Aprendendo com seus erros…
…”Por que não se sentam um minuto para descansar?” sugeriu a Rima. “Tenho certeza de que devem estar esgotados. Estão viajando há muito tempo?”
“Há dias”, suspirou o exausto cachorro, enroscando-se sobre uma grande almofada de plumas.
“Há semanas”, corrigiu o inseto, deixando-se cair numa funda e confortável poltrona, pois lhe parecia que havia passado muito tempo.
“Foi mesmo uma longa viagem”, disse Milo, acomodando-se no sofá onde estavam sentadas as princesas, “mas teríamos chegado aqui muito antes se não tivéssemos cometido tantos erros. Infelizmente, foi tudo culpa minha.”
“Você nunca deve ficar aborrecido por ter cometido um erro”, explicou a Razão calmamente, “desde que trate de aprender com ele. Com frequência as pessoas aprendem mais por terem cometido um erro com boas razões do que por estarem certas pelas razões erradas.”
“Mas há tanta coisa para aprender”, disse ele, pensativo, franzindo a testa.
“Sim, é verdade”, admitiu a Rima, “mas não é só aprender que é importante. O que importa é aprender o que fazer com o que você aprendeu e compreender por que deve aprender as coisas.”
“É o que eu queria dizer”, explicou Milo, enquanto Toque e o exausto inseto mergulhavam num sono tranquilo. “Muitas coisas que eu deveria saber parecem tão inúteis que não vejo nenhum sentido em aprendê-las.”
“Talvez não veja agora”, disse a princesa da Razão Pura, olhando com ar compreensivo para o rosto de Milo, onde se liam suas dúvidas. “Mas tudo o que aprendemos tem um propósito, e tudo o que fazemos afeta tudo e todos…”
(Norton Juster: Tudo depende de como você vê as coisas, p234, 2011)