A desculpa
Nunca estrague um pedido de desculpas com uma desculpa!
B. Franklin.
A desculpa, no sentido de anistiar, arruina a desculpa porque a sua função é justamente demonstrar culpa. Não a culpa que intoxica a alma, mas a verdadeira contrição por nossa responsabilidade. Quando tentamos nos “des”culpar antes de acolher a culpa não reconhecemos o status da nossa posição numa relação. Assim como outras espécies baixam a cauda ou gesticulam demonstrando sua admissão de uma condição e a comunicam, permanece o status de embate. Então nunca adiante uma justificativa ou recusa porque o sujeito da “desculpa” não é o outro, mas a absolvição é o indulto de si mesmo. Você se desculpa e não o outro te desculpa. Essa inversão não atende a dor do outro, ao contrário, acrescenta à mesma. O instinto é nos inocentar, porém o pedido de desculpas deveria fazer exatamente o oposto.
Nilton Bonder.