Certa vez Santo Antônio entrou numa cidade em serviço de pregação. O senhor fidalgo, que lhe deu pousada, também lhe deu aposentos retirados a fim de não o perturbarem no estudo e na oração.
Estava o santo recolhidos, só em seus aposentos, quando o senhor fidalgo, descorrendo pela casa a tratar de sua vida, adregou passar perto e, levado por devota curiosidade, espreitou às escondidas, por uma fresta, o lugar onde o santo descansava. E o que havia de ver seus olhos? Um menino muito formoso e alegre nos braços de Santo Antônio. E o santo a contemplar-lhe o rosto, apertá-lo ao peito e a cobri-lo de beijos.
Ficou maravilhado o fidalgo com a formosura do menino e se espantava, não atinando como explicar de onde teria vindo criança tão graciosa e tão bela. E o menino, que outro não era senão o Senhor Jesus, revelou a Santo Antônio que seu hospedeiro o estava espreitando. Santo Antônio, depois de fim dar longa a oração, chamou o Senhor Fidalgo, humildemente, e lhe pediu que, enquanto ele vivo fosse, a ninguém contasse a visão que espreitara.
Só depois da morte de Santo Antônio, o Senhor Fidalgo, com lágrimas santas, contou o milagre que seus olhos indiscretos haviam contemplado.
Pe. Antônio Vieira.
Não existe dependência da terapia. O que existe é a vontade de manter a conexão consigo mesmo, consigo mesma. O caminho para isso é o autoconhecimento. Estamos mudando constantemente. É da nossa natureza e é da natureza da vida. Ou seguimos o nosso ritmo quando este pede transformação ou nos afastamos cada vez mais do nosso centro, do ser que somos. No processo da psicoterapia aprendemos a ganhar mais autonomia para escolher nos enxergarmos com mais verdade, para aprender a lidar com o que nos abala emocionalmente e para poder seguir a vida que queremos e que decidimos viver. Somos feitos de possibilidades para transformar e nos transformar sem o auto julgamento que tanto nos trava e nos frustra. A crença de que temos que ser outra coisa que não somos nos faz sofrer muito mais do que a aceitação das nossas emoções, dos nossos comportamentos e pensamentos. Aceitar nossos medos? Uau! Que maravilha! Aceitar nossas dúvidas? Quanto respeito existe aí! Somos tudo e todos. Somos muitos de nós. Possuímos uma riqueza interna da qual não temos a dimensão desse ouro que nos ilumina.
No processo de autoconhecimento, você aprende a se reconciliar com o seu poder interno. Poder esse que está muito além do “empoderar-se”. O poder de dentro é simples, amoroso, generoso e gentil. É um poder que tem beleza que sai pelos poros, pelo brilho no olhar, pela suavidade na voz. É o poder de poder ser com risos, choros, alegria, dores, coragem e medos. É o poder de ser genuinamente humano.
Maria Teresa Guimarães.
Tudo o que é de mais enjoa, é cansativo e desgasta. Os excessos, o que está fora da medida, afetam a saúde em todos os níveis. Demandas sem limites no trabalho, na casa e no dia a dia tiram o doce sabor que poderia estar presente ao executarmos tarefas e atividades, mesmo aquelas que julgamos rotineiras. Essas pressões que cada vez mais passam a sensação de que a vida é feita de urgências, deixam um rastro de angústia, ansiedade e depressão. Para que essa realidade não te devore, é importante a tomada de decisão para buscar ajuda psicológica. A consciência de quem você é, do que o mundo quer que você seja e de quem você quer ser, enquanto essência e verdade, é o caminho para a conquista da sua autonomia e liberdade internas.
Nesse caminho, você terá o encontro com a pessoa mais importante da sua vida, sua amiga leal, que é você sem os disfarces que te fizeram acreditar, durante tanto tempo, que você devia ser outra coisa.
Maria Teresa Guimarães.
Por que o mal? Por que a guerra? Por que a inveja, a violência?
