A Era da Informação (2/2)
Na mensagem anterior dissemos que progressivamente está havendo um desvio do controle da informação. Cada vez mais o controle sai da mão do emissor (jornais, televisão, etc) e vai para a mão do usuário.
Pois bem, este desvio de funções levanta dúvidas sobre se é positivo ou não. Por um lado, é possível defende-lo argumentando que um maior controle do usuário permite minimizar a tirania das elites, viabilizada pelo controle da informação. Isto favoreceria o pluralismo na sociedade, afirma Ruben. Há entretanto um argumento contrário. Aponta a posição defendida por Horowitz & Curtis de que um maior controle pelo usuário favoreceria uma diminuição do controle da qualidade, da autenticidade e da legitimação da informação, permitido pela atuação de legítimos controladores.
Ainda mais, no contexto de controle progressivo pelo usuário, pode-se questionar a capacidade que estes meios de comunicação teriam de transmitir a cultura de uma sociedade, quando ela é composta por indivíduos partilhando uma parcela cada vez menos comum de conhecimentos.
Na era da informação a tecnologia ocupa lugar central. Videocassetes, computadores, telefones, faxes, redes de informação, vídeo games e etc. fazem parte de nosso dia a dia. Novas e antigas tecnologias assumem papel relevante em quase todas as atividades profissionais. Por exemplo, nas bibliotecas, a visão tradicional de um lugar onde pessoas vão para obter informações armazenadas em material impresso, vai sendo substituída pela de uma instituição genérica cujo objetivo é satisfazer as necessidades de informação de seus clientes. Esta perspectiva se tornou possível. em grande parte, devido às tecnologias que permitiram dispensar a necessidade do contato físico entre um indivíduo e o livro como único meio de disponibilizar a informação.
No centro deste processo está a convergência entre meios que anteriormente eram distintos. Relógios podem ser também telas de televisão e calculadoras. Rádios são construídos com telefones e gravadores embutidos. A televisão, originalmente um meio de transmissão em mão única, é agora um meio interativo, quando usada em computadores, vídeo games, sistemas a cabo e etc. Desta maneira, a era da informação é marcada pela ampla disponibilidade e aplicação de tecnologias eletrônicas em grande variedade de contextos pessoais e profissionais. Enquanto algumas destas tecnologias são novas, muitas outras resultaram da convergência e transformação de usos e formas tecnológicas preexistentes
Por isto pode-se dizer hoje, que o conceito de alfabetização começa a mudar. A leitura e a redação são tradicionalmente as pedras angulares para a participação de um indivíduo na sociedade. Na era da informação novas competências podem vir a ser necessárias para que esta participação seja possível. É cada vez mais importante que o indivíduo seja capaz de interagir com os diferentes meios de produção, armazenagem, busca e recuperação da informação. Diversas profissões, tradicionalmente vistas como distintas, exigem cada vez mais competências operacionais comuns, como conseqüência do uso progressivo de tecnologias e processos relacionadas ao manejo da informação. Assim é que a noção de alfabetização precisa ampliar-se, entendendo a leitura e a redação como partes de um processo mais amplo e complexo de competências.
Por isto na próxima semana discutiremos como variadas mudanças no trabalho e na produção científica estão influenciando este processo.
Até lá !
Você tem algo a dizer ? Quer ampliar o debate ?
Comentários são bem vindos.