A fala que não diz ou a escuta que não ouve?
É quase assim: entendeu ou quer que desenhe?
Mas parece que não há palavra, não há voz, não há desenho que chegue do outro lado, que reverbere e cumpra a mensagem. Parece que a voz, o som, a entonação, a palavra, ainda são códigos desconexos, complexos e sem direção.
Sou eu que falo e não digo ou é o outro que escuta e não ouve?
Que ruído é esse na nossa fala que impede a sonoridade no outro? Ou, que surdez é essa que impede a legitimidade do código?
Sou eu que falo e não digo ou é o outro que escuta e não ouve?
É o outro que fala e não diz ou sou eu que escuto mas não ouço?
Penso que a resposta a estas questões ainda não exista. Talvez nunca existirá. Pois, cada vez mais a comunicação se faz ausente de corpo, de gestos, de som. Cada vez mais a comunicação se faz ausente do olho no olho, ausente do coração no coração. E mais ainda, comunicação e escuta ausentes de tolerância.
Perdeu-se a voz. Ganhou-se o grito… pelo grito.
Maria Teresa Guimarães