Gardner e a Inteligência Corporal – O que é ?
Resumo de Gardner, H.: Inteligência Corporal
Cinestésical, in Gardner, H.:Estruturas da Mente:
A Teoria das Inteligências Múltiplas,
Porto Alegre, Ed Artes Médicas Sul, 1994
Gardner apresenta como um exemplo muito marcante da inteligência corporal o mímico Marcel Marceau. Um mímico é alguém que consegue com o corpo representar ações e emoções as mais diversas. Consegue estabelecer um diálogo fertil e produtivo com o público sem emitir uma única palavra. Para isto precisa ter um controle fenomenal sobre o seu corpo. É capaz de transformar em ações corporais suas intenções, desejos e emoções. E isto é usar o corpo com inteligência. Mais que isto, é uma inteligência em ação – ação corporal.
“Caracerística desta inteligência é a capacidade de usar o próprio corpo de maneiras altamente diferenciadas e hábeis para propósitos expressivos, assim como voltados a objetivos…”(Gardner)
Uma dificuldade para aceitar a idéia de uma inteligência corporal é a divisão que se faz em nossa cultura entre pensamento e ação; esta quase sempre secundária àquele. Este divórcio entre o “mental” e o “físico” leva frequentemente à consideração do corpo como algo menos especial ou difrentciado que a mente. Mas isto, ressalte-se é uma característica da cultura ocidental, não partilhada por algumas outras culturas.
Importa aqui ressaltar como é necessário mais que o mero controle neuromuscular adequado para a execução correta de um movimento hábil. Um movimento é o resultado de uma seqüência de ações em que as anteriores modulam as posteriores. Neste sentido então, há que haver uma espécie de planejamento do processo, algo como uma previsão de ações futuras de modo a determinar as características e tipo das açôes presentes.
Assim é que este planejamento e previsão, permitindo a escolha entre variados movimentos altenativos possíveis ocorre em um nível mais abstrato que o mero conjunto de ossos, articulações, músculos e tendões. Exige integração completa entre este conjunto e outros conjuntos neurais e psicológicos. Entram em jogo aqui, apenas para citar as mais evidentes, a percepção do ambiente, os desejos e emoções presentes, e ainda as diversas memórias corporais e afetivas.
Cabe notar que este uso inteligente do corpo pode envolver o seu todo, ou em vez disto, apenas uma sua ínfima parte. O mímico usa todo o corpo para representar uma queda ou uma corrida. Mas um atirador precisa mover um único dedo apenas alguns milímetros e durante algums milésimos de segundo aplicando não mais que a força mínimanente necessaria, para que este movimento obtenha o seu efeito preciso: pressionar o gatilho, sem que esta ação acarrete qualquer outro movimento na arma, retirando-a da mira e permitindo que a bala se afaste do alvo. E na dança, uma colocação correta da cabeça ou a menor alteração de um dedo pode fazer a maior diferença.
““Numa performance, quando olho e vejo meu dedo mínimo fora do lugar, digo para mim mesma “Isto é para Mr. B.” [o notório coreógrafo George Balanchine]. Talvez ninguém no público perceba mas ele vê e ele aprecia”” (Suzanne Farrel, principal bailarina do New York City Ballet)
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