A ação no ócio
Já me perguntei várias vezes se os dias em que somos obrigados a ser ociosos não são justo os que passamos na mais profunda atividade. E se nossa própria ação, quando vem mais tarde, não é apenas o último eco de um grande movimento que ocorre nos dias inativos.
Em todo caso é muito importante ser ocioso com confiança, com entrega, se possível com alegria. Os dias em que nem mesmo nossas mãos se mexem são tão excepcionalmente silenciosos que mal é possível erguê-las sem ouvir um monte de coisas.
Rainer Maria Rilke, Cartas do poeta sobre a vida.
Ilustração: Doce ócio (detalhe), John William Godward