Todo o excesso é perverso
Segundo a Tradição Taoísta, todo o excesso é perverso. Este conceito está fortemente enraizado na cultura milenar chinesa, sendo válido e podendo ser aplicado nos mais variados campos do conhecimento humano.
Mesmo quando nos referimos a fatos, sentimentos e acontecimentos aparentemente bons e/ou essenciais,o excesso continua a ser perverso. Muitas vezes, não percebemos o desequilíbrio imediatamente, pois o mesmo pode ocorrer em um nível diferente, até mesmo mais sutil. Por exemplo, quando damos muitos presentes para uma criança, a percepção imediata é de pura felicidade.
Porém, com o passar do tempo, no nível de valores pessoais, esta criança pode passar a não valorizar mais o gesto de presentear, mas sim apenas o aspecto material e a quantidade de presentes. Quando ao seu redor tudo é grandioso, glamouroso, extravagante e chamativo, passa a valorizar mais a aparência que o conteúdo, tornando-se prisioneira dos sentidos. Afasta-se gradualmente da essência, passando a orbitar na esfera do superficial. Este problema cresce até o ponto de causar uma permanente insatisfação interior, origem de inúmeros problemas de ordem psíquica e emocional.
(por e-mail)
Refletindo…
(Maria Teresa G. P. Peixoto)
Podemos entender o “excesso” como uma visão unilateral de tudo o que nos cerca. Extremos sempre são prejudiciais. A palavra “ou”, em alguns casos, traz um sentido de radicalização e, até mesmo, de rigidez. “Ou isto ou aquilo”, nem sempre é “sensato”. Até dá a impressão de “equilíbrio”, mas nem sempre é assim.
Que tal tentarmos colocar “e” entre as opções? Sabemos que não podemos ter tudo ao mesmo tempo, mas podemos ter um pouco de tudo. Somos seres humanos carregados de “es” . Não devemos nos reconhecer como sendo de um jeito “ou” de outro. Somos de um jeito “e” de outro.
A flexibilidade é EQUILÍBRIO, a unilateralidade é NEUROSE; já dizia nosso grande Carl Gustav Jung.