Do Ensino à Aprendizagem: O Renascimento
A educação renascentista visava o homem burguês, o clero e a nobreza. Era elitista, aristocrata e nutria o individualismo liberal, não chegando as massas populares. Junto com a revalorização da cultura greco-romana, alguns fatos históricos nos séculos XIV e XV, influenciaram o pensamento pedagógico favorecendo a superação do próprio homem, o pioneirismo e a aventura.
Durante o Renascimento despontam três grandes áreas de interesse: a vida real do passado, o mundo subjetivo das emoções e o mundo da natureza física. Como uma das principais conseqüências destes novos interesses, desloca-se o centro de gravitação. Afastando-se das coisas divinas, dirige-se para o próprio homem. Opõe-se à escolástica, propondo situar o ideal da nova vida nos propósitos e atividades específicas das disciplinas de humanidades. Como a literatura dos gregos e romanos era um meio para esta compreensão, o aprendizado da língua e da literatura torna-se o problema pedagógico mais importante.
Muito embora ainda elitista e aristocrático, o humanismo antropocêntrico renascentista ao dirigir-se ao indivíduo permite entrever uma maior participação do aprendiz na aprendizagem. De certa maneira retoma uma agenda interrompida durante o período medieval. Concretamente, isto não se implementa de forma abrangente. No entanto, como veremos em seguida, começam a surgir idéias onde características do aprendiz se tornam mais relevantes.
Feltre (séculos XIV e XV), em sua Casa Giocosa, propunha uma educação individualizada, o autogoverno dos alunos, a emulação. Preocupava-se, acima de tudo, com a formação integral do homem. Já aflorava a valorização da aprendizagem, pois assim dizia uma legenda da Casa Giocosa: “Vinde, ó meninos, aqui se instrui, não se atormenta”, ou seja aprender deveria ser algo prazeroso e também voltado para a realidade, pois assim falava: “Quero ensinar aos jovens a pensar, não a delirar”. Foi considerado um precursor da Escola Nova.
Vives (séculos XIV e XV), enfatiza as vantagens do método indutivo, o valor da observação rigorosa e da coleta de experiências. Do ponto de vista epistemológico, isto torna o conhecimento um produto do homem, sendo portanto passível de crítica pelos seus semelhantes. Ainda mais, a indução não possui a força lógica da dedução, o que torna ainda mais fácil a implementação da crítica. Mais um tijolo para a escola dos aprendizes ativos.
Na mesma linha, Rabelais (séculos XIV e XV), faz os franceses rirem da educação medieval através do gigante Gargântua. Ressalta a importância da natureza em oposição aos livros. Claramente contra-hegemônico, criticou a escolástica, valorizando a cultura popular em resistência à cultura oficial dominante.
Erasmo (séculos XV e XVI), pregador do humanismo, no seu Elogio da Loucura investiu contra o obscurantismo da cultura medieval. A sua ênfase no livre arbítrio, embora ligada a uma visão religiosa, abre ao aprendiz uma senda que este não ousava antever.
O ideal educativo de Montaigne é o homem para o mundo. É preciso educar o juízo do aluno. Aconselha:
[…]”As abelhas voam de flor em flor roubando-lhes parte dos delicados sucos que contêm, que não são o próprio mel; este as abelhas formam depois e é inteiramente seu. Da mesma forma devem os discípulos recolher idéias e conhecimentos dos demais, não para reproduzi-los como os recebem, mas para transformá-los e fundi-los em obra própria. Guarde em boa hora o que recebeu emprestado, mas revele ao mesmo tempo o que fez por sua parte”.
Reprova os que tratam alunos como sujeitos passivos, que recebem o conhecimento como “idéias já feitas”. Sua preocupação com um tipo de educação destinada a formar o juízo prático dos jovens para as coisas da vida coincide com as preocupações educativas de nosso tempo.
O Renascimento valorizava as humanidades em oposição ao teocratismo da Idade Média. A reação de protesto repercutiu na educação e na Igreja com a Reforma Protestante. Iniciada pelo monge Lutero e considerada por Engels como a 1a revolução burguesa, transferiu a escola para o Estado.
A Igreja Católica reagiu dentre outras coisas com a criação da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola. Os jesuítas visavam a formação do homem burguês e tinham por missão converter hereges e alimentar cristãos vacilantes. Desprezaram a educação popular, e para o povo sobrou apenas o ensino dos princípios da religião cristã. Afora as questões ideológicas, o ensino jesuítico tinha princípios básicos que demonstravam preocupação com a qualidade da aprendizagem, pois pregava que era melhor aprender pouco, mas bem aprendido do que muito e superficialmente.
Você tem algo a dizer ? Quer ampliar o debate ?
Comentários são bem vindos.
Parabéns pelo artigo, foi de grande valia…estava precisando de informações sobre a casa giocosa, obrigada.
Obrigado. São comentarios como o seu que me estimulam a prosseguir. Continue acompanhando o blog, e quando quiser algum suporte na área de aprendizagem, técnicas de estudo e produção de monografias, é só me procurar na Officina da Mente.
Abraços,
Prof. Mauricio Peixoto
Olá! Parabéns por criar um blog tão inspirador. Gostaria de umas informações sobre a Cultura popular no Renascimento.
