Analisado, sim… Mas preservando a espontaneidade!
Se as pessoas são superanalisadas, não será por culpa do analista, que terá fornecido excessiva interpretação, sem deixar ao analisando a iniciativa de seu próprio processo?
Dra. von Franz: Eu não diria isso. Eu penso que poderá contribuir para esse estado lamentável mas, em geral, de acordo com a minha experiência, essa não é a única razão. Conheço analistas que são completamente passivos e primam em não interferir mas, apesar disso, podem ainda produzir analisandos superanalisados, porque eles mesmos fazem isso!
Pois o que foi positivo no começo, a necessidade de descobrir, de refletir e compreender o que está acontecendo, é vivenciado como algo muito reparador. Eles saíram de um problema por reflexão, por meditação sobre esse problema e, naturalmente, como isso possuía uma qualidade tão reparadora no início, vão em frente e acabam perdendo o momento certo.
Penso, inclusive, que é necessário que cada caso atinja um período de super análise, que isso é uma fase necessária do trabalho, um estágio que deve ser alcançado para que então possa ocorrer esse retorno consciente, isto é, a percepção consciente da necessidade de retornar à espontaneidade, e de retornar a ela de uma forma constante, pois caso contrário, a pessoa resvalará inconscientemente para o estado anterior.
Marie-Louise Von Franz, Alquimia: Introdução ao Simbolismo e à Psicologia, pg 202-203, Cultrix, 1993.