, nossa holografia funciona com pessoas, relações e universo. Pandemia – crise no sistema mundial – o mundo parou. Como expandir em rede? Expansão interior em cada um de nós para nos questionarmos sobre o sentido do nosso viver. Sabedoria articula-se ao entregar-se ao movimento, ao presente. Numa versão nietzscheana, diríamos que precisamos aprender a viver o AMOR FATI, – é assim que é! Jung em sua busca pelo essencial, afirma que metade da verdade está em nossas mãos, e a outra metade está nas mãos daquilo que é maior que nós. Enfim, não somos donos de nosso destino, temos o livre arbítrio, mas há algo além de nós, que nos ultrapassa. Mais uma vez os poetas nos ajudam a clarificar, e Chico Buarque cantou- A gente quer ter voz ativa em nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega destino pra lá….

Buscando a sabedoria dos pensadores o sábio Heráclito nos ilumina ao afirmar – A vida é um rio que corre – panta rhei , tudo flui    entregar-se ao fluxo é vital.   Em sintonia o livro do Eclesiastes afirma, o tempo é vento que passa, não há nada de sólido debaixo do sol.   o que é, será. Tempo e contratempo chegam para todos e tudo passa, isto também vai passar. Mario Quintana em suas reflexões poéticas, conclui que quando tudo dá errado, acontecem coisas maravilhosas que jamais teriam acontecido se tudo tivesse dado certo.   A gente para de desejar que fosse diferente mantendo-se no presente,  onde a realidade acontece.

Pã nos revela a desespiritualização do mundo advindo o materialismo, o consumismo, a gula do ego, a avidez do desejo de ter mais e mais… A pandemia nos leva ao voltar-se para dentro, a estar em casa, a olhar o que é central em nós, a converter: verter para dentro. Outra passagem bíblica oportuna está no diálogo travado entre Marta – vida ativa e Maria – vida reflexiva, em que Marta cobrava de Maria a ajuda para arrumar a casa, etc. Diante disto Jesus disse “Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só é necessária e Maria escolheu a melhor parte a qual não lhe será tirada.’’  (Lucas 10,40-42) A pandemia-quarentena nos incita a sair da agitação cotidiana, do corre-corre para satisfazer as ambições egóicas, ação e mais ação    Nilton Bonder nos alertou sobre esta

dinâmica da avidez egóica ao afirmar que “Os Domingos precisam de feriados’’. Explicitando o simbolismo da Páscoa, Jean Yves Leloup nos conclama a “ser passantes”, passar de um modo de vida a outro, a enfrentar as ondas, unir matéria e espirito, céu e terra, masculino e feminino, diante da impermanência de todas as coisas. Viver exige novas aprendizagens e novas significações. Ampliar a visão, ver os dois lados da mesma moeda, sair da visão OU \ OU excludente para vivenciar a visão E \ E conciliadora.

 Nosso mundo voltará a ser como antes? Nós seremos os mesmos?

Pergunta que está no ar Mudará? Se esse voltar-se para dentro da casa e de si mesmo acontecer, tudo nos faz crer que sim. Talvez consigamos compreender a afirmação de Jung: “Fiel é a balança’’. O retorno de Pã poderá nos reconectar com nossa dimensão espiritual e com a essência do existir humano – Amor. Vida sem amor, sem amigos, sem laços e sem compaixão, fica sem sentido e vazia. Esta quarentena nos dá a chance de mudar as lentes, ver de outras formas. Ressignificar valores e o viver cotidiano!

E nós que somos velhos? O que queremos? Para onde vamos?

Ao olhar para nossa longa estrada-vida, quantas vivencias, altos e baixos, amores e desamores, vitórias e derrotas… mas com a consciência de termos feito do nosso jeito, como cantou Sinatra na famosa canção My Way. Para nós, cada vez menos importa a dimensão do amanhã. Importa ir seguindo o passo a passo do AGORA com firmeza e fé; sendo capaz de se sentir realizado e que tem valido a pena. Mais uma vez recorro à sabedoria poética, e encontro em Mário Quintana essa verdade ‘‘De repente tudo vai ficando tão simples que assusta. A gente vai perdendo as necessidades, vai reduzindo a bagagem. As opiniões dos outros, são realmente dos outros, e mesmo que sejam sobre nós, não tem importância. Vamos abrindo mão das certezas, pois já não temos certeza de nada. E, isso não faz a menor falta. Paramos de julgar pois já não existe certo ou errado e sim a vida que cada um escolheu experimentar. Por fim entendemos que tudo que importa é ter paz e sossego, é viver sem medo, é fazer o que alegra o coração naquele momento. E só.’’

Olhar para a estrada – vida percorrida, ver a obra construída e poder afirmar como nos revela o Gêneses. O Criador na obra de criação do mundo, o fez em sete dias, no sexto dia olhou, viu que TUDO ERA BOM E DESCANSOU… Esta é uma forma de sabedoria da velhice, bem dizer a própria obra -vida!

A Pandemia também nos apresenta a morte de frente, embora Castanheda já tenha dito que ela está sempre a um palmo do nosso ombro esquerdo. Esta consciência pode abrir a possibilidade de viver melhor o dia de hoje, de ser mais pleno no aqui e agora, de plenificar o presente do jeito que se lhe apresentar. CARPE DIEM: viver cada dia em mais plenitude e graça. Talvez “O nosso desafio não seja simplesmente viver mais alguns anos por este mundo, mas compreender com clareza qual é o nosso verdadeiro projeto dessa efêmera existência e realiza-lo com sabedoria. A ignorância do nosso tempo é crer que o significado da vida é deleitar-se com experiências físicas e mentais prazerosas. Há uma redução do ser humano a uma espécie de grande boca que devora ou quer devorar, cada vez mais coisas e sensações prazerosas’’, Arthur Sheiker em seu livro ‘’A Travessia Budista da Vida e da Morte’’.

Pandemia, Ponto de Mutação? Que possamos acolher a realidade no fluxo do tempo com receptividade e alegria nas coisas simples do viver e conviver do cotidiano, é assim que é! Viver a gratuidade do existir com gratidão! Os gregos em sua sabedoria também mencionam Cronos, o deus do tempo cronológico – cíclico e Kairos o deus do tempo oportuno, “do momento favorável”. Que esse novo olhar para esse novo tempo – Kairos, possa nos proporcionar um novo ser, um ser humano mais humano, mais aberto ao extraordinário, à graça e ao próprio self, o Deus em nós.

Dulcinea da Mata R Monteiro, psicóloga e analista junguiana, professora de Filosofia, Gerontóloga Titulada pela SBGG, autora e organizadora de livros na área da Psicologia do Envelhecimento. Artigo escrito para SBGGRJ, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

 

 

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A Paz do Eu

24 abr 2020
Maria Teresa Guimarães

Quem tem paz no seu coração, faz crescer a Paz em sua família.

Quem tem paz em sua família, faz crescer a Paz em sua comunidade.

Quem tem paz em sua comunidade, faz crescer a Paz em sua Nação.

Quem tem paz em sua Nação, faz crescer a Paz no mundo.

Provérbio Chinês. 

 

 

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