Taxionomias de estilos de aprendizagem
Diversos estilos cognitivos foram identificados ao longo dos anos. Um dos mais conhecidos é o que classifica aprendizes em dependentes / independentes do campo. Este estilo refere-se à capacidade do aprendiz em analisar um todo em suas partes componentes. Esta análise se faz de maneira ativa e lógica. Aqueles capazes de realizar com facilidade esta tarefa, são classificados como independentes de campo. Já os dependentes, tendem a perceber a realidade de forma mais passiva e globalizante, sendo pouco eficientes em identificar diferenças. Característica conseqüente e que nomina mais claramente o estilo, é o fato de que é relativamente incapaz de autonomamente analisar a realidade. Assim, este aprendiz depende mais fortemente do ambiente e de figuras de autoridade para formar suas opiniões. Ao contrário dos independentes, possuem menor capacidade de planejar e gerenciar o seu processo de estudo.
Em suma, Kearsley, diz que os estudos revelam conexões entre este estilo e a aprendizagem (Messick, 1978). Os indivíduos independentes do campo aprendem mais efetivamente em condições de motivação intrínseca (automotivação) e sofrem menos influências das relações sociais. Luk (1998) ressalta que esta característica é particularmente importante no ensino à distância, onde os estudantes aprendem sem o suporte habitualmente oferecido no ensino tradicional. Os independentes do ambiente são mais analíticos, lógicos e melhor preparados para abstrair e reestruturar aspectos sutis do problema. Ressalte-se entretanto, que ser independente de campo não é vantajoso apenas para situações de ensino à distância. O processo de estudo como um todo beneficia-se quando o aprendiz situa-se nesta categoria.
A grosso modo, pode-se estabelecer uma analogia entre estes estilos de aprendizagem e os modos de estudar criados por Barnes. São fortes as semelhanças entre o modo interativo de estudar e os aprendizes independentes do campo. Da mesma maneira, os aquisitivos assemelham-se muito aos dependentes de campo.
Muitos outros estilos foram descritos, classificando alunos sob diferentes perspectivas. Pask por exemplo, descreveu um estilo de aprendizagem chamado seriado / holístico. O primeiro prefere aprender de forma seqüencial e o último de maneira hierárquica, isto é, de cima para baixo. Teoricamente estilos cognitivos e de aprendizagem são úteis para definir o tipo de estratégias de ensino ou métodos que seriam mais eficazes para tarefas individuais de aprendizagem. No entanto, Cronbach & Snow em suas pesquisas empíricas, colocam em dúvida esta hipótese.( Kearsley, 1998a)
Há muitos estilos propostos. Compreendê-los em uma visão abrangente é difícil porque possuem muitas interfaces, e muitas das diferenças presentes o são mais de perspectiva do que de conteúdo. Neste sentido, a revisão de Curry em 1987 (Griggs, 1991) é muito útil. Em tentativa de organizar o crescente número de teorias de estilo de aprendizagem que foram surgindo, criou o “modelo da cebola” que consiste em quatro camadas de modelos com ênfase: a)na personalidade b) no processamento da informação c) na interação social d) nas preferências instrucionais e multidimensionais.
Ênfase na personalidade
Os modelos com ênfase na personalidade incluem Witkin (1954) com a construção dependente / independente do campo e Indicador de Tipo de Myers-Briggs (Myers, 1978) com uma escala dicotômica medindo introversão / extroversão; razão / intuição; pensamento / sentimento e julgamento / percepção.
O Indicador de Tipo de Myers-Briggs tem sido usado extensivamente como instrumento de avaliação da personalidade no ensino e instrução (Lawrence, 1984). Ehrman & Oxford (1990) descobriram que os introvertidos, os sensitivos e os perceptivos alcançaram notas mais altas na aprendizagem de línguas, quando colocados em situação de treinamento intensivo, do que os outros tipos de Myers-Briggs. Este instrumento se baseia nos quatro tipos de preferências básicas de Jung e nas maneiras palas quais essas quatro preferências são expressas através da percepção, julgamentos, interesses, valores e motivações. Estas preferências básicas são (Drummond & Stoddard, 1992):
- extroversão / introversão – diz onde o indivíduo localiza preferencialmente a gênese de seu processo psíquico e para onde o direciona;
- razão / intuição – diz o caminho seguido pelo indivíduo na sua tomada de decisão;
- pensamento / sentimento – dá a percepção de como o indivíduo toma suas decisões;
- julgamento / percepção – proporciona informações do estilo de vida adotado pelo indivíduo .
