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Caetano Cury, Livro Téo e O Mini Mundo – Vol. 1

 

 

O que eu gostaria de ensinar para minha filha
É que ela se permita aprender o que não se ensina.

Aprender o que não se ensina
É deixar que a sensibilidade fale mais alto
Do que qualquer previsão
Para fugir de uma vida previsível.

É ver sentido no que dizem impossível
Por encontrar nos seus sentimentos
A própria razão.
Aprender o que não se ensina
É dar ouvidos a si mesma
Por se permitir ouvir a emoção.

No meu caso, literalmente.
Minha filha já me ensinou, antes de nascer,
Que o primeiro órgão que se desenvolve no ser humano é o coração.
Sim, eu ouvi o coração primeiro.
E isso fez todo o sentido.
Assim, eu aprendi a dizer “sim”
Para uma nova versão de mim mesmo: o pai.

Eu que passei uma vida lutando contra o “não”
Precisei entender que algumas fases chegam ao fim
Para fazer as pazes com minha própria aceitação.
Aprender o que não se ensina,
Mais do que dizer, também é aceitar o sim,
Por perceber o que é medo
E o que é verdadeiro.

Como?
Me permitindo dar ouvidos primeiro ao coração
Para depois ouvir o coração primeiro.

Allan Dias Castro, O Colecionador de Saudades.

 

 

Para nós, momento de reflexão, avaliação e renovação. Para isso, daremos um rolé por aí. É momento de descanso para reconectar o coração com a natureza viva, com o que vibra luz, saúde e paz. Dar essa saidinha, logo ali… já voltamos, é tempo suficiente, se nos colocarmos em “modo avião”, mesmo que só na intenção. É tempo suficiente para, sem pressa, voltarmos o nosso olhar para dentro e, com mais silêncio, ouvir a verdadeira voz de nós mesmos.

Até 2025! Agora mais reciclados para vibrarmos vida junto a vocês clientes, alunos, amigos, mestres e familiares!

Feliz Novo Ano!

Maria Teresa Guimarães e Mauricio Peixoto.

 

 

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro destes gestos que em igual medida
a esperança e a sombra revestem
Dentro das nossas palavras e do seu tráfego sonâmbulo
Dentro do riso e da hesitação
Dentro do dom e da demora
Dentro do redemoinho e da prece
Dentro daquilo que não soubemos ou ainda não tentamos

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro de cada idade e estação
Dentro de cada encontro e de cada perda
Dentro do que cresce e do que se derruba
Dentro da pedra e do voo
Dentro do que em nós atravessa a água ou atravessa o fogo
Dentro da viagem e do caminho que sem saída parece

O Presépio somos nós
É dentro de nós que Jesus nasce
Dentro da alegria e da nudez do tempo
Dentro do calor da casa e do relento imprevisto
Dentro do declive e da planura
Dentro da lâmpada e do grito
Dentro da sede e da fonte
Dentro do agora e dentro do eterno

José Tolentino de Mendonça.

 

 

Por vezes afirmamos que um anjo nos fala; se o escutarmos com um pouco mais de atenção, poderemos descobrir que essa mensagem vem do nosso inconsciente pessoal ou transgeracional; daí a importância de distinguir esses diferentes níveis de realidade e não tomar pelo absoluto o que é apenas uma manifestação real, mas relativa, deste absoluto.

Fazei atenção.
Há em vós um espelho maravilhoso
Ele revela tudo,
É ele que é refletido,
Mas apenas se houver silêncio.
Se uma mosquinha vier pousar sobre ele
O espelho ficará perturbado
Conduzi toda vossa atenção
A este maravilhoso espelho.

Estamos aqui para concentrar toda nossa atenção na direção deste maravilhoso espelho. As mosquinhas deste maravilhoso espelho são nossos pensamentos, nossas memórias e nossos julgamentos que não conseguem destruir este espelho.

Gregório de Nissa dizia que o espelho da alma é um espelho livre: se o virarmos para o caos, ele vai refletir o caos; se o virarmos para a luz, ele vai refletir a luz. O ser humano é um espelho livre, nós podemos virar nossa atenção para este espaço de luz, para esta presença silenciosa… Essa é presença um sorriso no interior de nós mesmos, esse sorriso nasce por vezes no coração da meditação. O anjo nos diz que o sorriso é a oração de cada pequena célula que nos vem à boca: O sorriso eleva acima de tudo O sorriso interior é a condição primeira.

Dirigimo-nos para este sorriso interior. Pouco importam nossos problemas ou nossas fadigas, há em nós uma presença que sorri, uma presença silenciosa; e é nesta presença que é bom permanecermos e habitarmos, estarmos atentos, sorrirmos àquilo que é, acolher o sopro, acolher o movimento da vida que se dá em nós e através de nós…

Jean-Yves Leloup, Quem é meu mestre? À escuta do mestre interior.

