Laços
Quando enlaço com o cipó as partes de bambus, para fixá-los na cerca, jamais consigo pensar. Apenas sinto intensa excitação, um certo gozo de harmonia grande, algo que às vezes me faz chorar de alegria: eu sou o laço. E o laço está certo, tão certo como flor… Ao juntar dois bambus maduros, o laço apenas os abraça com pouca pressão, pois eles não têm excessos de viço para se evaporar, e quase não diminuirá, com o tempo, a força da junção.
Se são secos os dois, o laço parece tênue e fraco; mas não é. Não são necessárias fortes pressões para mantê-los juntos, pois os dois não têm mais como se transformarem.
Com dois verdes, o laço os aperta um ao outro com paixão e envolvência; abraçados fortemente, gemem no gozo de união tensa e estalam, rangem de prazer sob o sol, o vento e a chuva. Eles querem… e o laço tem de ser forte. Se for frouxo eles logo se separam, caindo da cerca assim que o viço começar a desaparecer.
Floro Freitas de Andrade, O Fazedor de Cercas.