Do Ensino à Aprendizagem: O mundo grego
A sociedade grega foi o berço da cultura, da civilização e da educação ocidental. Os gregos tinham visão ampla e refletiam sobre o que é o homem. Esses ideais entretanto, eram apenas para o homem livre, o cidadão da polis, em uma comunidade com expressiva parcela de escravos. O cidadão sem as preocupações menores do cotidiano, tarefas de homens inferiores, preocupava-se com o governo. O ensino estimulava a competição e as virtudes guerreiras, garantindo o domínio sobre as classes inferiores e as regiões dominadas.
A prática educacional na Grécia dizia que o homem educado manda e faz-se obedecer, cabendo a uns poucos aprender a governar. A Paidéia, maior avanço da Antigüidade, é a educação que integra e influencia reciprocamente a cultura da sociedade e aquela desenvolvida individualmente. Cria duas pedagogias: a da eficiência individual e liberdade, e a da convivência social e política. Forma o corpo pela ginástica, a mente pela filosofia e ciências e a moral e os sentimentos pela música e artes.
Sócrates, Platão e Aristóteles foram os filósofos que exerceram a maior influência nos gregos. Estes eram educados pelos textos de Homero, onde o ideal era ser melhor e superior, com o espírito livre para criar. Nos gregos encontramos a base de quase todas as idéias que hoje discutimos. A aprendizagem não foge à regra.
A preocupação com a natureza do conhecimento fez parte da agenda grega. Sócrates questionava a possibilidade do aprender, dado que a seu ver as idéias eram inatas. Desta maneira, educar não seria transmitir conhecimento, mas relembrá-lo, anamnesis. Aqui é ilustrativa uma história sobre Sócrates. Este, pela pena de Platão mostra como o conhecimento, na verdade não é aprendido, e sim rememorado. E isto ele o faz através de perguntas dirigidas a um jovem escravo, ignorante das artes da geometria. Demonstra que mesmo desconhecendo o cálculo da área de um quadrado pode por si só obtê-la, baseado apenas em seu senso comum desde que encaminhado adequadamente (Gardner).
Muito conhecida, a alegoria da caverna nos mostra o caminho a seguir pela educação. Para Platão o homem seria como alguém preso no fundo de uma caverna, de costas para sua entrada. Fora dela estão as coisas na sua essência, na sua total e verdadeira natureza. Mas, pobre homem, preso, só pode delas entrever as suas sombras projetadas no fundo da caverna, pois está de costas para a entrada. Mesmo de si, só percebe a sua sombra, decorrente da luz que vem de fora. O homem, portanto viveria alienado, incapaz de perceber a verdadeira natureza das coisas.
Assim, a função da educação seria a de combater a alienação do aprendiz. O homem comum considera como real a aparência das coisas, pois é incapaz de perceber que o verdadeiramente real e eterno, a essência das coisas encontra-se em outro nível ? o mundo das idéias. Abandonar a alienação, no entanto é doloroso. O homem, no fundo da caverna, habitua-se a um mundo de sombras e penumbra. Voltar os olhos para a luz causa dor e aversão. O homem então prefere o mundo mais confortável da meia luz. Neste contexto então é que desponta o professor, cuja função seria favorecer esta transição. Este demiurgo é aquele capaz de estabelecer a ponte entre o eterno e o transitório; entre a essência e a aparência.
Esta visão não é partilhada por Aristóteles, que defende a possibilidade de uma aprendizagem por condicionamento externo. Para ele, as idéias estão nas coisas, no concreto. Por isto elege como condições fundamentais para o desenvolvimento da virtude a disposição inata, o hábito e o ensino.
Preocupa-se com características individuais; na sua Arte Retórica e Arte Poética, discute entre outros, como elas variam com a idade. Mais preocupado com a política descreve os jovens como arrebatados e inconstantes, plenos de esperanças no futuro. Os velhos, ao contrário, conservadores e tradicionalistas. São desconfiados, obedecendo mais ao cálculo que à índole natural. Fiel ao princípio grego de que a virtude está no centro, apresenta a idade adulta como aquela em que os excessos das outras são coibidos.
Pitágoras pregava aplicar na vida a ordem do universo, a harmonia da matemática, Isócrates centrava o ato educativo na linguagem e na retórica e Xenofontes, influenciado por Sócrates, defendia a educação da mulher e a idéia da dignidade humana.
De certa maneira, a dualidade corpo ? mente, já se expressava na Grécia. Por um lado o humanismo ateniense; caracterizado pela ênfase nos valores intelectuais – verdade, belo e bem. Por outro, contrastando Esparta, que fazia a apologia do culto ao corpo.
Platão sonhava com a democracia, tendo a educação papel fundamental, ensino municipal e público, nos níveis primário, secundário e superior, impedindo assim as pretensões totalitárias e trazendo o controle o mais próximo da comunidade.
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Comentários são bem vindos.
Professor Maurício,esse artigo é digno de um pensador Grego,amei é maravilhoso e com essa ajuda vou salvar meu semestre,muito obrigada e Parabéns.
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Resposta da Officina da Mente
Puxa. Que responsabilidade ! Salvar um semestre !
Bem, de qualquer maneira nossa missão na Officina da Mente é estimular o potencial de aprendizagem do ser humano, favorecendo o seu crescimento pessoal e profissional.
Pois é, aqui no blog sempre publicamos textos sobre educação e aprendizagem. continue nos visitando. Atualizamos este blog pelo menos tres vêzes por semana.
Já que você gostou, volte sempre. Ah ! Fale para seus amigos e amigas do blog. Quanto mais gente acessar mais estímulo nós temos para continuar publicando.
Um grande abraço,
Prof. Mauricio
Adorei seu debate sobre a educação na grécia era exatamente o que eu queria.obrigado!!!!!!
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Resposta da Officina da Mente
Olá Paula !
Ficamos muito felizes com o seu comentário. Nosso objetivo na Officina da Mente é apoiar o crescimento das pessoas. Continue acessando o blog, que continuaremos fazendo comentários sobre a educação através dos tempos.
Um grande abraço,
Prof. Mauricio