As miudezas que ninguém fotografa: rotina, lembranças, silêncio!
Guarde o quase nada: o cheiro que escapou da panela no domingo, a voz do seu pai chamando você de um jeito que só ele sabe, a pergunta repetida da sua mãe só para confirmar que está tudo bem, o gesto quase invisível de alguém ajeitar o que você nem percebeu que precisava, um cuidado que não faz barulho, mas aquece.
Essas miudezas que ninguém fotografa, mas que partem a gente ao meio quando somem.
Porque o tempo não avisa que está levando tudo; ele só passa a mão por cima e, quando percebemos, o que era rotina vira lembrança e o que era lembrança vira silêncio.
Por isso, olhe direito, toque o ombro de quem você ama, deixe a luz cair no rosto deles, respire fundo como quem tenta guardar o instante inteiro. No fim, família é isso: um punhado de cenas comuns que, sem pedir licença, decidem ficar para sempre.
Ju Fuzetto, Um Vento na Ilha.





