Serás mãe para toda a vida.
Ensina as coisas importantes.
As de verdade.
A pular poças de água, a observar os bichinhos, a dar beijos de borboleta e abraços bem fortes.
Não te esqueças desses abraços e não os negues nunca. Pode ser que daqui a alguns anos, os abraços que sintas falta, sejam aqueles que não deste.
Diz ao teu filho o quanto o amas, sempre que penses nisso.
Deixa-o imaginar. Imagina com ele.
As paredes podem ser pintadas de novo, as coisas partem-se e são substituídas. Os gritos da mãe doem para sempre. Podes lavar os pratos mais tarde.
Enquanto limpas, ele cresce.
Ele não precisa de tantos brinquedos. Trabalha menos e ama mais.
E, acima de tudo, respira.
Serás mãe para toda a vida.
Ele será criança só uma vez.

Autor desconhecido, Via Mala d’estórias.

 

 

Ai, morri!

Era assim mesmo. O cansaço da brincadeira e do pós festas, vivido na infância, na adolescência e até mesmo quando adentramos o mundo adulto, nos colocava em nocaute. A única tarefa nessas horas era nos jogarmos na cama e, sem nenhum preparativo ou conforto, apenas dormir. Que coisa boa! Lembra?

Hoje precisamos de rituais para um sono saudável. A lista de práticas especiais para algumas horinhas de sono profundo aumenta a cada dia e nem sempre obtemos sucesso.

Onde ficou aquele desprendimento que nos deixava livres de programação pré “jogar-se na cama”? Onde foi parar aquele sabor delicioso do “deixa pra lá” como o mais eficaz dos rituais para um verdadeiro sono nos braços de Morfeu?

Jogue-se! A cama é sua! O sono é seu! Apenas deixe-se sonar e sonhar!

Boa Noite!

Maria Teresa Guimarães.

 

 


Aqui nesse vídeo, feito de forma amadora, conseguimos captar a construção feita por essa arquiteta da natureza. Correr para a sobrevivência, para captar alimentos e se reproduzir. Em meia hora essa mandala foi milimetricamente preparada. Quanta destreza, determinação e foco. De fora para dentro o movimento acontece sem deixar que interferências do entorno atrapalhem a sua meta e o seu objetivo. Ao final de todo esse agito, a calmaria e o local de descanso estão prontinhos para acolher e receber o que a vida, em sua natureza perfeita, pode oferecer se estivermos atentos aos seus sinais.

Maria Teresa Guimarães.

 

 

Enquanto uns celebram a Paixão de Cristo, outros silenciam a alma em banhos de folhas, sob o canto sutil de Oxalá. Enquanto uns vestem branco em reverência, outros entoam mantras ou contemplam o vazio como quem escuta o universo. E há os que não celebram, não seguem, não dizem nada. Mas sentem. Sentem porque algo invisível pulsa em todos: a busca pelo que é maior.

Não é sobre a Sexta-feira Santa. Não é sobre a Páscoa ou o feriado. É sobre um instante coletivo em que o mundo, sem combinar, abranda o passo. Em que mesmo quem não crê sente o ar mais denso, o tempo mais lento. É sobre o sagrado que se insinua nas frestas do cotidiano. Sobre o humano que, por um momento, lembra que também é luz.

Jesus, Oxalá, Krishna, Buda, Zaratustra. Seres que atravessaram a carne para ensinar o que a alma já sabia: que não viemos dominar, mas doar; não viemos julgar, mas acolher; não viemos possuir, mas pertencer. Nenhum deles pediu adoração. Todos ensinaram o amor.

E o amor, quando é verdadeiro, não reconhece fronteiras.

A ciência, quando despida de vaidade, encontra Deus na matemática das galáxias. A religião, quando livre do ego, encontra o Universo no coração do homem. A astrologia, a numerologia, a física quântica, o DNA, a sabedoria das matas e dos astros… Tudo é música tocada por instrumentos diferentes.

