As Senhoras Colher de Pau
Era uma vez uma senhora tão direita, tão composta, tão solene, tão emproada, que parecia ter engolido uma grande, enorme colher de pau.
A Senhora Colher de Pau achava que o mundo lhe devia agradecer por existir.
A Senhora Colher de Pau queria palmas, ovações e caras de espanto à sua passagem.
A Senhora Colher de Pau subia às montanhas mais altas para ouvir o eco das palavras que proferia “Sou maravilhosa, soberbaaaa Sou maravilhosa, soberbaaaa..”
A Senhora Colher de Pau não andava, marchava que nem um soldado.
A Senhora Colher de Pau não se dobrava, fazia flique -flaque para não se amachucar.
A Senhora Colher de Pau não falava, articulava e sempre em francês.
A Senhora Colher de Pau não abraçava, enlaçava, mas com grande e desagradável distância.
A Senhora Colher de Pau era uma infeliz… pois não se despenteava, não se lambuzava, não se ria até doer a barriga, não amava, nem beijava.
São assim, as Senhoras Colher de Pau deste mundo.