Definições de Informação, Conhecimento, Compreensão e Sabedoria
Kochen, M.: Evolution of brainlike social organs.
In __ Information for action. From knowledge to wisdom.
New York. Academic Press, 1975, p 1-18
Estas provas não testam o conhecimento dos alunos!
Vocês compreenderam o que eu disse?
Estas e outras sentenças são frequentemente ouvidas em ambiente escolares. Como professores e alunos estamos quase sempre às voltas com as palavras Informação, Conhecimento, Compreensão e Sabedoria (esta última talvez nem tanto…). Mas em que medida entendemos realmento do que estamos falando. O texto de Kochen, é para mim de grande auxílio. Não só porque é claro, como também porque suas definições são operacionais, isto é, permitem que possamos agir metacognitivamente em nosso ensino e aprendizado. Por isto baseado nele, discutoi alguns aspectos que considero de relevância para o ensino e a aprendizagem.
Informação
Entre cientistas e engenheiros de comunicação refere-se à remoção da incerteza. Neste campo do saber, entende-se que qualquer mensagem contém informação e ruido. Ruido é tudo o que atrapalha a percepção da informação. Por exemplo se você fala ao telefone o que te interessa é a voz do interlocutor, mas às vezes ela está baixa demais ou distorcida. As vezes você a escuta de permeio à muitos outros barulhos. Isto tudo (e algumas outras coisas mais) é ruido. Por isto e receber informação não implica em que o receptor atribua qualquer significado à ela. Informação refere-se meramente a aquilo que resta após a remoção do ruido. Neste sentido então, ocorre quando o receptor não tem mais qualquer dúvida sobre o que foi transmitido. Mas repito, não significa que ele tenha entendido o seu significado.
Conhecimento
O conhecimento vai além da informação, no sentido de que esta é interpretada, processada de acordo com um ponto de vista específico.Nesta situação o receptor começa a atribuir algum significado à informação. De alguma forma implica alguma preparação para ações pertininentes à informação recebida. Mas aqui o indivíduo continua passivo, o conhecimento não determina nenhuma ação, apenas a facilita. Sabemos que um indivíduo tem conhecimento quendo ele consegue responder perguntas sobre o assunto.
Compreensão
A compreensão vai além do conhecimento. Ela reflete a consciência do indivíduo sobre três aspectos metacognitivos:
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O que ele sabe sobre o assunto.
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O que ele não sabe e precisa saber.
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Como se relaciona tudo o que ele sabe, não sabe e precisa saber.
Se as respostas de uma pessoa revelam o seu conhecimento. São as perguntas que indicam sua compreensão. Avaliar a compreensão de alguém, é analisar a percepção e profundidade de suas perguntas.
Aqui, naõ há ainda ação no seu sentido mais amplo. A pessoa é ainda passiva, embora tenha se aproximado ainda mais da ação e eventualmente possa tomar algumas decisões e em alguns casos agir.
Sabedoria
A sabedoria vai além da compreensão. Ela não só prepara o indivíduo como ainda o dirige e permite que a ação seja a mais adequada para a situação e que seja implementado no momento “certo”. E isto com base no seu conhecimento e compreensão do assunto.
Algumas outras definições podem ajudar:
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“O umbral do templo da sabedoria é o conhecimento de nossa própria ignorância.” (C. H. Spurgeon).
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“Sabedoria é o uso correto do conhecimento. Não há tolo maior que o tolo instuido. Mas saber usar o conhecimento é ter sabedoria.”(Greenberg, 1963).
Há ainda os que distinguem sabedoria de virtude, reservando sabedoria para “saber o que fazer em seguida” e virtude para a capacidade de realmente fazer.
Concluindo
Como professor, eu não estou interessado primáriamente em que meus alunos saibam. Minha preocupação principal é a transferência. Isto é, que eles possam aplicar o que ensino em suas vidas pessoais e profissionais. Como professor em nivel de graduação e pós-graduação entendo que isto é crítico (o quw não quer dizer que em outros níveis não o seja). Meus alunos, sendo da área da saúde, têm um objetivo profissional muito claro; cuidar de seres humanos.
Por isto atingir a sabedoria é um objetivo sempre desejado. E dentro dos limites das minhas disciplinas tento atingi-lo. Para isto, tenho alguns princípios norteadores, dentre os quais destaco cinco, os quais acho que podem ser úteis para outros:
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Fornecer informação e conhecimento apenas como meio para atingir um fim. Por isto a ênfase é na compreensão.
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Promover, sempre que possível, processos transferenciais por meio do diálogo, relato de experiências pessoais e contextualização do conteúdo apresentado nos ambientes profissionais dos alunos.
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Reduzir a transmissão de informação em benefício da experiência pessoal e prática dos conteudos sendo trabalhados.
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Enfatizar os aspectos humanos no contexto da apresentação dos conteúdos específicos.
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Finalmente, para que tudo isto possa acontecer chamo a atenção e estimulo o desenvolvimento da metacognição em meus alunos.
Fazer isto, para mim, torna ainda mais significativa a minha carreira docente.
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