As religiões são línguas. O Amor é o idioma.

Enquanto uns jejuam, outros dançam. Enquanto uns acendem velas, outros apenas respiram em gratidão. E os que não fazem nada também são parte. Porque tudo é prece quando feito com verdade.

O Nome de Deus muda, mas a Frequência é a mesma. Olorum, YHWH, Ain Soph, Criador, Fonte, Tudo-e-Nada. Não importa como se chama. Importa que vibra em cada átomo de vida.

Portanto, que esse dia não seja sobre o que se deve ou não fazer. Que seja sobre o que pode ser sentido, com leveza. Que a Páscoa não seja um rito obrigatório, mas um convite para renascer em silêncio. Que a cruz, o ovo, o banho ou o altar não sejam fins em si, mas portais para dentro.

Porque dentro é onde tudo se encontra.

Se existe um corpo maior, somos suas células. Se existe um espírito coletivo, somos seus sussurros. E se existe um Deus único, como tantas escrituras afirmam, então não há outro caminho senão o respeito.

Que cada um honre sua verdade. Que nenhuma verdade precise negar a do outro.

E que o Amor, esse sim, seja celebrado como única religião comum. Todos os dias. Em todos os corações.

Autor desconhecido.

 

 

Sei de muita coisa. No entanto, nada sei.

Assim vou aprendendo ao longo dos meus alguns anos de vida.

Antes tudo parecia previsível e certo. Acreditava que a conta ia sempre fechar. A vida era um ir e vir de certezas quase absolutas e, se assim não fosse, não servia, estava errado. Era inadmissível a conta não fechar.

É a doce ilusão da infância e da juventude que nos acompanha pelo tempo que tem que ser, porque é isso que nos permite crescer e amadurecer. Precisamos dos doces momentos de sonhos para acreditar que tudo é possível. São aquelas doces ilusões que nos ensinam a ter fé na vida e a viver a vida com fé.

Hoje sei muito de tantas coisas! Hoje sou muitas de todas de mim. Hoje o sonho tem o doce sabor de nada saber apesar de tudo o que sei. Hoje posso ser várias de mim caminhando lado a lado sem a cobrança da coerência entre cada uma dessas que sou. Hoje sou a liberdade de ser, com todas as incertezas que garantem que é não sabendo que posso realmente deixar que a vida se abra generosa e surpreendentemente para mim.

É na imprevisibilidade que está a graça dos improvisos que me permitem ser verdade e ser naturalmente essência.

Hoje sei de muita coisa que ainda não sei. Porém, hoje sei que essa que se apresenta aqui e agora é uma das que mais desejo de mim.

Parabéns pra você, essa de mim que, de braços abertos se prepara para me receber.

Obrigada!

Maria Teresa Guimarães.

 

 

A lenda do folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem.

Reza a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo. Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade realizou-se e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa.

Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, ainda naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer.

Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha aflta, foi avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte. Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana soltou o nome de Amaro, o lavrador pobre.

Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe.

No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar. Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.

Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.

Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, os afilhados costumam levar amêndoas, no Domingo de Ramos, à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

Via Mala d’estórias.

 

 

Chega um momento da vida em que nosso olhar segue rotas diferentes de até então. Supõe-se que sejam caminhos mais auspiciosos. Graças a nos permitirmos, ao longo da nossa estrada, estar receptivos a tudo que chega, ele nos dá a oportunidade para perceber, sentir e selecionar o que vem para acrescentar. Discernir entre o que serve e o que não encaixa mais, o que importa e o que podemos descartar, faz parte do nosso poder de escolha. Deixando de lado julgamentos e preconceitos, a vida segue em harmonia, nos deixando mais leves e mais soltos internamente! Assim, para tudo o que entra na nossa vida, podemos nos abrir para sentir o sabor da curiosidade, da vontade de conhecer e de saber.

