Quando o desejo está na mente, o coração vibra com mais emoção. Ele salta de alegria diante da ousadia do que penso, imagino e sinto. Caramba, é incrível essa sensação! Quando isso acontece, aqui na mente, tudo parece menos complicado. Porém, no trajeto entre mente, coração e concretização, encontro bloqueios, entraves, curvas fechadas. Trajeto, esse, comandado pelo medo diante do que poderá acontecer ao mudar a rota e diante das bifurcações que, com certeza, irão surgir, fazendo-me questionar escolhas e decisões que desafiam a ordem aparentemente natural da vida que me foi apresentada.

Quero ser mais eu comigo, com você, com o mundo, com a vida! Quero estar mais presente em mim mesma, no contato com quem me cerca e com a vida que vibro hoje, mais verdadeira e inteira, sendo leal à comunicação clara do meu coração.

Sou isso, sou aquilo, sou um ser saudável com vida, coragem, inseguranças, certezas e vacilos. Sou parte desse mundo que muda e que me cutuca para transformar os vícios das crenças limitantes em sentimento de plenitude diante da realidade como ela é: o bom, o ruim, o sagrado, o fora e a essência.

Mudanças ocorreram e continuam ocorrendo? Sim, claro! Sempre cuidando para ser presença, ser verdade e ser processo com consciência!

Maria Teresa Guimarães.

 

 

Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar. Às vezes, deixar de existir é apenas outra forma de estar. É como a chuva. Ao parar de chover, a chuva deixa de existir como chuva, mas a sua água infiltrou-se nos campos e regou as flores e juntou-se ao leito dos rios como memória da chuva que um dia será novamente. Nem sempre o que deixa de existir deixa de estar. O corpo das coisas que habitam o mundo pode morrer e pode desaparecer da nossa vista, mas nunca morrerá aquilo que nos habita e o coração não precisa de ver para crer. Deixar de existir não é deixar de estar presente.

Há coisas e pessoas que foram e que nunca deixarão de ser. Mesmo que os seus passos deixem de se ouvir e que o seu olhar deixe de cair sobre o nosso como a chuva quando chega o tempo de parar de cair, já o som desses passos e a luz desse olhar se infiltraram em nós e somos nós esse leito de que o nosso amor é feito. Não faz mal que a chuva deixe de ser chuva quando permanece naquilo que regou.

Elisabete Bárbara, lado.a.lado.

 

“Bato palmas para você que trabalha tentando clarear nossas ações para nós mesmos e podermos decidir ser leais ou não conosco!”

Após essa declaração, recebi do meu coração agradecido a inspiração que aqui compartilho:

É essa a minha missão que, por acaso ou não, realizo com o meu trabalho. Parabenizo a todos os ex e atuais clientes que se dispuseram e que se dispõem a mergulhar em si mesmos, a estar cara a cara com suas dores e alegrias, a olhar fundo a sua alma e a lançar mão do potencial enorme para transformar a si e o mundo a sua volta.

Gratidão a você, que sente e reconhece o quanto a terapia, esse momento onde nossos corações, nosso espírito e nossas mentes se encontram, te leva e nos leva de volta para a nossa casa interna. É aqui que nos vemos, nos percebemos e fazemos um pacto de lealdade com a nossa essência. Juntos caminhamos nesse aprendizado maravilhoso de conscientização daquilo que realmente nos pertence e nos serve. Estamos assim, no caminho de aprimoramento a partir das mudanças internas e, consequentemente, na vida como um todo.

Amor, Paz, Consciência, Disposição e Coragem para seguir nesse caminho do bem maior é o que desejo a todos nós!

Grata!

Maria Teresa Guimarães.

 

Fala a preguiça

Eu gosto tanto, tanto, tanto
de estar quieta, muito parada,
de fazer nada, coisa nenhuma,
e de fazer isso, que é não fazer
e de não estar, não ir, também.
Eu cá faço nada e todos me dizem
que faço isso muito bem.

Faço arroz de nada, pudim de nada
(que não é nada, está-se mesmo a ver)
e é tudo muito bom, delicioso,
só por não ser preciso fazer.

Eu faço nada, sou um nadador,
mas não daqueles que nadam mesmo,
O que é cansativo, tão maçador;
é que nadar, cá para mim,
tem um defeito insuportável:
aquele erre que está no fim.

E não digam que não faço nada
porque eu faço isso o mais que posso
e se não faço mais é porque mesmo nada
fazê-lo muito é uma maçada.

Não quero ir. Ainda é cedo.
Que pressa é essa? Não pode ser!
Deixem-me estar porque eu hoje tenho
bastante nada para fazer.

Álvaro Magalhães, via Mala d’estórias.

