Para ser um “bom terapeuta”
Hoje acordei com uma pergunta em mente.
O que é preciso para ser um “bom terapeuta”?
Como sempre, a alma respondeu…
Para ser um “bom terapeuta” é preciso conhecer as próprias feridas, pois elas fazem parte da verdade mais profunda que nos ensina que é através da nossa própria dor que podemos sentir a dor do mundo e nos sentir parte dele também.
É preciso ser capaz de acolher as próprias lágrimas, embalar os próprios medos, aceitar os momentos de raiva e hesitação. É preciso conhecer as paredes da própria prisão, sem deixar de pressentir a luz que chega através das grades. É preciso reconhecer-se também nessa luz, e nas estrelas, e nos rios, e nas montanhas, e no canto dos pássaros, e no sorriso de uma criança.
É preciso sentir-se parte da natureza e não conseguir deixar de suspirar ao assistir à beleza de um silencioso pôr do sol.
É preciso ter senso de humor, saber criar alegria e leveza sem precisar negar a dor e a tristeza.
Um “bom terapeuta” é um equilibrista e sempre tem um pouco da alma do artista. É preciso ter amado profundamente um outro ser humano, e ter sido capaz de entregar-se totalmente a esse amor.
Tudo isso é preciso para ser um “bom terapeuta”, e muito mais.
Um “bom terapeuta”…
…acredita na simplicidade de ser apenas quem é, e faz disso sua oferenda. Seus maiores recursos são a sensibilidade e a reverência que sente ao se encontrar frente a outro ser humano, a profunda compaixão que sente por sua dor e o vislumbre do potencial infinito de sua essência.
Quando olha para um outro ser humano, um “bom terapeuta” não vê apenas o que existe, mas também as maravilhosas possibilidades de vir a ser. Vê na semente adormecida toda a beleza da flor já aberta para o mundo. O maior dom de um “bom terapeuta” é ser capaz de compartilhar essa visão.
Um “bom terapeuta” é capaz de abrir mão de anos de estudos e teorias em troca de um momento de verdade sobra o qual ninguém nada escreveu ainda.
É capaz de ouvir as pessoas com seu coração, vale sagrado que existe além do certo e do errado, encontrando a presença do divino em qualquer manifestação.
É capaz de permanecer incondicionalmente ao lado do outro para ajudá-lo a aceitar e compreender que sua vida é o fruto doce ou amargo de suas próprias escolhas. É capaz de ajudar o outro a reencontrar sua capacidade de sonhar, para que dessa forma ele possa fazer escolhas diferentes, que tornem mais doces os momentos de sua vida.
Um “bom terapeuta’ nunca desiste. Nunca desiste de seu caminho, da possibilidade de um mundo melhor com mais harmonia, mais vida e mais alegria. Nunca desiste de si mesmo. Nunca desiste de ninguém. É persistente, paciente, existente; embora nunca esqueça que cada pessoa tem o livre arbítrio para decidir seu próprio rumo. Sabe que não é responsável pelo outro ou por suas dificuldades, embora participe intensamente de cada passo dado por ele no caminho da vida.
Um “bom terapeuta” às vezes se sente frágil e cansado e nesses momentos sabe procurar ajuda. Sabe que muitas vezes ainda se sentirá impotente e fracassado e que não será capaz de fazer muitas das coisas que são esperadas de um “bom terapeuta”.
Eu reli tudo o que tinha escrito,
E me senti muito pequena,
incapaz de tarefa tão grande.
Foi então que encontrei a luz…
Para ser um Terapeuta é preciso, apenas, Ser.
Não um “bom terapeuta”.
Ser quem você é.
Talvez não tão perfeito ou tão equilibrado quanto gostaria,
talvez muitas vezes inseguro, ou confuso, ou assustado;
talvez muitas vezes triste, ou com raiva,
e ainda assim você.
E mais.
É preciso que você se sinta Divino mesmo assim,
que tenha uma crença na bondade infinita de um Deus que nos ama,
apesar de termos esquecido quem somos,
apesar de tantas vezes sermos incapazes de amar.
Ser Terapeuta não é uma profissão,
é um ato de amor,
E como qualquer ato de amor,
deve começar por aceitarmos e amarmos a nós mesmos.
Patrícia Gebrim