Resistir significa não deixar entrar. O polo oposto da resistência é o amor. Podemos definir o amor de vários ângulos de visão: no entanto, qualquer forma de amor pode ser reduzida ao ato de deixar entrar. No amor, o ser humano abre suas fronteiras e deixa entrar algo que até então ficava do lado de fora. Na maior parte das vezes, denominamos essa fronteira de eu (ego) e tratamos tudo o que fica fora dessa identidade pessoal como tu (o não-eu). No amor, essa fronteira se abre para que o tu possa entrar e, através da união, se transforme também em eu. Em toda parte onde colocamos fronteiras, não amamos; por outro lado, sempre que deixamos entrar, amamos. Desde Freud usamos a expressão “mecanismos de defesa” para aqueles jogos da consciência cuja missão é impedir que venham à tona conteúdos de aparência ameaçadora, oriundos do nosso inconsciente.

Torna-se importante enfatizar neste ponto, para não perdemos de vista a igualdade entre microcosmo e macrocosmo, que toda forma de recusa e resistência a qualquer manifestação proveniente do ambiente é sempre a expressão externa de uma resistência psíquica interna. Toda resistência fortalece o nosso ego, visto que ela acentua a fronteira.

Thorwald Dethlefsen e Rüdiger Dahlke, A Doença Como Caminho

 

 

Olhe para tudo o que realmente te pertence. Só você sabe e pode cuidar. Você é responsável por isso. Mas sem radicalismos! É nas trocas e com boa vontade que todos nós crescemos.
Maria Teresa Guimarães

Não espere que as pessoas lutem a sua guerra, chorem as suas lágrimas ou caminhem com os seus pés.
Ninguém, por mais que deseje, consegue se colocar no seu lugar.
Você é único e seu aprendizado é intransferível.
Não crie expectativas.
Não se debruce.
Não espere reconhecimento.
Peça ajuda quando precisar, mas não dependa de ninguém.
Não se culpe.
Não se cobre.
Use as ferramentas disponíveis e evolua como puder. Agradeça por toda experiência, seja ela boa ou ruim.
Abençoe seu passado.
Viva seu presente.
Creia que está fazendo o melhor que você pode e deixe sua consciência te aplaudir.

Juliana Nishiyama.

 

Quem dera a gente aprendesse a viver cada dia como se fosse o último. O último para dizer ‘obrigada, me desculpa, eu te amo’…

O último para abraçar cada pessoa amada com aquele abraço bom que faz um coração cantar para o outro. O último para apreciar a vida com o entusiasmo que não guarda nenhuma ternura para depois.

O último para fazer as pazes, desfazer enganos, saborear com calma a preciosidade genuína que cada respiro humano representa…

Quem dera a gente aprendesse a viver cada dia como se fosse o último! Não perderíamos uma chance para nos presentearmos com os agrados que nos nutrem, criaríamos oportunidades para dizer do nosso amor…

Para expressar nossa admiração, destacar para cada pessoa a beleza singular que ela tem. Para compartilhar…

Não adiaríamos delicadezas, não pouparíamos compreensão, não desperdiçaríamos energia com perigos imaginários e com uma série de bobagens que só nos afastam da vida.

Quem dera aprendêssemos a viver cada dia como se fosse o último…

Porque pode ser…

Ana Jácomo

 

Cure-se com a luz do sol e os raios da lua. Ao som do rio e da cascata. Com o balanço do mar e o bajulamento dos pássaros. Cure-se com menta, neem e eucalipto. Adoce com lavanda, alecrim e camomila. Abrace-se com feijão de cacau e uma pitada de canela. Coloque amor no chá em vez de açúcar e beba olhando para as estrelas. Cure-se com os beijos que o vento te dá e os abraços da chuva. Fique forte com o os pés descalços no chão e com tudo que vem dele. Seja cada dia mais inteligente ouvindo sua intuição, olhando o mundo com a testa. Pule, dance, cante, para que você viva mais feliz. Cure-se a si mesmo, com amor bonito, e lembre- se sempre… você é o remédio.

Maria Sabina.

 

Eu não sei você, mas eu quando preciso de paz, falo em harmonia e calmaria…
Quando preciso de afeto, falo de amor, mimos, carinho.
Quando preciso de coragem espalho mensagens de incentivo.
Faço assim com tudo aquilo que é importante para mim no momento.
Quando quero esses sentimentos pertinho de mim, me cerco dessa energia de todas as formas, todos os dias, os alegres, os tranquilos, os doídos…
Mania esquisita a minha, jeito estranho de levar a vida, eu sei…
Aí me perguntam se eu não sinto ou falo em tristeza e dor?
Claro que sim, mas bem baixinho, sem muito alarde, que é pra elas não escutarem.
Não quero que se acomodem ao meu lado, que pensem que o lugar delas é aqui. Perto só o que é bom…
Hoje por exemplo deixei em sua mesa um bilhetinho falando manso em saudade e do quanto faz bem um abraço.
Você já leu?