 

Bruxa, eu? Bruxa, você? Bruxos, bruxas, todos somos. E quem não quer conhecer também esse lugar? É um lugar onde podemos alquimizar, juntar, experimentar, separar e tornar a misturar. Somos bruxas e bruxos das soluções mágicas, das poções transformadoras, das provocações que, deliciosamente infantis, assustam e fazem soltar o grito não gritado de tempos idos. Somos bruxos e bruxas das acrobacias nos vôos circulantes, rasantes, que nos levam para cima, para o alto, para ali e aqui, para onde quisermos ir.

Em nossas vassouras mágicas ousamos mergulhos, loops, manobras que nos colocam diante dos riscos escolhidos, consentidos, tudo regado pela diversão de tornar possível o impossível.

Bruxaria é conosco mesmo. Assumir esse dom é estar na vida a serviço da intuição, da inspiração, das gostosuras e travessuras, que contribuem para o saudável encontro com o insólito, com o que surpreende, com o jogo de cintura e com a liberdade de estarmos diante do não-controlável mundo do desconhecido.

Somos bruxas e bruxos, sim. E daí?

Feliz dia de sermos condutores e condutoras das nossas vassouras!

Maria Teresa Guimarães.

 

PROCURA-SE CRIANÇA DESAPARECIDA

Criança que foi vista, pela última vez, dentro de nós mesmos, há muitos anos. Ela pulava, ria e ficava feliz com brinquedos velhos. Pulava amarelinha, jogava pião, brincava na chuva, corria nas calçadas, subia nas árvores. Vibrava quando ganhava brinquedos novos. Dava vida a latinhas, tampinhas, soldadinhos de chumbo, bonecas. Brincava de médico, era enfermeira ou paciente. Jogava botão. Colecionava pedrinhas, figurinhas, devorava ovos de páscoa. Ah, escrevia cartinhas pra Papai Noel. Soltava balões e brincava de “passa anel”. Batia palmas no circo, adorava zoológico, brincava de roda, ficava feliz quando se empanturrava de sorvete. Ela se emocionava ao ouvir estórias. Onde ela está? Para onde foi? Encontre-a com rapidez… Pois precisamos tê-la sempre conosco.
Dias Felizes de Ser Criança!

Autor desconhecido.

Mesmo os analistas não são absolutamente perfeitos, e pode acontecer que, ocasionalmente, sejam inconscientes em certos aspectos. Por isso, há muito tempo, estipulei que os próprios analistas deveriam ser analisados; deveriam ter um padre confessor ou uma madre confessora. Até o Papa, apesar de toda a sua infalibilidade, tem que se confessar regularmente, e não a um monsenhor ou cardeal, mas a um padre comum. Se o analista não se mantiver em contato com seu inconsciente objetivamente, não há garantia alguma de que o paciente não cairá no inconsciente do analista.

C. G. Jung, CW 18, Parágrafo 323.

 

Brinca enquanto souberes!
Tudo o que é bom e belo
Se desaprende…
A vida compra e vende
A perdição.
Alheado e feliz,
Brinca no mundo da imaginação,
Que nenhum outro mundo contradiz!
Brinca instintivamente
Como um bicho!
Fura os olhos do tempo,
E à volta do seu pasmo alvar
De cabra-cega tonta,
A saltar e a correr,
Desafronta
O adulto que hás-de ser!

Miguel Torga, Diário IX – via Mala d’estórias

Dai-me, Senhor, uma boa digestão,
mas também qualquer coisa para digerir.
Concede-me a saúde do corpo e o necessário
bom humor para mantê-la.

Dai-me, Senhor, uma alma simples,
que saiba aproveitar tudo o que é bom
e não se assuste demasiado perante o mal,
mas encontre maneira de recolocar
as coisas no lugar devido.

Dai-me uma alma que não fique refém do tédio
nem de resmungos, impaciências ou lamentações,
e não permitais que me atormente
para lá do razoável
com essa coisa turbulenta chamada “eu”.

Dai-me, Senhor, um sentido de humor apurado
e a capacidade de receber o que aí vem a sorrir,
vivendo o que me cabe com alegria
e partilhando-a sem custos acrescidos
com os outros. Amém.

Oração escrita por São Tomás More (1478-1535, Inglaterra) e que era rezada diariamente pelo Papa Francisco, Via Biblioteca Municipal de Beja – Mala d’estórias.

M. de Barros

Vivemos a ditadura do diferente, como se o diferente fosse uma natureza. É no ato de repetir que se faz possível o diferente. Repetir não é um problema, um hábito ou um cacoete, desde que seja uma sequência de repetições todas verdadeiras. O vício não é o igual, mas o desejo pelo igual. Fazer igual é o processo do qual nasce o diferente. No teatro, por exemplo, a repetição é o próprio palco capaz de celebrar o inédito e o criativo. E assim é em qualquer arte, como também nas nossas vidas. A rotina é a tela branca, virgem de diverso e de irregular, onde o silêncio do homogêneo, do indiferenciado, é um convite para incursões no que é distinto. A repetição que faz ficar diferente não é circular e não é a reprodução de um mesmo. É, na verdade, uma espiral que dá voltas que não apenas retornam, mas elevam e transformam.

Nilton Bonder.