Como uma pessoa que tem uma inteligência pode desenvolver outra?
Leticia, um leitora do blog me pergunta:
Gostaria de saber, como uma pessoa que tem inteligencia interpessoal, pode desenvolver a inteligencia lógico-matemática.???? o motivo da pergunta é imaginemos a situação um lider ( administrador de uma empresa) deve saber efetuar os calculos, até mesmo para encontrar melhores soluções, ou um promotor público, caso ele nao tenha a capacidade de associar o fato as normas, neste caso sentido lógico, não será eficaz, ou seja não conseguirá a atuar.
Att Leticia
Bem, eu acho esta pergnta muito interessante e me parece que interessa a mais gente. Por isto respondo-a aqui.
Temos UMA inteligência?
Nós não temos UMA inteligência, ou duas, ou três, ou seja lá que número for. Na realidade somos pessoas que agimos em ralação a algo com maior ou menor grau de inteligência. Isto quer dizer que que quando agimos, o fazemos de forma inteira e integral. Não é uma parte de nós que o faz, sem qualquer relação com as outras partes.
Neste sentido então, ninguém “tem inteligência interpessoal”, se nesta afirmativa está implícito que tê-la implica na inexistência das outras. É claro que de forma mais ou menos natural, temos mais facilidade em determinadas tarefas do que em outras. Isto significa, entre outros, que temos uma de nossas inteligências que desponta na comparação com as outras. E neste caso dizemos que a pessoa “tem aquela inteligência e não a outra. Mas note o “em comparação”. Isto é; todas estão presentes, porém apenas uma determinada, por exemplo a interpessoal, se expressa com maior freqüência ou intensidade.
Um outro aspecto é que dificilmente uma tarefa é tão especializada que exija uma única inteligência. Um líder, por exemplo, pode ter atingido este posto por conta de sua inteligência interpessoal. Mas sua capacidade de lidar com pessoas não foi provavelmente a única responsável pela sua ascenção ao posto. Se ele como lider precisa fazer cálculos, é provável que como liderado também tivesse de fazê-los, mesmo que com outros dados ou objetivos. Ainda mais, se ele precisa fazer cálculos é porque isto é minimmente relevante na sua área. E assim sendo, se ele fosse muito limitado em calcular, isto teria impedido, ou pelo menos dificultado sua ascenção ao papel de lider.
O que fazer então?
Aqui eu respondo mais diretamente à pergunta. De forma mais simplista, este lider precisa aprender a calcular. Chamo a atenção para o texto acima. Ter inteligência interpessoal não implica em que a lógico matemática inexista. Apenas que ela está menos desenvolvida. Mas isto não siginifica que o lider do exemplo tenha que sofrer sem esperanças. Ele pode usar sua inteligência interpessoal para aplainar o caminho. Há um antigo ditado que diz: “Todos os caminhos levam a Roma.” Aplicado a este caso, vejo dois caminhos possíveis.
O primeiro é o de organizar e liderar uma equipe multidisciplinar, onde as diferentes tarefas são executadas pelos respectivos “especialistas”. É claro que no trabalho em equipe nem tudo pode ser compartimentalizado, e as interfaces precisam ser trabalhadas com adequação. Da mesma forma, algumas tarefas precisam ser compartilhadas, e portanto há que se balancear a proporção de “especialistas” em relação aos “generalistas”. Mas é função do lider harmonizar o grupo e conduzi-los em direção aos objetivos desejados.
Não é a toa que a gerência tem sido comparada à regência. Um maestro rege especialistas; pianistas, violinistas, percussionistas, harpistas, etc. Não é ele próprio um virtuose em um dado instrumento. Sua especialidade é outra; reger. Isto é, conduzir uma orquestra multivariada para a perfeita execução de uma peça sinfônica. E aqui apenas mais um argumento a favor da interação entre as inteligências. O regente, é claro, precisa ter uma inteligência musical bem desenvolvida, mas é também um lider de pessoas, o que implica em demandas para sua inteligência interpessoal.