Ênfase no processamento da informação
Os modelos que enfatizam o processamento da informação preocupam-se com abordagem intelectual individual preferida para assimilação da informação. Incluem aí o constructo de complexidade cognitiva de Schemck’s (1983), o modelo de processamento da informação de Kolb (1971) e o Inventário Revisado de Abordagem para Estudo (RASI – Revised Approaches to Studying Inventory) criado por Entwistle & Tait em 1994.
Kolb em Plovnick (1975) propõe uma teoria experiencial que envolve quatro fases organizadas em duas dimensões polares opostas. A primeira envolvendo aspectos relativos a percepção de conceitos, que apresenta dois pólos; a experiência concreta (CE) e a conceituação abstrata (AC). A segunda dimensão envolvida com a crítica destes conceitos. Neste caso polarizada entre a experimentação ativa (AE) e a observação reflexiva (RO). Postula assim quatro tipos de aprendizes dependendo do seu posicionamento nestas duas dimensões.
O convergente é definido como tendo método de aprendizagem dominante na conceitualização abstrata e experimentação ativa. Tendem para a aplicação prática das idéias. O divergente tendo o estilo de aprendizagem oposto ao convergente, prefere a experiência concreta e a observação reflexiva. Gostam de ver as situações concretas por várias perspectivas. Esteia-se no pensamento divergente para suas tarefas de aprendizagem. O assimilador tem como método dominante de aprendizagem a conceitualização abstrata e a observação reflexiva; como os convergentes é interessado em conceitos abstratos , mas é menos preocupado com a aplicação prática de conceitos ou teorias. O conciliador tem o estilo de aprendizagem oposto ao assimilador, sua preferência é por experiência concreta e experimentação ativa. Gosta de fazer coisas, levando adiante planos e experimentos, se envolvendo em novas experiências.
Por exemplo, uma criança no estágio de operações concretas (Piaget) é basicamente assimiladora no seu estilo de aprendizagem. Ela desenvolve conceitos e teorias que selecionam e conformam sua experiência (Kolb, 1971).
Por último, há o Inventário Revisado de Abordagem para Estudo (RASI) criado por Entwistle & Tait (1994), compreendendo 38 itens de auto – relatório destinado a medir abordagens de aprendizagem no contexto do ensino superior. Os itens foram conceituados e projetados para cinco orientações de aprendizagem, correspondendo a cinco sub – escalas do inventário: abordagem profunda, abordagem superficial, abordagem estratégica, sem rumo (lack of direction) e auto – confiança acadêmica. As propriedades psicométricas das três primeiras sub – escalas foram moderadamente satisfatórias e no item separabilidade, as outras duas foram insatisfatórias, segundo conclusões de Waugh e Addison (1998), usando um moderno modelo de medida de Rasch (1980) e investigando o projeto conceitual do inventário. Sugerem que o inventário pode melhorar conceitualmente se acrescentar mais itens relativos a atitudes, intenções e comportamentos.
A abordagem para estudar, foi testada pelo Inventário Revisado de Abordagens para Estudo (RASI), por Sadler-Smith e Tsang (1998) em alunos de contexto culturais diferentes. Verificou-se que essas abordagens não podem ser vistas isoladas dos fatores contextuais e as conceituações de memorização requerem além da teórica, uma elaboração empírica.
Outros
Modelos de ênfase na interação social ressaltam a forma dos estudantes interagirem em sala de aula. Por exemplo, os tipos de aprendizes de Reichmann e Grasha (1974): independente, dependente, colaborativo, competitivo, participante e isolado.
Quando a ênfase dirige-se para as preferências instrucionais e multidimensionais, a preocupação é com a escolha individual de ambientes educacionais. Por exemplo o modelo de processamento da informação humana (Keefe, 1989) ou o modelo de estilos de aprendizagem de Dunn e Dunn (1978). Segundo Griggs, este modelo foi selecionado por ser considerado relevante para utilização no projeto de aconselhamento, já citado anteriormente.
Senti falta da indicação bibliográfica. Em que obras se encontram as afirmações feitas no texto?
Obrigada
Georgina