Gardner e as Inteligências Pessoais – Parte 1
Resumo de Gardner, H.: As Inteligências Pessoais,
in Gardner, H.:Estruturas da Mente:
A Teoria das Inteligências Múltiplas,
Porto Alegre, Ed Artes Médicas Sul, 1994
É no livro “Estruturas da Mente…” que Gardner apresneta sua teoria. Por isto grande parte do texto é dedicada à argumentação em defesa de suas idéias. Para tal entre outros aspectos criou critérios para definição de uma inteligência. Em seu livro ele ressalta que não é necessário que TODOS os critérios estejam presentes em TODAS as inteligências, mas apenas que haja um conjunto suficientemente robusto para tornar plausível a idéia de que uma dada inteligência esteja presente no ser humano.
Aqui então, apresentaremos um destes critérios e o que o autor disse a respeito dele, específicamente no que se refere à Inteligências Pessoais. Incluidas nesta categoria estão a Inteligência Interpessoal e a Intrapessoal. Estas no entanto serão tratadas em outro post.
Isolamento potencial por dano cerebral
A idéia aqui é que se a inteligência existe ela deve se localizar em algum lugar do cérebro e poder ser isolada por lesões nestas regiões. E a seguir apresentamos os argumentos do autor relativos à este critério.
O papel dos Lóbulos Frontais e outras estruturas cerebrais
Os lóbulos frontais constituem o lugar de encontro das informações das 2 grandes esferas funcionais do cérebro: as regiões posteriores, que estão envolvidas no processo da informação sensorial; e os sistemas límbicos, onde funções motivacionais e emocionais individuais estão alojadas e de onde nossos estados internos são gerados.
Estas regiões do cérebro são estruturas de grande importância em várias formas de conhecimento pessoal. Defeitos nesta área podem interferir no desenvolvimento e causar várias formas patológicas de conhecimento intra e interpessoal.
Danos à área orbital (inferior) dos lóbulos frontais tendem a produzir hiperatividade, irritabilidade, despreocupação e euforia. Já quando os danos occorrem na convexidade (regiões superiores) tendem mais a produzir indiferença, desatenção, lentidão e apatia (um tipo de pesonalidade depressiva).
Após danos aos lóbulos frontais, o indivíduo pode apresentar o desenvolvimento cognitivo relativamente preservado, porém um senso da "mesma pessoa" é sentido como ausente. O indivíduo não expressa mais seu senso anterior de motivação, metas e desejo de contato com os outros; a relação com os outros foi profundamente alterada e seu próprio senso de eu parece ter sido suspenso.
Ainda mais, uma área localizada na região dorsal do córtex, parece decisiva para a vigilância, atenção e estimulação. Seu dano resulta em indiferença e na perda de um senso de importar-se com sua própria pessoa.
Já uma outra localizada na região ventral do córtex parece decisiva para a determinação dos estímulos para uma nova aprendizagem e para respostas emocionais adequadas. Lesões nesta área resultam em falta de interesse em estímulos externos e emissão inadequada de respostas sexuais ou agressivas em direção a outros.
O isolamento da inteligência pessoal por dano neurológico
Um transtorno neurológico pode causar alterações no conhecimento pessoal. Por ex: os pacientes que sofrem de epilepsia de lóbulo temporal vêm a apresentar personalidades um tanto diferentes- sua própria percepção de mundo muda profundamente e tendem a se tornarem introspectivos.
Na síndrome de Down, a capacidade de forjar relacionamentos sociais eficazes com os outros parece relativamente bem preservada, pelo menos em comparação com as capacidades cognitivas mais "diretas" como linguagem ou lógica.
A criança autista pode apresentar capacidades computacionais poupadas, como música ou matemática, mas apresenta uma incapacidade de comunicar-se com os outros e um senso de eu tão prejudicado que ela tem dificuldades em empregar as palavras eu e meu; tem dificuldades em conhecer os outros e em usar este conhecimento para conhecer a si mesmo.
Na próxima semana continuaremos a desenvolver o assunto, tratando de outro critério: História e Plausibilidade Evolutiva. Até lá!
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