Sentimentos são apenas visitantes, deixe-os ir e vir.

Mooji.

Os sentimentos são imperativos, mas sua fragilidade é a efemeridade. Os sentimentos não se sustentam e aprender a conviver com eles demanda acolhê-los sem resistência. Resistir às emoções é o que as retarda, caso contrário elas evaporam. É que, tal como o pensamento, só podemos sentir um sentimento de cada vez. E há muitos na fila premindo o da vez para saltar fora. O congestionamento acontece quando você por apego ou resistência impede o andar da mesma. O frescor de uma visita está em sua transitoriedade. Nada mais incômodo do que uma visita intrusiva e sem noção. Não tema seus sentimentos, usufrua-os como a um frescor. No entanto, se persistir, saiba que não é mais um sentimento, mas um pensamento!

Nilton Bonder.

Tornar-se idoso não resulta simplesmente em ter vivido muitos anos, mas decorre mais daquilo que nos tornamos ao longo desses anos, daquilo com que estamos nos preenchendo neste momento e até mesmo a partir do modo pelo qual nos formamos antes que chegássemos a envelhecer muito.

É a partir desse legado que surge minha certeza de que nunca é tarde para aprofundar o mapa. Não importa quantos anos tenhamos vivido, podemos começar agora a nos preparar para aquela travessia que nos levará ao poder da velhice e da sabedoria madura. Todos terão a oportunidade de se reacender como uma força instrutiva e intensa. Mas nós somente chegaremos lá se encararmos esse ponto como nosso destino, a partir de agora.

Clarissa Pinkola Estés, A Ciranda das Mulheres Sábias.

 

 

É mais que um ponto, é mesmo uma área – e há nessa área um acúmulo energético ligado com a nossa Qualidade e com o que nos define como um ser humano único.
A Individualidade exerce a função de elo entre a Fonte e o nosso campo energético, que inclui o corpo físico. Tem ligação com a vibração da nossa Qualidade, com a Luz, com o Som, com nosso nome. E a senha para a gente penetrar nessa vibração é o amor. É o Amor da Fonte.

Essa área da Individualidade é o lugar onde podemos fazer contato para reconectar, porque, às vezes, nos sentimos totalmente desconectados de tudo, de todos e de qualquer coisa. Se a gente estiver numa situação difícil, arrancando os cabelos, fica difícil a ligação com a Individualidade. Mas se conseguirmos respirar um pouquinho e levar a consciência para essa área, a ponte com ela se restabelece. As experiências modificam a nossa vibração, nossos pensamentos e não existe exigência para estarmos conectados com a Individualidade. A Individualidade pode ser sempre um espaço de refúgio para um retorno à nossa Essência espiritual.

Você pode localizar a Individualidade, estendendo seu braço 35 a 45 centímetros acima da sua cabeça e relaxar a sua mão, mas faça isso como um ponto de partida, como uma estação onde a gente vai tomar o trem. O contato é feito levando a consciência para essa área, aguardando, respirando, relaxando, confiando e entregando. Deixe que a energia da Individualidade se manifeste.

Isis Pristed, O healing com Isis Pristed – Organização Geraldo Ramos Soares.

 

 

Essas aparentes bobagens cotidianas às vezes são capazes de nos oferecer valiosas percepções, quando suas sutilezas não passam despercebidas pelas nossas sensações e sentimentos. A prática da espiritualidade e do autoconhecimento acontece a todo instante e nos convida a atualizar olhares a cada circunstância, bobo que a princípio nos pareça o recurso didático. Essa situação, por exemplo, me fez pensar coisas a respeito de mim mesma. De como tenho me tratado. Do quanto ainda estico a corda até quase arrebentá-la, até quase arrebentar-me, sem necessidade, quando as soluções são possíveis e exigem poucos movimentos. Do quanto ainda me acostumo com o que é desconfortável sem fazer nada para trocar logo de canal. Do quanto, em várias ocasiões, ainda desperdiço energia preciosa que posso utilizar em ações mais úteis e felizes. Do quanto ainda me submeto a limitações nutridas por condicionamentos tão frágeis; não raro, obsoletos. Do quanto ainda adio bem-estar, quando o bem-estar em alguns contextos é pra lá de disponível.

