Meditação
Em nosso silêncio, diferentes qualidades de consciência podem se manifestar. Coisas muito antigas podem voltar e elas nem sempre serão agradáveis. Às vezes, são fantasmas que voltam, pessoas sobre as quais não falamos em nossas famílias e que pertencem ao inconsciente transgeracional.
Isso pode ser também o inconsciente coletivo que se expressa em nós e nos faz sentir uma grande tristeza, uma dor que nos atravessa. Talvez essa dor não esteja ligada à nossa história pessoal, ela pode ser o estado da sociedade na qual estamos e que sofre em nós e através de nós. Nesses casos, é bom nos lembrarmos que existe, em nossa mais íntima profundeza, algo de mais profundo ainda e não nos fecharmos nesses estados de consciência poderosos que podem nos conduzir ao desespero.
Por vezes, podemos sentir em nossos corpos o estado da terra. Podemos sofrer com as árvores, com nosso meio ambiente… Não é loucura nem alucinação, talvez seja simplesmente o sinal de uma grande sensibilidade.
É preciso ainda colocar a questão: Como não ser objeto dessa sensibilidade, mas seu sujeito? Não ser objeto das circunstâncias, mas seu sujeito, o Eu Sou que contém todos os acontecimentos? Há essa voz interior que nos diz: lembra-te do Ser que está em ti, o Ser de luz, o Ser de paz, o sujeito livre que está em ti: Eu Sou… Trata-se de ir ainda mais fundo…
Na superfície do oceano pode haver tempestades, mas o fundo do oceano está sempre calmo. Quando meditamos, às vezes atravessamos tempestades que são diferentes para cada um de nós. Há tempestades no nível dos pensamentos, no nível das emoções, ou algo que nos faz mal no nível do corpo. Em todos os casos, podemos pensar no Eu Sou que está em repouso no fundo do barco…
Jean-Yves Leloup, Quem é meu mestre? À escuta do mestre interior.