Rita Maidana – Inspire.

 

Umberto Eco, dono de 50.000 livros, tinha isto a dizer sobre bibliotecas domésticas:
“É tolice pensar que tem de ler todos os livros que compra, pois é tolice criticar aqueles que compram mais livros do que alguma vez conseguiram ler. Seria como dizer que deve usar todos os talheres ou óculos ou chaves de fenda ou brocas que comprou antes de comprar novos.
“Tem coisas na vida que precisamos ter sempre abundância, mesmo que usemos apenas uma pequena porção.
“Se, por exemplo, consideramos os livros como medicina, entendemos que é bom ter muitos em casa em vez de alguns: quando se quer sentir melhor, então vai ao ‘armário dos remédios’ e escolhe um livro. Não um aleatório, mas o livro certo para aquele momento. É por isso que você deve ter sempre uma escolha nutricional!
“Quem compra apenas um livro, leia apenas esse e depois se livra dele. Eles simplesmente aplicam a mentalidade do consumidor aos livros, isto é, consideram-nos um produto de consumo, um bem. Quem ama livros sabe que um livro é tudo menos uma mercadoria.”
Via Antonio J. C. Couto, Mala d’estórias.

Em nosso silêncio, diferentes qualidades de consciência podem se manifestar. Coisas muito antigas podem voltar e elas nem sempre serão agradáveis. Às vezes, são fantasmas que voltam, pessoas sobre as quais não falamos em nossas famílias e que pertencem ao inconsciente transgeracional.

Isso pode ser também o inconsciente coletivo que se expressa em nós e nos faz sentir uma grande tristeza, uma dor que nos atravessa. Talvez essa dor não esteja ligada à nossa história pessoal, ela pode ser o estado da sociedade na qual estamos e que sofre em nós e através de nós. Nesses casos, é bom nos lembrarmos que existe, em nossa mais íntima profundeza, algo de mais profundo ainda e não nos fecharmos nesses estados de consciência poderosos que podem nos conduzir ao desespero.

Por vezes, podemos sentir em nossos corpos o estado da terra. Podemos sofrer com as árvores, com nosso meio ambiente… Não é loucura nem alucinação, talvez seja simplesmente o sinal de uma grande sensibilidade.

É preciso ainda colocar a questão: Como não ser objeto dessa sensibilidade, mas seu sujeito? Não ser objeto das circunstâncias, mas seu sujeito, o Eu Sou que contém todos os acontecimentos? Há essa voz interior que nos diz: lembra-te do Ser que está em ti, o Ser de luz, o Ser de paz, o sujeito livre que está em ti: Eu Sou… Trata-se de ir ainda mais fundo…

Na superfície do oceano pode haver tempestades, mas o fundo do oceano está sempre calmo. Quando meditamos, às vezes atravessamos tempestades que são diferentes para cada um de nós. Há tempestades no nível dos pensamentos, no nível das emoções, ou algo que nos faz mal no nível do corpo. Em todos os casos, podemos pensar no Eu Sou que está em repouso no fundo do barco…

Jean-Yves Leloup, Quem é meu mestre? À escuta do mestre interior.

 

Posso estar sendo tendenciosa nesse meu apelo, afinal, sou Psicóloga! Sou Psicoterapeuta!

Mas também sou Cliente! Sei do que estou falando! Sei desses dois lugares: o do Terapeuta e do Paciente! Sei do que o espaço terapêutico representa na minha vida e na vida das pessoas que aqui chegam! Sei das minhas transformações que aprendi a conduzir interna e externamente! Sei do compromisso com a seriedade, com o respeito, com o bom humor, com a disposição para estar, ver, ouvir, acolher e sentir a mim e ao cliente. Cliente que é você que, em confiança, abre a sua vida, o seu coração e suas dores, enfrentando com medo e coragem os monstrinhos que cutucam, incomodam e que fazem apertar os nós que sufocam. Porque sei cada vez mais de mim, posso te sentir, te perceber e te acolher, com consciência do meu lugar e do seu lugar no setting terapêutico, no espaço onde o encontro acontece. Aqui o seu encontro, mais do que comigo, é com você. Se assim não for, nada acontece. Você diz onde deseja estar na vida e onde quer chegar. E seguimos, assim, traçando caminhos para que as transformações possam acontecer. Somos, aqui, seres humanos simples, porém com nossas complexidades pessoais e individuais. Com consciência do que é meu e do que é seu, não vamos nos atrapalhar.

Eu, no lugar de Terapeuta, preciso saber cada vez mais de mim, preciso saber cada vez mais sobre o meu trabalho, sobre o que faço. É assim que vou desenvolvendo minhas competências que me tornam capaz de ajudar você a saber cada vez mais de si. E você, no lugar de Cliente, precisa saber cada vez mais dos seus quereres e da responsabilidade em se tornar uma pessoa, um indivíduo, cada vez mais consciente do lugar que quer ocupar dentro de você, na sua vida e no mundo.

