“Carnavalescando”
O bloco, ainda tímido, se organiza para mais uma exposição sobre o asfalto. Seus integrantes, em câmera lenta, se adornam com discretas alegorias, apropriadas às suas contidas marchas.
Foliões, concentrados nos seus shows particulares de introspecção, mergulham “carnavalescando” meio desengonçados nas suas emoções. Cada um na sua marcha, na cadência de quem, ainda meio sonâmbulo, segue no baixo ritmo do seu corpo. Pensamentos vagueiam por tudo o que se moveu e deixou de mover, como foliões das suas aspirações, respirações e inspirações.
O Bloco, ainda tímido, dá os seus primeiros passos. Agora inspirado no desejo, ainda contido, de soltar o grito, de cair na folia, de “molejar” o corpo.
Na marcha das suas marchas carnavalescas, o bloco, como um ser autônomo, busca em seus integrantes foliões a coragem, a ousadia, a força, para, em se abandonando, largarem-se sobre o asfalto, abrindo a garganta, cantando a sua voz, brincando o seu corpo e reinando com seus pés e sua graça.
E “carnavalescando”, todos nós, seguimos no nosso show diário, reinando no cadenciado das nossas vidas escolhidas e consentidas.
Vamos “Carnavalescar”?
Maria Teresa