A Mediocridade Prevalece!?
Como pregam sabiamente os mestres espirituais do Oriente, o caminho do meio é o caminho do equilíbrio, caminho sem excessos, sem exageros. Caminho da paz, da saúde, da visão.
Quando atingimos este estágio estamos mais iluminados, mais amadurecidos. Adquirimos maior discernimento das coisas, das situações e de nós mesmos.
Conquistamos maior auto confiança e auto conhecimento.
No entanto, se não soubermos a medida e a qualidade deste “meio”, podemos incorrer no erro de vivermos o “meio” como “médio”, “mediano”. E se ficamos na “média”, corremos o risco de permanecermos no “igual”, no “morno”, no “regular”. É assim mesmo. Passamos a ser regulados pela média do grupo, da turma, da escola, do mercado de trabalho. Saímos do excesso dos extremos para sermos regulados pelo excesso de “meio”. Passamos a ser “metade”. Mas…metade do que? metade de quem? metade de onde?
Se, enquanto pessoas em potencial, não sabemos o que temos, não sabemos quem somos e não sabemos para onde queremos ir, como identificarmos o nosso caminho do meio? E agora “meio” como o caminho do equilíbrio, da luz, da paz e da grandiosidade.
A banalização do caminho de meio levou e está levando o ser humano a perder a sua individualidade; a sua condição de indivíduo especial. Crianças e adolescentes estão crescendo aprendendo que “irado” é ser igual. Não igual na solidariedade, no caráter, nas competências que unidas fazem crescer. Mas igual como o estreito caminho do meio, o caminho da “média”, que torna o ser humano medíocre na sua dignidade e auto valorização.
O valor está naquilo que é popular. Sabemos, até mesmo, que o popular não é, necessariamente, ruim, quando temos clareza do que é “meu” em especial. Quando o ser humano tem consciência de si próprio enquanto indivíduo, ele pode estar no coletivo sem perder o seu aspecto particular. Aí ele pode crescer, se diferenciar, sair do médio, sair da média. E então atingirá o “mais”, o “melhor”, o “maior”. É importante ressaltar que aqui o referencial não é o outro nem o grupo, mas sim ter a si mesmo como referência. É dar o melhor de si para atingir níveis cada vez maiores de consciência, de conhecimento, de humanidade e de valorização da sua capacidade de se solidarizar e de se emocionar diante da vida, do outro e de si mesmo.
A Mediocridade Prevalece? Será? Ou, simplesmente, não podemos, por algum motivo, respeitar e acreditar na nossa capacidade de transpor barreiras? Barreiras estas que nos são impostas, talvez, desde que viemos ao mundo. É um “não” mal dado, é um “grito” em hora errada, um “cala boca” ameaçador, um “você não serve prá nada”; ou seja, são tantas as atitudes limitadoras, que crescemos construindo mundinhos de valores tão ínfimos que nem percebemos o tamanho do nosso poder de transformação, de fazer mudar.
Portanto, vai aqui um alerta: Que cada um de nós possa olhar para crianças e adolescentes, com uma visão mais ampla, que nos permita reconhecer e acreditar na sua capacidade para a amizade, para a solidariedade, para o conhecimento e, principalmente, que possamos ser capazes de perceber os seus desejos mais profundos de amor, de saber e de ser.
Maria Teresa G. P.Peixoto