Ana Jácomo

 

 

O grande mantra da felicidade, segundo descobri este verão, é olhar para as fotografias do ano anterior, ou melhor ainda de há cinco, ou de há dez anos. Do passado, portanto. O que com a ajuda dos telefones inteligentes, é hoje uma tarefa cada vez mais fácil, contribuindo para tornar esta minha recém-criada terapia contra a neura do envelhecimento numa trend mundial.
Obviamente que, num primeiro momento, entrará em choque, sentindo-se mais infeliz do que nunca — e quanto mais filtros e photoshop tiver usado, pior. Vai reparar que as rugas não estavam lá, que os olhos eram maiores e as pálpebras menos descaídas, a linha do cabelo começava bem mais à frente e a barriga que imaginava gigante, afinal era praticamente inexistente. Sem sombra de modéstia parece-lhe mesmo muito bem, porque será que ninguém lho disse, ou dizendo, não acreditou?

Num segundo momento encher-se-á de raiva: tem a memória clara de que, então, se sentia tão irritado como hoje, com a imagem que o espelho lhe devolvia. Que estava igualmente assombrado por todas as dietas e massagens drenantes que deveria ter feito, e não fez, para não falar nas horas de ginásio e corrida em falta. Mas a verdade é que confrontado pelas fotografias do antigamente, a única coisa que lhe ocorre é por que raio perdeu tanto tempo a lamentar-se, a esconder-se atrás da toalha na praia, a usar uma camisa mais larga para disfarçar as adiposidades, a sentir-se deprimido e a evitar aquela sericaia com ameixa, se na realidade estava mesmo bem, ou pelo menos — o que para aqui importa —, infinitamente melhor do que agora.

E é esse o momento do eureka. O cerne da minha terapia é a tomada de consciência de que este ano, o de 2021 é, de facto, e sem qualquer sombra de dúvida, o melhor ano da sua vida. Como será o de 2022, 2023 e por aí adiante, sempre tendo em conta que a outra alternativa à vida é demasiado definitiva e fatal para o gosto de qualquer um de nós.

Pois é, não há volta a dar. Para trás não pode ir, por muitas máquinas do tempo que lhe prometam, e para a frente lamento informá-lo de que para além da expetativa de vir a ressuscitar num corpo diferente (escolhido à medida), as perspetivas também não são animadoras. Aliás, mesmo que existisse o elixir da vida, há fortes probabilidades de que viesse num frasco lindo, mas com as indicações de uso numa letra tão impossivelmente pequenina que nunca seria capaz de as decifrar — pelo menos a avaliar pelo que acontece nos boiões de cosmética que nos endividamos a comprar. Por isso o meu apelo é que tire muitas fotografias e as deixe a marinar para prevenir a depressão do próximo verão, e arrisque usar toda aquela roupa que anda a dizer que já não tem idade ou corpo para vestir.

Isabel Stillwell, Crônica no Jornal de Negócios. Via Mala d’estórias.

 

 

O que está por trás da ancestralidade é o que nos abraça. É o que veio antes de nós, e não apenas no nível biológico: os pais, os avós, os bisavós, os tataravós. É toda a vivência da humanidade em que estamos envolvidos… temos a energia da ancestralidade que sustenta o nosso processo, no momento presente.

…Além da nossa família de sangue, a gente não pode esquecer que temos uma família espiritual.

…O país onde você nasceu também é parte dessa conjuntura. Junto com isso, cada um de nós, no meu entender, tem uma linhagem espiritual. A família espiritual está ligada a essa linhagem espiritual, que temos há muito tempo… Temos conexões com uma linhagem, com seres que nunca conhecemos anteriormente. A nossa linhagem espiritual nos oferece suporte. A gente não pode esquecer e não pode deixar de se vincular a isso, porque a ancestralidade oferece ajuda e guiança. É algo que nos acompanha na nossa concepção, na gestação, no nascimento, na nossa infância, na nossa adolescência, na vida adulta e até o final desta existência.

O healing, com Isis Pristed, Deixa Vir o que Vier.

Tudo pode ser revelador: se deixamos a comida estragar no frigorífico, se temos a mania de deixar as janelas sempre fechadas, se há coisas para consertar.

Isso também é estilo de vida.

Há casas em que tudo o que é aparente está em ordem, mas reina confusão dentro dos armários.

Há casas tão limpas, tão lindas, tão perfeitas que parecem cenários: faz falta um cheiro de comida ou qualquer som vindo lá do quarto.