O anjo nos diz:
O mal é o bem em formação,
o bem que ainda não está formado.
Tu acolhes o mal em ti
E o transforma em bem.
Porque o mal não existe.
Existe apenas a força que ainda não foi transformada.
… Se estamos doentes, o que devemos fazer com esta doença? O que fazer desta situação difícil? Uma fatalidade ou uma providência?
O anjo nos lembra que s provações da nossa existência são ocasiões de transformações, ocasiões para ser é para descobrir não apenas nossos limites, mas também a força que está no coração desses limites; a paciência no coração das nossas impaciências; a paz no coração das nossas inquietações.
Nossa estamos em um processo onde se trata de fazermos nascer, através da nossa liberdade e dos nossos atos conscientes, o novo, o Beth que deve chegar, o recém-nascido.
O anjo dirá ainda:
O mal não existe,
existe apenas a tarefa que ainda não foi reconhecida.
Jean-Yves Leloup, Quem é o meu mestre? À escuta do mestre interior.
Serás mãe para toda a vida.
Ensina as coisas importantes.
As de verdade.
A pular poças de água, a observar os bichinhos, a dar beijos de borboleta e abraços bem fortes.
Não te esqueças desses abraços e não os negues nunca. Pode ser que daqui a alguns anos, os abraços que sintas falta, sejam aqueles que não deste.
Diz ao teu filho o quanto o amas, sempre que penses nisso.
Deixa-o imaginar. Imagina com ele.
As paredes podem ser pintadas de novo, as coisas partem-se e são substituídas. Os gritos da mãe doem para sempre. Podes lavar os pratos mais tarde.
Enquanto limpas, ele cresce.
Ele não precisa de tantos brinquedos. Trabalha menos e ama mais.
E, acima de tudo, respira.
Serás mãe para toda a vida.
Ele será criança só uma vez.
Autor desconhecido, Via Mala d’estórias.
Era assim mesmo. O cansaço da brincadeira e do pós festas, vivido na infância, na adolescência e até mesmo quando adentramos o mundo adulto, nos colocava em nocaute. A única tarefa nessas horas era nos jogarmos na cama e, sem nenhum preparativo ou conforto, apenas dormir. Que coisa boa! Lembra?
Hoje precisamos de rituais para um sono saudável. A lista de práticas especiais para algumas horinhas de sono profundo aumenta a cada dia e nem sempre obtemos sucesso.
Onde ficou aquele desprendimento que nos deixava livres de programação pré “jogar-se na cama”? Onde foi parar aquele sabor delicioso do “deixa pra lá” como o mais eficaz dos rituais para um verdadeiro sono nos braços de Morfeu?
Jogue-se! A cama é sua! O sono é seu! Apenas deixe-se sonar e sonhar!
Boa Noite!
Maria Teresa Guimarães.
Aqui nesse vídeo, feito de forma amadora, conseguimos captar a construção feita por essa arquiteta da natureza. Correr para a sobrevivência, para captar alimentos e se reproduzir. Em meia hora essa mandala foi milimetricamente preparada. Quanta destreza, determinação e foco. De fora para dentro o movimento acontece sem deixar que interferências do entorno atrapalhem a sua meta e o seu objetivo. Ao final de todo esse agito, a calmaria e o local de descanso estão prontinhos para acolher e receber o que a vida, em sua natureza perfeita, pode oferecer se estivermos atentos aos seus sinais.
Maria Teresa Guimarães.
Enquanto uns celebram a Paixão de Cristo, outros silenciam a alma em banhos de folhas, sob o canto sutil de Oxalá. Enquanto uns vestem branco em reverência, outros entoam mantras ou contemplam o vazio como quem escuta o universo. E há os que não celebram, não seguem, não dizem nada. Mas sentem. Sentem porque algo invisível pulsa em todos: a busca pelo que é maior.