Há ainda um outro caminho, que não exclui o primeiro, mas o complementa. Este lider pode usar sua inteligência interpessoal para aprender a calcular. Assim:
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Aprender pelo diálogo: Esta é a sua força. Ele poderia atrair para junto de si, na empresa ou fora dela pessoas que pudessem ajudá-lo na tarefa. Por exemplo um professor particular com quem pudesse, na conversa, aprender o necessário. Neste caso não poderia ser um professor qualquer. Teria que ser um capaz de ensinar pelo diálogo. Por outro lado poderia fazer bom uso das conversas “de corredor”. Em contato com as pessoas competentes na tarefa a ser aprendida, e em conversas informais, ele estaria buscando os pedaços de informação necessários para o seu aprendizado. Mais que isto, poderia pedir ajuda, nos momentos e para as pessoas que julgasse adequadas. Note que em tudo isto está em jogo a capacidade do lider em relacionar-se e mobilizar pessoas em direção a uma meta. Mas isto não deveria ser problema para este especialista em lidar com gente.
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Aprender ensinando: Mesmo sendo difícil para ele a tarefa de calcular, ele poderia tomar para si a respondabilidade de ensinar a quem não sabe alguns aspectos já dominados ou julgados de menor dificuldade. Ensinar o que se sabe, ou se está aprendendo, é muito eficaz para aprender. E neste caso ocorre na relação interpessoal. O ensino, é claro, não seria dirigido aos especialistas, mas aos que o lider se sentisse seguro. Por exemplo, um novo estagiário, ou talvez ajudar uma criança nos deveres de casa. Poderia mesmo, assumir a tarefa de coordenar algum sistema de educação continuada na empresa, onde poderia participar de aulas ou seminários nos quais o especialista escolhido teria o papel predominante. E assim, novamente, estaria lidando com pessoas, a sua força, agora tendo como efeito colateral desejado, o aprendizado das tarefas necessárias.
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Tratar os números como pessoas: A linguagem matemática é lógica, e nisto se afasta um pouco das pessoas; mas lida todo o tempo com relações. Como gerente, o lider está adicionando recursos para multiplicar a produção. Precisa evitar que tarefas excessivas e dificuldades de comunicação subtraiam da equipe a capacidade de atingir as metas desejadas. Precisa em algum nível, dividir tarefas e responsabilidades. Em geral, dada a competitividade do mercado, as equipes trabalham no limite onde cabe ao gerente equilibrar a relação entre recursos e metas de modo a maximizar a produtividade. E este trabalho se faz por aproximações sucessivas, ou iteração. Ao analisar o desempenho da equipe precisa extrapolar para poder prever ações futuras, mas do mesmo passo, precisa interpolar para identificar causas de picos ou vales de produção em desempenhos passados. O desempenho da equipe ou da empresa se avalia em séries numéricas frequentemente temporais. Note aqui, que intencionalmente usei termos da área matemática para fazer interfaces com eventos da vida diária na empresa. Iniciei com as quatro operações básicas da aritmética ampliando para noções mais complexas. Aprender matemática é em grande parte estudar as quantidades e suas relações. Neste nivel mais abstrato faz muitas interfaces com a gerência. Sim, não podemos tratar pessoas com números, já que elas não são. Mas podemos lidar com números como se eles fossem pessoas. Fazer isto não tornará o lider um exímio matemático, mas com certeza, fará com que o domínio das tarefas necessárias seja atingido com menos sofrimento.
E então, Leticia. Será que respondi?
Um abraço, e obrigado pela oportunidade de ensinar
algo relevante para você e provavelmente para outros.
Prof. Mauricio Peixoto
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eu queria saber o calculo e a resposta desse dever;para ganhar dez moedas renata tem que vencer um desafio arruma-las em 5 fileiras,comquatro moedas em cada fila
Te dou umas dicas:
1- Pense “fora do esquadro”. Isto é, abandone as respostas “normais” e esperáveis.
2- Maneje concretamente as moedas. Manipule-as, experimentando as diferentes disposições.
3- Superponha as filas, de modo a que haja moedas em comum entre as filas
O resto é por tua conta. Ok?
Prof. Mauricio Peixoto
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