Um conto de Natal
Eu estava em São Francisco, a poucos dias do Natal. As lojas já começavam a ficar entupidas e multidões esperavam impacientemente pelos ônibus e bondes no fim da tarde.
Quase todo mundo carregava pilhas de pacotes, e o cansaço era tanto, que eu comecei a me perguntar se os inúmeros amigos e parentes mereciam mesmo aqueles presentes e tanto sacrifício. Esse não era bem o espírito de Natal que eu desejava.
Finalmente fui literalmente empurrada para dentro de um bonde superlotado, e a idéia de ficar ali como sardinha em lata até chegar em casa foi se tornando insuportável. O que eu não daria por um lugar sentada!
À medida que algumas pessoas foram descendo, consegui respirar melhor e comecei a notar os outros passageiros. Com o canto do olho, vi um menino pequeno, de pele escura – não podia ter mais do que seis anos -, puxando a manga de uma mulher e perguntando: “Quer se sentar?” Ele a levou até o assento vago mais próximo e partiu em busca de outra pessoa cansada…
Finalmente, quando senti um puxão em minha própria manga, já estava completamente fascinada pelo menino. Ele me pegou pela mão e com um sorriso do qual jamais vou me esquecer disse: “Venha comigo.”
Os passageiros do bonde, que em geral viajavam olhando para a frente e evitando os olhares dos vizinhos, começaram a trocar sorrisos…
Em pouco tempo, as pessoas conversavam. Aquele menininho havia realmente mudado alguma coisa…
Quando cheguei ao meu ponto, saltei do bonde pisando nas nuvens e desejei sinceramente ao motorista “Feliz Natal”. Pela primeira vez percebi como as casas de minha rua estavam lindamente iluminadas e pensei em reunir os vizinhos para um chá antes do fim do ano…
E de repente o Natal deixou de ser uma estressante festa de consumo para adquirir seu verdadeiro sentido. Mais uma vez era um menino que, com seu gesto de amor, anunciava nossa verdadeira vocação.
(Autor desconhecido. Canfield & Hansen, Histórias para aquecer o coração 2)