 

 

Caetano Cury, Livro Téo e O Mini Mundo – Vol. 1

 

 

Ler faz mal à saúde!
Porque nos faz parar.
E nos “obriga” a sentir. E a imaginar.
Porque nos co-move. E movimenta.
E nos destranca. E agiganta.
E isso assusta! Porque (em vez de nos tornar conformados ou livres, em segredo) nos desabotoa o pensamento. E nos torna – “só”! – voáveis.

Ler faz mal à saúde!
Porque nos põe perguntas. E leva a que os livros nos conduzam, pela mão, do silêncio ao assombro.
E ao desejo. E levem, ainda, a reparar que até os estranhos têm histórias. Vizinhas das nossas.Antes de se tornarem – como somos todos, quando lemos – numa casa. Uns para os outros.

Ler faz mal à saúde!
Porque nos remexe; por dentro. E nos encaminha, de supetão, do silêncio das coisas à surpresa e ao encanto. E nos faz perceber que, da cada vez que lemos um livro, nos damos a ler. Mas isso expõe-nos à transparência. Por tanto, é mau… Porque nos torna, subitamente, mais simples. Mais acolhedores. E mais bonitos.

Ler faz mal à saúde!
Porque nos ajuda a entender que temos – todos! – sonhos e lágrimas. Sombras e luz. Paixão, intimidade e solidões. E isso é mau! Porque, todos juntos – quando nos compartilhamos por entre os livros que somos e por aqueles que lemos – ficamos mais fáceis de ler.
E, de espanto em espanto, vindas do fundo de nós, mais palavras se soltam. À espera das mãos de quem as “apanhe”, as costure e desenhe.

Por tudo isto, não devorem os livros.
Leiam-nos. Sem pressa.Leiam como quem resiste ao furor da estupidez humana e, teimoso, não desiste de pensar.
Saboreiem os livros. Degustem-nos! (E desgostem quem vos assuste com eles.) Leiam-se enquanto lêem. Percam-se nas histórias. Leiam! Mas guardem-se nos livros.

Se bem que ler nos faça… mal! Sobretudo quando descobrimos que, dentro de cada um de nós, há uma imensidão de livros que aguardam (pacientemente!) por ser escritos.

Tudo isto, porque os livros não são livros. São pontes. E avenidas largas. E são barcos. E janelas. Pináculos. E planaltos.Os livros são auroras.E elefantes que voam. Árvores que, em vez de frutos, dão palavras. E, até, asas. Que se desencontram do seu voar.

Ainda assim, leiam. Leiam. Leiam devagar! Lentamente é a forma mais rápida de tornar mais perto o sítio mais longe onde se quer chegar.

Eduardo Sá, via Mala d’estórias.

 

 

Estradas se bifurcavam num amarelado bosque,
E me ressenti não poder ambas percorrer
Sendo um só viajante, por muito me detive
E observei uma até quão longe pude
Até onde na vegetação ela se encurvava.

Então segui pela outra, tão boa quanto,
E talvez por ter melhor reclame,
Por ser gramada e ansiar uso;
Mesmo que os que por ela passaram
Desgastaram-na do mesmo modo.

E, naquela manhã, em ambas igualmente jaziam
Folhas que passo algum pisara.
Ó, deixei a primeira para outro dia!
Mesmo sabendo que caminho leva a caminho,
Duvidei se um dia conseguiria voltar.

Com um suspiro isto direi
Em algum ponto, há muito tempo distante
Duas estradas num bosque se bifurcavam, e eu
A menos percorrida trilhei,
E isto fez toda a diferença.

Robert Lee Frost (1874-1963), poema publicado em 1916. Tradução de Henry Alfred Bugalho.

 

 

A coisa que parece mais banal pode acabar sendo aquela que leva você à vitória…

Você precisa entender uma coisa se quiser ganhar uma partida de xadrez algum dia… E o que você precisa entender é o seguinte: o jogo só acaba quando termina. Não acaba se ainda há um único peão no tabuleiro. Se um dos lados tem apenas um peão e um rei, e o outro todas as peças, o jogo continua. E, mesmo que você seja um peão, e talvez todos sejamos, então deve se lembrar de que o peão é a mais mágica das peças. Pode parecer pequeno e banal, mas não é. Porque um peão nunca é só um peão. Um peão é uma rainha em potencial. Tudo o que você precisa fazer é encontrar um jeito de avançar. Uma casa por vez. E você pode chegar ao outro lado e desbloquear todos os tipos de poder.

A coisa que parece mais banal pode acabar sendo aquela que leva você à vitória…

Matt Haig, A Biblioteca da Meia-Noite.

 

 

Ao escolher saber mais sobre mim e me aprimorar no caminho da evolução, vivencio a solidão nesse trajeto. É comigo que fico, observo, sinto, penso, faço e sigo. Sou eu! Não é você, o outro e, muito menos, por causa de você. Não se zangue! O processo é só meu.

A Psicoterapia nos encaminha em direção ao dentro, ao que nos pertence e ao resgate da vida que somos! Precisamos aceitar e respeitar esse estado solitário. E é muito importante que você que está aqui ou ali, longe ou perto, mas que está junto, seja elegante e gentil nessa difícil tarefa de nos deixar ser!

Maria Teresa Guimarães.