Não é sobre a Sexta-feira Santa. Não é sobre a Páscoa ou o feriado. É sobre um instante coletivo em que o mundo, sem combinar, abranda o passo. Em que mesmo quem não crê sente o ar mais denso, o tempo mais lento. É sobre o sagrado que se insinua nas frestas do cotidiano. Sobre o humano que, por um momento, lembra que também é luz.
Jesus, Oxalá, Krishna, Buda, Zaratustra. Seres que atravessaram a carne para ensinar o que a alma já sabia: que não viemos dominar, mas doar; não viemos julgar, mas acolher; não viemos possuir, mas pertencer. Nenhum deles pediu adoração. Todos ensinaram o amor.
E o amor, quando é verdadeiro, não reconhece fronteiras.
A ciência, quando despida de vaidade, encontra Deus na matemática das galáxias. A religião, quando livre do ego, encontra o Universo no coração do homem. A astrologia, a numerologia, a física quântica, o DNA, a sabedoria das matas e dos astros… Tudo é música tocada por instrumentos diferentes.
As religiões são línguas. O Amor é o idioma.
Enquanto uns jejuam, outros dançam. Enquanto uns acendem velas, outros apenas respiram em gratidão. E os que não fazem nada também são parte. Porque tudo é prece quando feito com verdade.
O Nome de Deus muda, mas a Frequência é a mesma. Olorum, YHWH, Ain Soph, Criador, Fonte, Tudo-e-Nada. Não importa como se chama. Importa que vibra em cada átomo de vida.
Portanto, que esse dia não seja sobre o que se deve ou não fazer. Que seja sobre o que pode ser sentido, com leveza. Que a Páscoa não seja um rito obrigatório, mas um convite para renascer em silêncio. Que a cruz, o ovo, o banho ou o altar não sejam fins em si, mas portais para dentro.
Porque dentro é onde tudo se encontra.
Se existe um corpo maior, somos suas células. Se existe um espírito coletivo, somos seus sussurros. E se existe um Deus único, como tantas escrituras afirmam, então não há outro caminho senão o respeito.
Que cada um honre sua verdade. Que nenhuma verdade precise negar a do outro.
E que o Amor, esse sim, seja celebrado como única religião comum. Todos os dias. Em todos os corações.
Autor desconhecido.
Sei de muita coisa. No entanto, nada sei.
Assim vou aprendendo ao longo dos meus alguns anos de vida.
Antes tudo parecia previsível e certo. Acreditava que a conta ia sempre fechar. A vida era um ir e vir de certezas quase absolutas e, se assim não fosse, não servia, estava errado. Era inadmissível a conta não fechar.
É a doce ilusão da infância e da juventude que nos acompanha pelo tempo que tem que ser, porque é isso que nos permite crescer e amadurecer. Precisamos dos doces momentos de sonhos para acreditar que tudo é possível. São aquelas doces ilusões que nos ensinam a ter fé na vida e a viver a vida com fé.
Hoje sei muito de tantas coisas! Hoje sou muitas de todas de mim. Hoje o sonho tem o doce sabor de nada saber apesar de tudo o que sei. Hoje posso ser várias de mim caminhando lado a lado sem a cobrança da coerência entre cada uma dessas que sou. Hoje sou a liberdade de ser, com todas as incertezas que garantem que é não sabendo que posso realmente deixar que a vida se abra generosa e surpreendentemente para mim.
É na imprevisibilidade que está a graça dos improvisos que me permitem ser verdade e ser naturalmente essência.
Hoje sei de muita coisa que ainda não sei. Porém, hoje sei que essa que se apresenta aqui e agora é uma das que mais desejo de mim.
Parabéns pra você, essa de mim que, de braços abertos se prepara para me receber.
Obrigada!
Maria Teresa Guimarães.
A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.
Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade realizou-se e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa.
Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, ainda naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.
Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha aflta, foi avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.
Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.
No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.
Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar amêndoas, no Domingo de Ramos, à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.
Via Mala d’estórias.