Puer: a anergia impulsora
Em seus estudos sobre os arquétipos, Jung deixou claro que, como padrões de comportamento, eles trazem em si toda a energia capaz de contribuir para o processo de individuação e que essa energia se manifesta no indivíduo de forma involuntária e inconsciente. Ao analisar o arquétipo da criança, o Puer, Jung entendeu que ele não só carrega em si o aspecto pré-consciente da infância da alma coletiva, ou seja, algo do passado longínquo, como também a força do futuro, o que quer dizer que o arquétipo contém o futuro em potencial.
Assim ele se expressa:
“A vida é um fluxo, um fluir para o futuro, e não um dique que estanca e faz refluir. Não admira, portanto, que tantas vezes os salvadores míticos são crianças divinas. Isto corresponde exatamente às experiências da psicologia do indivíduo, as quais mostram que a “criança” prepara uma futura transformação da personalidade. No processo de individuação antecipa uma figura proveniente da síntese dos elementos conscientes e inconscientes da personalidade. É, portanto, um símbolo da unificação dos opostos, um mediador, ou um portador da salvação, um propiciador de completude.”
(Jung, v.IX/1.§ 278)
Robson Goudard Santarém – Autoliderança, Uma Jornada Espiritual.