O medo do sucesso
Em 1915, Freud observou, tratando as neuroses, um fenômeno inesperado em alguns de seus pacientes. O sucesso profissional provocava neles uma grande ansiedade. “Para algumas pessoas, o sucesso equivale a uma morte simbólica do genitor do mesmo sexo”. Nós temos medo, quando conseguimos alguma coisa, de humilhar os nossos pais.
Uma tal ideia vai criar, ao lado da ansiedade, um sentimento de culpa, produzindo um estado de melancolia que pode durar vários anos. Freud descrevia estas pessoas como aquelas a quem o sucesso destrói. Pelo medo de fazer melhor que os seus pais, de vencer onde eles não conseguiram, seja a nível profissional, seja a nível afetivo.
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Isso pode parecer curioso, porque nós sempre desejamos que nossos filhos sejam melhores do que nós fomos. É o que os pais geralmente dizem. Eles dizem. Mas nem sempre dizem de todo o coração. Porque se um filho de torna mais rico ou mais feliz, ele lhes escapa, sai da família. E inconscientemente (e claro, nós estamos na esfera do inconsciente) eles seguram seus filhos no mesmo estado social em que eles pararam e no mesmo estado de dificuldade afetiva em que eles pararam.
Enquanto o sucesso fica no nível do sonho, do desejo, a neurose do sucesso não se manifesta necessariamente. Mas desde que este sucesso se torna uma realidade, por exemplo, após uma promoção, pode ser que aquele que foi beneficiado não o suporte.
Freud dirá que as pessoas adoecem, porque um de seus sonhos, o mais profundo e duradouro, se realiza.
Jeans Yves Leloup, Caminhos Da Realização.