A vida é movimento sempre e que sejamos autores das nossas mexidas e reviravoltas a partir da nossa abertura consciente!

Vamos mover e fertilizar a terra que nos permite crescer criando raízes cada vez mais robustas e firmes, porém mantendo a mobilidade adequada para possíveis renovações!

Maria Teresa Guimarães.

 

 

Encontre a doçura em seu próprio coração, então você poderá encontrar a doçura em todos os corações.

Rumi

A doçura é um extrato do coração. Não há como experimentar doçura sem antes produzi-la no próprio coração. Desconfiamos das pessoas porque o nosso coração é amargo e parece justificável suspeitar de tudo e de todos. Isso ocorre porque ficamos buscando a doçura das pessoas e não a encontramos. A chave está no movimento pessoal de encontrar sua própria doçura. E é uma experiência transcendente quando acessamos esta doçura pessoal e interna e com ela revelamos de quanta doçura é feito o mundo. Tal revelação desconstrói toda a amargura que coletamos pela vida afora e o mundo volta a ter o perfume e o gosto de mel extraído das flores do bom olhado.

Nilton Bonder.

 

 

Tempo de parar. Tempo de pausar. Momento do repouso que abraça. Nesses dias que antecedem à Páscoa precisamos morrer em nós, nos recolhendo ao abrigo do coração que pulsa a vida que está por vir. É morrendo em mim e em você que podemos silenciar na reflexão e na consciência de quem sou e de quem somos. Para que viemos, para que e a que servimos? Para que somos, para que fazemos e para que estamos? Nesse momento somos sementes da quaresmeira que está se preparando para florescer. Somos uno com suas raízes e seu tronco e, interligados por seus galhos, nos damos as mãos para seguirmos na vibração do silêncio, do aquietar-se e da espera calma. Na certeza de que é nesse caminho mais escuro em que a entrega se faz confiante, é que podemos seguir em serenidade ao encontro da vida que, lá, mais adiante, surgirá renovada para um renascer de esperança.

Bons dias de descanso da alma!

Maria Teresa Guimarães.

 

 

Em 1765, um estalajadeiro chamado Dossier Boulanger abriu um restaurante em Paris. Na entrada, pendurou uma placa onde se poderia ler em latim:

“Venham até mim o vosso estômago labatis e o ego restaurabo vos.”

Poucos parisienses daquela época sabiam ler francês, quanto mais latim. Apenas alguns conseguiam entender a mensagem de Boulanger, que significava:

“Venham a mim, vocês que estão com o estômago cansado, e eu os restaurarei. ”

Essas palavras foram um sucesso tão grande que, naquela época, todos os restaurantes eram chamados de “restaurantes”.

Além da deliciosa gastronomia que logo se tornaria a fama de toda a França, Boulanger encantou seus convidados com sobremesas que ele próprio fez. A pastelaria dele era tão famosa que, por extensão, começámos a chamar as padarias em homenagem ao seu inventor. É assim que Boulanger é também a origem do nome de “boulangeries” em França.

Rapidamente, a palavra “restaurante” tornou-se inspiradora e os chefs mais prestigiados, que até então trabalhavam exclusivamente para famílias nobres, reis ou ministros, abriram os seus próprios estabelecimentos ou foram contratados por um novo tipo de empresários: os “restauradores”.

O termo “restaurante” atravessou o Atlântico em 1794, introduzido nos Estados Unidos por Jean Baptiste Gilbert Paypalt, um refugiado francês que fugiu da Revolução. Ele abriu o primeiro restaurante francês no país, chamado Julien’s Restatorator.

Essa história é cheia de curiosidades, mas uma das mais bonitas é a missão que impulsiona os trabalhadores da restauração: “restaurar a alma, o sorriso e a saúde” dos seus clientes. É uma missão nobre e preciosa, impressão de generosidade.”

#Lemondelittéraíre, via Mala d’estórias.