Obrigada e novamente, parabéns…
Obrigado pelos elogios, isto me ajuda a mater no ar este blog. Cultura popular não é bem o tema do blog nem minha especialidade. Só por curiosidade pesquisei no Google “Cultura popular + Resnascimento”. Obtive 392.000 resultados. Claro que há muita coisa repetida e irrelevante. Mas já é um começo.
Abs,
Prof. Mauricio Peixoto
Obrigado pelos elogios, isto me ajuda a mater no ar este blog.
Abs, Prof. Mauricio Peixoto
ótima resenha…….utilizei no meu trab de campo obg
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Resposta da Officina da Mente
olá Adriana,
Que bom que você gostou. Fico feliz em ser útil para quem quer aprender.
Um grande abraço
Prof. Mauricio Peixoto
oi maurício preciso informações para um trabalho para transmitir para a turma como ensinar na aula do sistema que era no renascimento, será que vc pode me ajudar?
gostei mto do que imprimi aqui isso vai me ajudar e muiti…
obrigada e aguardo resposta.
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Resposta da Officina da Mente
Olá Ivana;
Fiquei algo confuso sobre o que você realmente deseja.
Por um lado parece que pede referências sobre a Educação no Renascimento. Neste caso você já tem o texto que escrevi e também as várias referências listadas nos vários comentários feitos ao post. Mas ofereço ainda outra:
http://livrepensar.wordpress.com/2008/07/07/a-educacao-no-renascimento/
Por outro lado parece que o que você deseja não é conteúdo, mas a MANEIRA DE ENSINAR o conteúdo. Neste caso saímos da aprendizagem e entramos na didática. Bem agora isto depende muito de quem você é (estilo, maneira de ser, experiência em sala de aula, e etc…), como é a turma e quais as demandas do seu professor. Como não sei nada disto, o máximo que posso fazer é dar umas dicas MUITO gerais.
1- Identifique a idéia principal que você quer transmitir. O que há de mais importante? O que você deseja que a turma saiba ao final da aula, mesmo que esqueça todo o resto?
2- Feito isto, agora divida o tema nas suas partes componentes, tendo em mente que o conjunto destas partes deve enfatizar a idéia principal previamente identificada.
3- Prepare, se achar necessário, auxílios didáticos para você e para turma; slides, transparências, cartazes, fichas, resumos para distribuir. o que você julgar que pode te ajudar.
4- Finalmente, na hora da aula, divida-a em três partes. Primeiro apresente o tema, fale sobre o que vai falar (rapidamente). Depois desenvolva o tema, fale sobre o que você disse que ia falar (maior parte da aula). Encerre fazendo um pequeno resumo do assunto; fale do que você falou enfatizando a idéia principal (rapidamente).
Bem acho que fico por aqui, mas se você precisar de mais, procure-me na Officina da Mente. Conheça o nosso trabalho de Consultoria Acadêmica.
Um grande abraço,
Prof. Mauricio Peixoto
ola adorei sua pesquisa mais gostaria de saber mais sobre a educação no renascimento.
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Resposta da Officina da Mente
Olá Carlos,
Se você tiver interesse em outras épocas, os “posts” anteriores falam de períodos mais antigos e os futuros discorrerão sobre tempos mais modernos.
Bem, você quer saber mais sobre educação e Renascimento, então aí vai. Uma rápida busca no Google revela 30.100 referências para – “história da educação” + renascimento. Um pouco demais, pois não ? Então eu fiz uma pequena seleção.
Primeiro dois livros que são quase “padrão” em história da educação. Não são tratados volumosos, nem esta é a intenção dos autores. São valiosos pelo texto claro e simples. São livros gerais, mas neles você encontra referências ao renascimento. assim:
1- Piletti, Nelson: História da Educação, ED. Atica LTDA, 1990
2- Gadotti, Moacir: História das idéias pedagógicas, Editora Ática, 1998 (acho que o livro está esgotado, mas se você acessar http://www.paulofreire.org/Moacir_Gadotti/gadotti_livros.htm você pode lê-lo online)
Um outro genérico porém um pouco mais pesado é:
> Manacorda, Mário Alighiero: História da Educação – da Antiguidade aos Nossos Dias – 12ª edição
acesse http://www.cortezeditora.com.br/produto_detalhe.php?PHPSESSID=&codeps=fDIzNHw=
Agora vem um específico:
NUNES, Ruy A da C. : História da educação no Renascimento. São Paulo: EPU, 1980
Finalmente um texto curto que você encontra em http://www.panaceadesign.com.br/downloads/transicoesmedievais.pdf onde a educação no renascimento é tratada no contexto do renascimento como período de transição entre a idade média e a idade moderna.
Acho que está bom. Ok ?
Continue acessando o blog da Officina da Mente que aqui você sempre encontrará uma novidade em aprendizagem.
Um grande abraço,
Prof. Mauricio
Olá Mauricio adorei a sua pesquisa
Vc poderia me dar umas informações sobre o seu tema em
Por que preciso muito dessa informações
Muito obrigada por expor esse tema na internet.
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Resposta da Officina da Mente
Que bom que vc gostou. Continue acompanhando aqui no blog. Toda terça-feira um novo tema. Se vc quiser saber sobre educação em tempos mais antigos que o renascimento, leia os “posts” já publicados em semanas passadas. Educação e Aprendizagem em períodos mais modernos virão nos “posts” seguintes. Lembre-se toda terça-feira.
Mais uma coisa, vc me pediu mais informações sobre ???
Prof. Mauricio Peixoto