Quer ser uma pessoa ainda melhor?
Faça Terapia!

Maria Teresa Guimarães.

 

A vida não aceita rascunhos. Muitas evoluções biotecnológicas vêm acontecendo rapidamente, possibilitando que mais pessoas vivam mais. Mas são as circunstâncias que a vida nos proporciona — ou não —, as escolhas que fazemos, que determinam como envelheceremos. Somos o reflexo do passado de muitos; do presente de outros tantos; e anunciamos a perspectiva de uma velhice futura, que será vivida de modo individual e coletivo.

Sobre a nossa bagagem genética atuam o ambiente e a cultura em que vivemos, os comportamentos assumidos e a passagem inevitável do tempo. Isso torna o envelhecimento um fenômeno individual e irrepetível.

Dessa forma, se é fato que nunca tantas pessoas alcançaram a velhice, também é verdade que vivemos um tempo paradoxal em que conflitam o desejo de continuar vivo e o medo de envelhecer. Se o tempo é nossa maior e finita riqueza, envelhecer cobra responsabilidade no uso do tempo conosco e com os outros.

Para apoiar as decisões sobre o uso do tempo, pesquisas têm demonstrado que o que promove felicidade e bem-estar na velhice são as relações que construímos ao longo da vida. É importante investir tempo no cultivo de relações construtivas: aquelas que apoiam não somente com elogios, mas com uma escuta ativa e crítica, que conseguem ler entrelinhas e estão disponíveis para acolher nossas derrotas e vibrar com nossas vitórias. Amanhã pode ser tarde demais para dizer, fazer, viver com pessoas que nos importam. Afinal, a vida é breve e imprevisível.

Além disso, o uso adequado do tempo pressupõe saber distribuí-lo entre os cuidados. O cuidado com o corpo, o cuidado com a mente, o cuidado com o espírito, o cuidado com as pessoas, o cuidado com o mundo…

Autocuidado é parte de uma perspectiva positiva de envelhecimento, pois significa assumir responsabilidade sobre o que fazemos, o que comemos, quanto tempo passamos sentados por dia, quanto tempo dedicamos a praticar atividades físicas, quanto tempo dedicamos ao trabalho, o que nos motiva.

E, como não há rascunho, é preciso fazer a vida valer a pena.

A vida sempre vale a pena quando investimos nosso tempo em tornar o mundo melhor. Não significa pretender ser um gênio ou um Prêmio Nobel da Paz. Basta olhar ao redor. Há muito a ser feito. Envolver-se com uma causa, cuidar do jardim da nossa casa ou das árvores da rua. Visitar pessoas. Observar vizinhos e amigos, estando atentos àqueles que estão menos presentes. Ser presente. Adaptar-se a situações novas. Guardar recursos e investir pensando no futuro. Precaver-se de fraudes e abusos. Aprender diferentes linguagens e idiomas. Valorizar desejos, compartilhar habilidades, criar oportunidades para conviver e aprender com outras gerações, ciente de que sempre é possível aprender. Desfazer-se de ressentimentos. Ousar ser você mesmo, independentemente do olhar dos outros. Isso inclui sonhar. Sonhar sempre, os sonhos não envelhecem…

Importante saber, que a longevidade de amanhã, eu construo hoje. Essa longevidade que já me habita, ainda que eu não a perceba, trará marcas do vivido e do não vivido, de memórias e esquecimentos, de encontros e despedidas, de saudades do que nunca viverei porque algumas pessoas já não estão mais aqui.

Como disseram Fernando Brant e Milton Nascimento: “São só dois lados da mesma viagem/O trem que chega é o mesmo trem da partida/A hora do encontro é também despedida/A plataforma dessa estação/É a vida desse meu lugar/É a vida desse meu lugar/É a vida…”

Karla Giacomin, médica geriatra e consultora da Organização Mundial da Saúde.

 

Como se transformaria o mundo e a nossa experiência se cada um de nós, enquanto vivos ou no momento de morrer, pudéssemos dizer essa oração, com Shantideva e todos os mestres da compaixão:

Possa eu ser um protetor dos desprotegidos,
Um guia dos que viajam,
E um barco, uma ponte, uma passagem,
Para os que desejam a outra margem.

Que a dor de cada criatura viva
Possa ser completamente afastada.
Que eu possa ser médico e remédio
E o enfermeiro
De todos os seres doentes do mundo
Até que todos estejam curados.

Tal como o espaço
E os grandes elementos como a terra,
Possa eu sempre sustentar a vida
De todas as infinitas criaturas.

E até que elas transponham a dor
Possa eu também ser a fonte de vida
Para todos os reinos de diferentes seres
Que se estendem até os confins do espaço.

O Livro Tibetano do Viver e do Morrer, Capítulo Treze.