No caminho, com Maiakóvski
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
Nota: Trecho do poema “No caminho, com Maiakóvski“, muitas vezes erroneamente atribuído a Vladimir Maiakóvski. Seu autor, o poeta Eduardo Alves da Costa, garantiu que Maiakóvski nada tem a ver com o poema, em matéria na Folha de São Paulo, edição de 20.9.2003.