Este é um termo criado por Faith Popcorn, para se referir ao ritmo frenético e à falta de tempo que forçam as pessoas a assumir vários papéis, a fim de lidar com a vida corrida e altamente tecnológica. Com isto as pessoas da atualidade sentem a necessidade de exercer diversos papéis e ter muitas responsabilidades. Este tipo de comportamento leva a pessoa a tentar economizar tempo com a utilização de emails, facebook, telefones celulares, tablets entre outros. Passam a querer fazer tudo rapidamente, exigindo resultados e satisfação imediatos. Abrem mão de muitas atividades tradicionais, e mais lentas, porém mais saudáveis; para fazer mais e mais. Comem em lanchonetes e restaurantes à quilo, onde há pressão para a rotatividade dos clientes e mal se dão conta disto. O noticiário se transforma em uma rápida sequência de pequenas notas informativas, de preferência com imagens e som e um mínimo de leitura. Elas sentem que precisam fazer tudo, saber de tudo, participar de tudo, e mais recentemente, expor tudo. No fundo é como se elas precisassem viver 99 vidas no espaço e tempo de uma só!
Do ponto de vista psicológico, este sentimento de “urgência” leva à ansiedade, insônia, dificuldade em memorizar o que é importante e mesmo a diferentes conflitos pessoais e profissionais. Há também problemas físicos associados. Por exemplo, úlceras, hipertensão, e muitas outras doenças ligadas ao stress, já que no fundo para viver 99 vidas, SÓ MESMO SENDO HERÓI!
E o herói é aquele que faz grandes coisas, salva vidas e é uma celebridade. No entanto, se sempre dependêssemos de um grande acontecimento na nossa vida para nos sentirmos preenchidos, possivelmente viveríamos grande parte dela com a sensação do não realizado, insatisfeitos. Ao contrário, são nas pequenas realizações do cotidiano que criamos o sentimento de estarmos plenos. O alimento que nos preenche reside no compromisso que assumimos a cada minuto do nosso dia, na realização de cada minitarefa necessária para atingirmos um objetivo maior.
Mas não é isto o que acaba acontecendo no mundo atual. Há uma busca por realizações e satisfações externas. Mas o verdadeiro ato heróico está dentro de nós. O verdadeiro ato heróico está naquele momento em que você pára e pensa: OK ! Missão cumprida. . .
E não importa o tamanho da missâo ou que ela seja grandiosa. Mas sim o significado que aquela missão representa naquele momento de sua vida.
Como diz Jung “quanto mais a vida de um homem é moldada pela norma coletiva, maior é sua imoralidade individual”. Por isto é que para lidar com estas situações, trabalho para que o paciente descubra e reconheça as suas verdadeiras motivações podendo assim construir metas pessoais em harmonia com o seu Eu interior. Utilizo técnicas que buscam trazer para a consciência conteúdos do mundo interno que traduzam a essência do paciente, assim como os fatores que no seu conjunto se organizaram para que ela estivesse oculta até o momento. Isto porque na verdade o paciente precisa se reconhecer como indivíduo. E embora considerando relevante o meio externo, é importante que, de forma saudável, ele se perceba diferenciado deste. Isto é, de forma bem resumida e simplificada, o que Jung chama de “individuação”.