Construtivismo: Piaget – Inteligência e Aprendizagem
Para Piaget, a inteligência só existe na ação. Ou seja, inteligência é uma propriedade da ação que maximiza o seu poder adaptativo. Adaptar-se inteligentemente então é agir da forma que propicie máxima adaptação ao meio. Visto desta maneira não há como medi-la. Entretanto, como Piaget descreve vários estágios evolutivos, isto pode ser usado para identificar crianças acima ou abaixo da média.
De acordo com as idéias de Piaget, as funções cognitivas da criança se organizam em agrupamentos que funcionam como um todo e que são ativados também como totalidade, sempre que qualquer parte do sistema é colocado em ação a partir de dados empíricos significativos. Explica o desenvolvimento destes sistemas organizados de operações intelectuais pelo processo de equilibração.
Tanto a experiência quanto a maturação representam fatores de grande importância no desenvolvimento dos sistemas de relações. As aquisições que ocorrem a partir da interação nem sempre são organizadas pelo sujeito que aprende, levando a uma contradição interior que se resolve a partir de esforços para reorganizar as suposições inicias num sistema equilibrado e coerente.
Dessa maneira, a equilibração ou auto-regulação define o modus-operandi pelo qual as possibilidades do sujeito, definidas pela hereditariedade e maturação, são atualizadas em sua relação com o meio. Este conceito de equilibração, fundamental para a teoria do conhecimento de Piaget, pode ser considerado também fundamental para o processo de aprendizagem. Outros conceitos como interacionismo, adaptação e estrutura cognitiva não podem também deixar de ser considerados, uma vez que é na perspectiva do desenvolvimento dos conhecimentos que todo o grupo de estudos de Genebra põe a questão da aprendizagem (Castro, 1974, p.97).
É possível deduzir que a teoria da aprendizagem implícita na obra de Piaget se baseia na teoria da assimilação que pode ser considerada uma extensão da teoria da adaptação biológica (Silva, 1998).
Considerando-se a faixa etária sobre a qual Piaget debruçou-se poder-se-ia questionar da sua relevância em estudos com indivíduos que extrapolam seu limites. Em primeiro lugar, sua teoria é uma descrição histórica. E assim sendo, como diz Galeano; “A história é um profeta que olha para trás; baseado no que foi, explica o que é e vaticina o que será”. Muito se pode fazer no presente, quando se compreende o passado. Mas neste caso restritos aos que viveram esta história. Por isto um certo cuidado deve ser tomado ao produzir assertivas dirigidas a grupos muito difrentes daqueles com que Piaget originalmente trabalhou.
Ainda mais, na própria teoria podemos encontrar contra argumentos (Sutherland, 1996). Um deles é a assertiva de que a criança em seu desenvolvimento não salta nenhuma etapa. A criança normalmente funciona no nível mais alto que atingiu. Assim é que se submetida à uma demanda superior a sua capacidade cognitiva ela poderá eventualmente apresentar uma resposta correta na aparência. Em um nível mais profundo entretanto, esta resposta provavelmente será entendida por ela apenas no estágio que atingiu.
Outro argumento é o conceito de abrandamento, termo usado para expressar por um lado que nem todos atingem os estágios ao mesmo tempo, há variações significativas. Mais que isto, dentro de cada estágio, é possível que dois alunos estejam em etapas diferentes. Por outro lado, um mesmo aluno poderá apresentar-se em diferentes estágios conforme a disciplina onde se considere a avaliação. Finalmente, um aluno que havia atingido um determinado nível, poderá recuar para estágio inferior, dependendo das condições do ambiente.
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A visão de Piaget pode ser considerada construtivista porque:
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