Gardner e a Inteligência Visual-Espacial – Argumentos
Resumo de Gardner, H.: Inteligência Espacial in Gardner, H.:Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas, Porto Alegre, Ed Artes Médicas Sul, 1994
O que se pretende neste post é listar alguns argumentos que segundo Gardner justificam a existência desta inteligência. Começamos pelo conceito e dele deduzindo, desfiamos os diferentes argumentos.
Conceito
É a capacidade de perceber o mundo visual com precisão, efetuar transformações e modificações, recriar aspectos da experiência visual, mesmo na ausência de estímulos físicos. Pode-se produzir formas ou simplesmente manipulá-las, mas estas capacidades são independentes entre si, podendo se desenvolver ou falhar separadamente. Podem operar juntas e é bem possível que o uso de uma possa reforçar o uso das outras.
Indivíduos parecem usar palavras e imagens espaciais para abordar problemas ou codificá-los, sendo possível que explorem a linguagem e/ou imaginação para resolvê-los. Por isto linguagem parece estar muito ligada a esta inteligência. No entanto demonstrações de Lee R. Brooks (variação de apresentações de materiais (linguísticos e pictóricos)e modo de respostas (verbal ou espacial) mostram que as faculdades espacial e linguística podem proceder tanto de forma independente como complementar.
Desenvolvimento
Apresentação no indivíduo
Em todas as culturas as conquistas elevadas no domínio espacial são comumente encontradas em indivíduos mais velhos, o que faz com que se acredite que está muito ligada a experiência humana real. Esta inteligência, o que parece um paradoxo para outras, parece ter seu auge de desenvolvimento na fase tardia da vida, principalmente em indivíduos que a praticou regularmente ao longo da vida.
A criança pode orientar-se em áreas de sua vizinhança ou cidade, sem falhar em encontrar o que procura, No entanto, muitas vezes carece da capacidade de fornecer um mapa, esboço ou relato verbal da relação entre os pontos. Isto mostra que apesar do entendimento espacial da criança se desenvolver rapidamente, a expressão deste entendimento através de outra inteligência ou código simbólico permanece difícil.
Piaget
Piaget viu esta inteligência como parte intrínseca do crescimento lógico. Descreveu na primeira infância a compreensão sensório-motor do espaço que emerge onde se tornam capazes de formular a "imagem mental"(ação internalizada ou imitação diferida),o surgimento da capacidade de manipulação muito mais ativa de imagens e objetos no domínio espacial(descentração). Mas é apenas na fase das operações formais, na adolescência, que o indivíduo consegue lidar com a idéia de espaços abstratos governado por regras formais. É nste moento então que ele se torna capaz de unir as formas de inteligência lógico-matemática e espacial em um só sistema geométrico ou científico.
Neuropsicologia
O hemisfério direito do cérebro e, em particular, as porções posteriores deste, provam ser o ponto mais crucial para o processamento espacial, mas pequenos déficts podem ocorrer após danos em regiões esquerdas posteriores. Danos no hemisfério direito causam negligência, fenômeno onde o indivíduo presta pouca ou nenhuma atenção à metade esquerda do espaço ao seu redor trazendo problemas na realização de suas tarefas.
Pesquisas realizadas em cegos demonstraram que o conhecimento espacial não depende totalmente do sistema visual podendo,também,ser obtido através do sistema tátil provando haver um sistema perceptual comum entre eles. Os sistemas de representação espacial são igualmente acessíveis à experiência visual ou tátil; e não há necessariamente um relacionamento privilegiado entre input visual e inteligência espacial.
Formas incomuns
Na Síndrome de Turner, onde apresentam problemas espaciais generalizados não envolvidos apenas com percepção visual, e na Paralisia Cerebral, que apresentam mau desempenho em uma gama de medições viso- espaciais, mostram incapacidades, mas, em indivíduos com poderes ditos intelectuais modestos frequentemente são capazes de relatar imagens concretas detalhadas(imaginação visual) o que é diferente em pessoas normais.
Os usos
Conhecimento espacial pode servir para uma variedade de finalidades científicas como ferramenta, auxílio ao pensamento,maneira de captar informações,maneira de formular problemas ou como próprio meio para resolvê-los. Isso se dá porque muitos dos problemas em que cientistas e engenheiros estão envolvidos não podem ser descritos de forma verbal.
O envolvimento do raciocínio espacial não é uniforme entre as várias ciências, artes e ramos da matemática. Umas exploram o pensamento espacial numa extensão muito maior (física, Topologia) do que outras que exigem mais de capacidades verbais (Ciências Sociais e Biológicas).
As artes viso-espaciais tem sua centralidade evidente no pensamento espacial. Pintura e escultura envolvem uma sensibilidade apurada para o mundo visual,espacial e a capacidade de recriá-lo. O talento gráfico é inerente ao domínio espacial. Os poderes de percepção,memória e capacidade de relaciuonar coisas são fatores básicos para esta inteligência.
Perspectiva cultural
A inteligência espacial-visual está presente em difrentes culturas. Poe exemplo na capacidade de reconhecer particularidades e minúcias de um terreno pelos bosquímanos Gikwe do Kalahari. Em jogos na cultura ocidental onde os indivíduos possuem a capacidade de usar imagens para planejar conjuntos alternados de ações como no xadrez. Em esquimós ela é crucial vez que devido a dificuldade de se orienterem no meio em que vivem tiveram que desenvolver esta capacidade tanto em em homens quanto em mulheres.
Na semana que vem continuamos com o tema. Até lá!
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