O ser humano é o ser que brinca
O ser humano não é o ser que pensa, não é o que trabalha; é simplesmente o ser que brinca, que joga. E, embora possa ser obrigado a viver tragicamente, na verdade o homem precisa é viver ludicamente.
Para acreditar mais na força e verdade do prazer, do que na força e verdade da dor como referencial mais preciso e profundo da descoberta do que realmente somos. Por isso, terapia é um desaprender prazeroso do que foi aprendido dolorosamente pelo medo. E reaprender a vida pelo prazer é algo simples e fácil (um brinquedo e um jogo), pois isso já nascemos sabendo mas nos desensinaram.
Enfim, a terapia assim entendida, leva vantagem, pois remamos a favor da corrente. Basta, então, tirar o medo da dor do caminho, que vamos direto à nossa pessoa original. Que não é boa nem má, nem certa nem errada. É só o que ela é, apenas o que ela pode ser.
Quem não consegue ser aquilo para que nasceu, compreenderá e sentirá muito bem o que escrevi muitos anos atrás, numa crise de perda de identidade: “Há momentos em que a gente sente que a vida pode ter fim antes da morte da gente.”
(Roberto Freire: Viva Eu, viva Tu, Viva o rabo do Tatu, Global Ed., 1981)