Ei, o que está acontecendo?
O corpo é palco de acontecimentos desconhecidos da alma, ou, nas palavras do escritor Peter Altenberg: “A doença é o grito de uma alma agredida”. Trata-se, pois, de descobrir o que a agride, e para tanto o corpo oferece as indicações necessárias. O corpo pode ser alçado à condição de palco no qual encontramos representada a nossa tarefa de crescimento e aprendizado. O meio de expressão do corpo é a linguagem simbólica, do modo como a encontramos em todos os mitos e tradições religiosas, nas ilustrações de lendas e contos de fadas e, naturalmente, nesse veículo simples e direto que é a linguagem corrente.
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A linguagem do corpo – da qual a linguagem dos sintomas é apenas uma dentre importantes subformas linguísticas – é a mais falada de todas as línguas. Todos a falam, mesmo que nem sempre o façam conscientemente e que muitos jamais cheguem a compreender o que lhes diz o próprio corpo. Todos trazem o conhecimento de uma linguagem corporal quase em estado de latência, e por isso mostram algum assombro ao tê-la subitamente avivada. É como se ela pertencesse a um tesouro do saber que não podemos abarcar, e que desde tempos imemoriais estivesse adormecida em nós, esperando para ser despertada.
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Rüdiger Dahlke, A Doença como Símbolo.