Há casas escuras. Há casas feias por fora e bonitas por dentro. Há casas pequenas onde cabem toda a família e amigos, há casas com lareira que se mantêm frias, há casas prontas para receber visitas e impróprias para receber a vida.

Pode parecer apenas o lugar onde a gente dorme, come e vê televisão, mas nossa casa é muito mais que isso. É a nossa caverna, o nosso castelo, o esconderijo secreto, onde coabitamos com os nossos defeitos e virtudes.

Martha Medeiros, via Mala d’estórias.

– Que lindo jardim o teu! É maravilhoso. Nunca vi um jardim tão belo e tão bem cuidado.
– Obrigado. Sim, é verdade, dá-me muito que fazer.
– Que flores são estas aqui? São lindas. E aquelas ali ao fundo também são muito belas.
– Estas são talentos. As outras são qualidades.
– E dão-se bem assim todo o ano?
– Os talentos e as qualidades dão-se bem toda a vida, desde que se queira. É preciso muito trabalho diário, muita perseverança, e nunca se pode facilitar. As ervas daninhas e outros vícios estão sempre à espreita. A preguiça é terrível. Quando está enraizada, é muito difícil de arrancar.
– E tratas do jardim todos os dias?
– Claro. Faça chuva ou faça sol. Faça alegria ou tristeza. Com os talentos e as qualidades é assim. Dão muito trabalho, é preciso muita força de vontade, mas são flores que nunca se fecham e abrem todos os horizontes.

lado.a.lado, via Mala d’estórias.

 

Você olha e não vê. Pior, você olha, acredita que é só você ali e, de repente, uma colisão acontece. Você se machuca, se contorce de dor, não entende bem o que está acontecendo e, mesmo não sendo fatal, o acidente aconteceu. É assim quando, ao dirigirmos, não conseguimos enxergar o carro ao lado por ele estar no nosso ponto cego.

Pois é. E assim também é com o ponto cego emocional. Tendemos a acreditar que somos apenas o que vemos com os nossos olhos. Essa visão tão racional, ausente de todos os outros sentidos, é tão limitada de nós mesmos que passamos a vida trombando com nossos achismos mentirosos, sobre tudo e todos mas, principalmente, sobre nós, sem nos darmos conta de que tem muito mais do que imaginamos para além do visível. Porém, nosso ponto cego não nos permite enxergar. Na verdade, muitas vezes nem temos consciência dessa cegueira, imposta pelo medo de encarar o que está ali, ao nosso lado, por dentro e também por fora. Faz doer perceber que o que queremos ver está há anos luz do que desejamos ser e viver. Nosso ponto cego que, na função de ant’olhos, parece nos proteger, na verdade é o grande causador dos sentimentos de insatisfação, frustração e menos valia, que carregamos ao longo da vida.

Esse tal de ponto cego nos tira do caminho da nossa verdade, do auto amor e do respeito pelo ser que somos. Quando ficamos estáticos, aguardando que, por um milagre, as transformações aconteçam, o sentimento de impotência parece tão real que nos tornamos vítimas das circunstâncias e, principalmente, vítimas do lado sombrio do inconsciente. Na sombra, todas as possibilidades existem, mas quando a ela damos as costas, permanecemos identificados com as pedras que só nos fazem tropeçar, cair e estagnar.

Maria Teresa Guimarães.

 

 

A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar,
de jogar e de falar.
Cem, sempre cem modos de escutar as maravilhas de amar.
Cem alegrias para cantar e compreender.
Cem mundos para descobrir. Cem mundos para inventar.
Cem mundos para sonhar.
A criança tem cem linguagens (e depois, cem, cem, cem),
mas roubaram-lhe noventa e nove.
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem,
roubaram-lhe noventa e nove.
Dizem-lhe: que o jogo e o trabalho, a realidade e a fantasia, a ciência e a imaginação,
O céu e a terra, a razão e o sonho, são coisas que não estão juntas.
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário,
as cem existem.

Loris Malaguzzi, professor italiano que criou a abordagem educativa mais tarde nomeada como “abordagem Reggio Emilia”, nome homônimo à cidade onde foi concebida. Para o educador, não só o que a criança pensa é válido, mas válidas são também as múltiplas linguagens da infância e a forma como as crianças pesquisam, produzem sentido e conhecimento.