Digressões Inconsequentes Sobre o Dia dos Namorados
Namorado é quem acaba compreendendo porque está junto. Mesmo que pese, mesmo que doa. Mesmo que venha sendo ou tenha sido difícil…
Namorado é quem provoca a outra parte como forma de se aproximar dela. É quem fere e arranha para depois beijar…
Namorado é o que reclama mesmo injustamente, mas para poder ser amado à sua maneira, muito mais e melhor…
Namorado é um pedaço de possibilidade em forma de deslumbramento. É um clima, um estado especial, uma espécie de vertigem com gosto de chegada à lua, misturado com refresco de pitanga…
Namorado, portanto, é o eterno proibido, porque é sempre aquele que ainda vai conseguir. Mesmo de quem pode. Namorado é um estado do sentir antes de qualquer encontro e de todas as suas descobertas, mesmo as impossíveis; pouco importa se ocorre entre casados, solteiros, noivos, viúvos ou namorados mesmo…
Namorado é tudo o que representa o melhor de cada um de nós, distribuído em mil faixas de luz. São as luzes das partes que nunca alcançamos; são as luzes das vontades que nunca satisfizemos e nunca satisfaremos; são as luzes dos sentimentos que nunca-envelheceram; são as luzes dos sonhos que nunca se apagaram, porque deles nutrimos a ânsia de viver, num mundo onde os namoros são a prova de que as pessoas estão ávidas do Encontro com o que são e gostariam de trocar.
Namorado: um espelho que reflete o outro, o morador desconhecido dentro de nós. Euele. Eleeu. Eutu – Tueu – Nós.
Artur da Távola