Do Ensino à Aprendizagem: O Socialismo
Também no final de século XVIII , forma-se outra corrente, antagônica ao positivismo, nascida do movimento popular e socialista no interior da sociedade burguesa. Esta corrente chega ao século XIX sob o nome de marxismo; norteada por princípios enunciados pelo seu expoente máximo, Karl Marx (1818-1883) em parceria com Friedrich Engels (1820-1895).
O pensamento pedagógico socialista introduz, no processo de aprendizagem um componente mais social. Isto expressou-se pelo menos de duas maneiras. Uma delas, a ênfase nos aspectos sociais e intervenientes no processo educativo. Pistrak, um dos primeiros educadores da Revolução Russa, parafraseando Lênin (não existe prática revolucionária sem teoria revolucionária), afirmava que “sem teoria pedagógica revolucionária não poderá haver prática pedagógica revolucionária”. Ou seja, a escola passa a ser instrumento da consciência de classe, esta como núcleo programático central do currículo da escola socialista. O aluno tinha de se sentir participativo do progresso da produção. Não iria a fábrica para “trabalhar, mas para compreender a totalidade do trabalho”, é a “pedagogia da praxis”.
Outra, representada por Vygotsky (1896-1934), neuropsicólogo e lingüista, preocupa-se com aspectos mais diretamente ligados à aprendizagem. Por isto, dada a ênfase que nesta série estamos dando à questões da aprendizagem, nos toca mais diretamente. Suas idéias são hoje consideradas como uma forte alternativa às de Piaget sobre a aprendizagem.
Afirma que a aprendizagem não se pode fazer em um vácuo social. Ao contrário, é na interação que o aprendizado se dá. Por exemplo, mostra a a importância fundamental do domínio da linguagem na educação, meio pelo qual todos sistematizam suas percepções. Dizia que a expressão oral é a mais importante, pois é através da fala que o homem participa coletivamente da construção de uma outra sociedade. Implícito está o pressuposto do mundo como ligüísticamente constituido. Isto é, a linguagem por um lado é uma ferramenta de descrição do mundo, o que permite o convívio social. Mas por outro, ao descrevê-lo circunscreve-o nos seus limites. Dito de outra forma, o que existe é apenas aquilo que pode ser falado, mesmo que de maneira imprecisa ou incompleta. Se não há palavras para descrever, não há existência.
Outro aspecto a considerar é o seu conceito de “zona de desenvolvimento proximal”. Para o autor, o desenvolvimento cogintivo pode ser entendido como possuindo duas áreas distintas. Aquela atual, que expressa o nível presente de desenvolvimento de um dado aluno. Nele o aprendiz transita e executa suas tarefas habituais, já dominadas por conta de aprendizados passados. Outra, a zona de desenvolvimento proximal, é aquela representa um potencial de aprendizado ainda não ocorrido, passível de realização apenas se este for estimulado a tal. E isto só pode ocorrer se o ambiente social for adequado. Por ambiente aqui entenda-se sim o meio social mais amplo, mas principalmente os micro-ambientes escolares. Assim, professores e alunos, a depender de suas ações e atitudes poderiam facilitar ou dificultar a plena realização desta zona de desenvolvimento proximal.
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