Pessoas como casas que acolhem
Passo para dizer que gosto de pessoas tipo casa. Não temem a luz nem se ausentam quando precisamos delas nos instantes mais frios da vida. Têm portas e janelas que se abrem a partir do exterior e do lado de dentro. Estão fechadas ou abertas. Nunca entreabertas para poderem espreitar através das cortinas ou de frinchas de luz. Surgem do nada apenas para dizer que estão presentes, que sentem, que escutam e abraçam como cobertores que aconchegam. Silenciam-se e ausentam-se quando pedimos para ficarmos mais recolhidos. Porque a amizade também é silêncio, espaço e uma dádiva de tempo.
São pessoas com quem nos sentimos abrigados, livres, aceites… e nunca julgados, muito menos humilhados. A casa tem sempre um coração que pulsa, uma chama que aquece, água fresca que nos lava e alivia.
Lília Tavares.